Revista Iberoamericana de Educación /
Revista Ibero-americana de Educação vol. 85, núm. 2
(2021/15/03), pp. 95-118, isSn:
1022-6508 / isSne:
1681-5653 / https://doi.org/10.35362/rie8523794 Organización de Estados Iberoamericanos (OEI) / Organização de Estados Ibero-americanos
(OEI) Artículo
recibido / Artigo recebido:
10/02/2020; aceptado / aceite:
19/02/2021 |
Ensino de Física para pessoas com deficiência
visual: análise de trabalhos
apresentados em eventos científicos brasileiros entre
2013 e 2017
Physics teaching for visually impaired
people: analysis of studies presented at Brazilian scientific events from 2013
to 2017
Maxiwilian Sant’Ana
Polverini 1 ; Estéfano Vizconde Veraszto 1 ; José Tarcísio
Franco de Camargo 2 ; Brena Santana Zanzarini Nahum 1
1 Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar).2 Centro
Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL),Brasil
Resumo
Este trabalho
apresenta um estudo na área de Ensino de Física e Educação
Especial, tendo como foco o ensino
de Física para pessoas com deficiência visual. O estudo teve
como objetivo identificar, do ponto de vista didático,
se os artigos científicos apresentados
nos últimos cinco anos nos eventos científicos
brasileiros de Ensino de Física (EPEF e SNEF) e de Ensino de Ciências (ENPEC) estão de acordo com uma educação
verdadeiramente inclusiva. Para atender esse objetivo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas
atas e nos anais dos
eventos, disponíveis on-line, utilizando como técnica
de análise dos dados a Análise
de Conteúdo, mediante uma abordagem qualitativa. Os
resultados indicaram um
valor muito abaixo do
esperado comparado à quantidade de trabalhos analisados. Concluímos que estudantes de
licenciatura, professores da educação
básica e pesquisadores no Ensino
de Física devem rever suas práticas de ensino de modo a desenvolverem uma atividade educacional legitimamente
inclusiva.
Palavras-chave: ensino
de física; educação especial; educação
inclusiva; deficiência visual; eventos científicos.
Abstract
This paper presents a study in the
area of Physics Teaching and Special Education, focusing on Physics
teaching for visually impaired people. The study aimed to identify, from a
didactic point of view, if the scientific articles presented in the last five
years in the Brazilian scientific events of Physics Teaching (EPEF and SNEF)
and Science Teaching (ENPEC) are in agreement with a truly inclusive education.
To achieve this goal, a bibliographic research was made in the proceedings of
the events, available online, using as data analysis method the Content
Analysis technique, through a qualitative approach. The results indicated a
value much lower than expected compared to the amount of studies analyzed. We
conclude that undergraduate students, primary school teachers and researchers
in physics education should review their teaching practices in
order to develop a real inclusive educational activity.
Keywords:
physics teaching; special education; inclusive education; visual disability;
scientific events.
1. Introdução
O Censo Escolar de 2017 aponta
um aumento substancial de matrículas na educação básica de alunos, entre de 4 a 17 anos, com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas
habilidades. Do mesmo modo, foi constatado aumento de
matrículas de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) dessa faixa etária, passando
de 85,5%, em 2013, para 90,9%, em 2017. Além disso, o acesso ao atendimento educacional
especializado (AEE) também aumentou
de 35,2%, em 2013, para 40,1%, em 2017. Em contrapartida, o ensino
especial (segregado) diminuiu de 14,5%, em 2013, para
9,1%, em 2017. (Brasil, 2017).
Além
disso, também podemos citar o Censo Demográfico de 2010, realizado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o qual indica que 23,9%
da população brasileira possui algum tipo de deficiência, ou seja 45,6 milhões
de pessoas1.
Das modalidades de deficiência recenseadas (visual, auditiva, motora e mental
ou intelectual) a deficiência visual (DV) apresentou a maior ocorrência,
afetando 18,8% da população brasileira (Oliveira, 2012). O IBGE considerou três
graus de severidade, mediante a dificuldade permanente de enxergar: não
consegue de modo algum (0,3%), grande dificuldade (3,2%) e alguma dificuldade
(15,3%) (Andrés, 2014). São
dados confiáveis, que mostram
a dimensão da DV no país, mas não
apontam, com exatidão, quantos desses indivíduos estão em idade escolar, e
quais, em idade escolar, estão matriculados na educação básica ou superior.
De forma
paralela a essa realidade, é sabido que há algum tempo a perda de
interesse dos discentes pelas disciplinas de caráter científico tem preocupado
professores e influenciado pesquisas acadêmicas no Brasil e ao redor do mundo
(Carvalho & Sasseron, 2018; Carvalho & Gil-Pérez, 2011; Yamazaki,
Angotti & Delizoicov, 2017). É nesse âmbito que os primeiros desafios do ensino de física se apresentam. A falta de motivação para
se estudar conteúdos de física parece aumentar na medida que o aluno adentra o
Ensino Médio. Muito provavelmente esse fato está atrelado à criação de
paradigmas e preconceitos que têm se perpetuado ao longo do tempo. Por outro
lado, também é preciso considerar que muitas vezes essa falta de motivação, que
chega à rejeição, é fruto de um trabalho que vem sendo
desenvolvido há décadas dentro da sala de aula, onde a física (e as demais
ciências da natureza) é tratada de forma alheia à realidade do aluno (Gil-Pérez
& Vilches, 2005).
Assim, temos
consciência que ensinar
física não é tarefa fácil. E, dentro desse contexto, ensinar física
para o estudante com DV
torna-se ainda mais
desafiador, já que, além
das costumeiras dificuldades,
esse aluno geralmente se
depara com conteúdos
transmitidos a partir de forte apelo visual. Na busca por representar conceitos
e fenômenos, seja a partir
do uso de giz, lousa,
recursos digitais ou livros didáticos, docentes buscam apoio em gráficos,
diagramas, símbolos, fórmulas matemáticas, desenhos, imagens, entre outros, que são inacessíveis para o aluno com DV (Camargo, 2012; Veraszto,
Camargo, Camargo, Simon & Miranda, 2018a; Veraszto, Camargo, Camargo, Simon,
Yamaguti & Souza, 2018b).
Além disso,
também podemos apontar que
as interações dos(as) professores(as)
com os(as) alunos(as) com NEE e/ou deficiência
se ampliaram por meio da inclusão, o que pode originar as chamadas barreiras atitudinais (Amaral,
2002). Estas barreiras podem
estar presentes tanto nos professores quanto na comunidade
escolar, favorecendo dificuldades
para o processo de ensino e
aprendizagem desses alunos e podendo afetar a prática pedagógica do(a)
professor(a) sobre a inclusão.
Assim, dentro desse
panorama brevemente descrito, a presente pesquisa se configurou
a partir de um misto de preocupação
e interesse em averiguar como estudos
recentes têm proposto o ensino dos conteúdos da disciplina para pessoas
com DV, uma vez que a presença desses na sala de aula comum do ensino regular cresce a cada ano.
Desta forma, tomando como base artigos
científicos publicados nos eventos científicos nacionais
de Ensino de Física (EPEF e SNEF) e de Ensino de Ciências (ENPEC), no
período compreendido entre 2013-2017, esta pesquisa
se propõe a identificar como os trabalhos
tratam o Ensino de Física
para pessoas com DV em uma perspectiva realmente inclusiva, tomando como ponto de partida artigos que desenvolvem e/ou aplicam propostas para diferentes
processos de ensino-aprendizagem.
2. Desenvolvimento teórico
Incialmente
é
importante enfatizar que existem categorias que conceituam a DV e,
diferentemente do que supõe o senso comum, o termo em si não se restringe somente
às pessoas cegas. De acordo com o Decreto 5.296 (Brasil, 2004), duas categorias
são estabelecidas: os cegos e os que possuem baixa visão. Assim, cega é a
pessoa cuja acuidade visual, no melhor olho, e com a melhor correção óptica, é
menor que 20/400 (0,05), ou seja, essa pessoa vê a 20m aquilo que uma pessoa de
visão comum veria à 400m de distância. Desta maneira, pessoas com acuidade
visual menor que a citada, são consideradas cegas
mesmo que sejam capazes de
ver vultos ou resquícios de imagem. É considerado com baixa
visão todo indivíduo cuja acuidade visual, no melhor olho, e com a melhor
correção óptica, é menor que 20/70 (0,3) e maior que 20/400 (0,05), ou ainda,
os casos onde a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual
ou menor que 60º, ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições
anteriores (Camargo, 2012, 2016a, 2016b). Além disso, diferentes tipos de DV,
abordadas do ponto de vista do diagnóstico clínico, sinalizam a presença de
algum elemento patogênico no organismo.
Não obstante, a DV é um fenômeno mais
complexo e não pode ser simplesmente
atribuída a uma
característica inerente ao indivíduo. Condições de desvantagem e limitações de pessoas com DV em contextos sociais, como o educacional, não devem ser entendidas como decorrentes
exclusivamente de fatores físicos. A desvantagem só existe a partir do momento que os atributos prejudicados são tidos como prioritários para interação do indivíduo como o meio social (Camargo, 2016a; Omote,
1986; Veraszto et al., 2018a).
Assim, a DV deve
ser entendida como algo a mais do que um déficit orgânico sensorial. A
DV é também um fenômeno social, pois implica em
determinadas formas inadequadas de perceber, agir e pensar frente a deficiência, gerando julgamentos, atitudes e preconceitos que refratam
negativamente o modo de vida dessas pessoas, em vários contextos e diferentes espaços. Esse prejulgamento cultural, gerido pela sociedade vidente,
vinculado a valores e crenças, desenvolve
práticas sociais inadequadas que dificultam o indivíduo com DV a realizar
tarefas comuns e cotidianas (Camargo, 2008, 2016a; Vigotski, 1997; Nuernberg, 2008; Veraszto, Camargo, Camargo, Simon,
Yamaguti & Souza, 2018).
2.1 Educação inclusiva: a escola para todos
A educação
inclusiva, considerando discentes com NEE, atravessou um longo percurso até a garantia atual do direito a uma educação equânime.
De forma resumida, podemos apontar que mudanças começaram a ser
delineadas a partir da promulgação da Constituição Federal, em 1988, ao
estabelecer no Art. 206, Inciso I, igualdade de condições para o acesso e permanência na escola (Brasil,
1988) e no Art. 208, Inciso III, atendimento
educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na
rede regular de ensino (Brasil, 1988). Além disso, foi
também com o artigo 58 da
LDB, que a educação escolar de educandos com deficiência começou a ter oferta prevista, preferencialmente, no ensino regular (Brasil, 1996). Assim,
o foco da atmendonenção não
deveria mais recair isoladamente no aluno (e suas peculiaridades), mas também
em todo o ambiente que o envolve (Mendes,
2006). Nesta perspectiva, começou
a ser traçada a ideia de
que a educação inclusiva deveria
oferecer um modelo de ensino para congregar todos os estudantes,
com e sem NEE, no contexto
escolar, mediante a construção de uma
abordagem pedagógica consciente da diversidade humana, tendo a diferença como ponto de partida
(Camargo, 2008, 2012). Essa mudança
de perspectiva educacional implica em substituir o conceito
de igualdade (ou homogeneização), pelo conceito de
equidade. Em linhas gerais, a igualdade trata todo
mundo igual. E nem todos são
iguais. E, a equidade,
prima por um tratamento
justo e imparcial, considerando as particularidades e
necessidades de cada caso.
2.2 Autonomia
A
educação tem a função primordial de emancipação do homem para a prática da
condição humana, de modo a determinar plenamente sua própria vida, considerando
as estruturas sociais nas quais está inserido. Essa característica deve se
destinar a alunos com ou sem DV, garantindo a liberdade do pensamento, na
medida que leva a pessoa a conceber, fantasiar, imaginar, decidir e à
capacidade de realizar alguma ação livremente (Zatti, 2007). Nessa perspectiva,
a atividade educacional precisa estimular e/ou favorecer o estudante com ou sem
DV a ter posicionamentos independentes, favorecendo o pensamento e ação
individual, quando necessário, proporcionando condições para o desenvolvimento
do senso crítico.
2.3 Comunicação interpessoal
Em um processo de comunicação interpessoal, ocorre uma relação entre o emissor e o receptor, na qual o primeiro veicula intencionalmente uma mensagem para o segundo, com a finalidade de compartilhar
significados sobre determinado objetivo, informação, ideia ou mensagem.
Neste sentido, a comunicação
representa o fator essencial para que a inclusão ocorra de forma efetiva, garantindo participação do aluno DV (Camargo, Nardi
& Correia, 2010; Camargo, 2012, 2016). Deste
modo, atividades educacionais
devem priorizar contextos comunicacionais
que favoreçam a interação
entre alunos com DV,
videntes e professor, de modo a intercalar momentos
de discussão e exposição de
ideias entre os participantes, com
momentos de apresentação das ideias
aceitas cientificamente (realizada
pelo professor).
2.4 Multisensorialidade
Uma das principais
formas que possibilita diminuir
barreiras comunicacionais
de pessoas com DV é a utilização do Sistema Braille (ou
Código Braille). Trata-se do recurso destinado à leitura
e escrita em relevo mais adotado
no mundo, sendo composto também
por representações dos símbolos matemáticos,
químicos, musicais, etc. (Brasil, 2002). Contudo, apesar da sua relevância, nem todas as pessoas
com DV o utilizam, seja pela impossibilidade de
desenvolver a habilidade tátil
essencial para esse tipo de
leitura, ou porque não possuem essa
capacidade em decorrência
de problemas de saúde nas mãos. Assim, para que as diferenças entre todas as pessoas sejam respeitadas
e o acesso à informação garantido,
a adoção de recursos multissensoriais,
concomitante com contextos comunicacionais
adequados, pode ser uma
alternativa promissora (Torres, Mazzoni
& Mello, 2007).
3. Metodologia
Este trabalho, de abordagem qualitativa, utiliza pressupostos de pesquisa exploratória
e bibliográfica. Como pesquisa exploratória, não encontrando precedentes, mapeou
trabalhos destinados ao ensino de física para alunos com DV, explorando o objetivo
original. Assim, buscamos compreender
os vários aspectos do fenômeno
estudado com o intuito de
tornar o problema mais familiar e descritivo,
uma vez que se descreveram
as características de dada população ou fenômeno (Richardson, Peres, Wanderley, Correia & Peres, 2012; Gil, 2017). Também
se configura como pesquisa bibliográfica, considerando que delineou
o estado da arte da temática estudada, dentro de
período temporal especificado (Marconi & Lakatos, 2017). Neste sentido, com o intuito
buscar melhor entendimento
da produção atual acerca do
ensino de Física para DV em caráter
nacional, optou-se por analisar
os trabalhos apresentados
em eventos científicos nacionais de Ensino de Física e de Ensino de Ciências, no período compreendido
entre 2013-2017.
A escolha dos
eventos foi feita,
considerando que os mesmos refletem tendências atuais de pesquisa na área. Assim, os trabalhos analisados foram selecionados a partir dos anais, disponíveis em formato
online, dos seguintes eventos: as edições
de 2014 e 2016 do Encontro de Pesquisa em Ensino de Física (XV EPEF e XVI EPEF)2; as edições de 2013, 2015 e 2017 do Simpósio
Nacional de Ensino de Física (XX SNEF, XXI SNEF e
XXII SNEF) e as edições de 2013, 2015 e 2017 do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação
em Ciências (IX ENPEC, X ENPEC XI ENPEC).
Os levantamentos foram realizados manualmente, sem
utilização de campos de busca, de modo a não restringir a pesquisa somente
pela utilização de palavras-chaves
pré-determinadas. No processo,
buscou-se uma aproximação do tema em estudo: artigos com títulos que se afastavam da proposta da pesquisa
foram prontamente descartados. Contudo,
houve a preocupação em
verificar a clareza dos demais, a partir de leitura inicial do resumo e das palavras-chaves. A partir dessa triagem inicial, foram separados
74 artigos (tabela 1).
Tabela 1. Trabalhos
encontrados dentro da temática.
Evento |
EPEF |
SNEF |
ENPEC |
|||||
Ano |
2014 |
2016 |
2013 |
2015 |
2017 |
2013 |
2015 |
2017 |
Nº de trabalhos |
4 |
3 |
10 |
8 |
22 |
8 |
11 |
8 |
Fonte: elaborado pelos autores.
Foram utilizadas técnicas de Análise de Conteúdo (Bardin, 2011) para análise dos artigos. O procedimento de análise foi dividido em:
•
Organização da Análise: a partir: [a] pré-análise,
com leitura flutuante e organização do
material constituído, para início
do processo de categorização;
[b] exploração do material, sistematizando as decisões tomadas, [c] tratamento
dos resultados e interpretação, buscando relações e agrupamentos por semelhanças.
•
Codificação: tratamento
do material a partir da fundamentação teórica,
buscando a transformação dos dados brutos, segundo escolhas das unidades, que auxiliaram
agregar as informações, enumerando-as a partir de regras de contagem.
•
Categorização: realização
da classificação final dos dados por diferenciação e agrupamento em
torno de critérios previamente estabelecidos
(categorias emergentes da fundamentação
teórica, no caso deste trabalho
(Bardin, 2011).
• Inferência e interpretação: onde foram apresentadas as discussões
relativas às categorias constituídas.
4. Análise dos dados
Após a
leitura dos artigos científicos foi constatado que vários trabalhos
abordavam diferentes processos de ensino-aprendizagem de Física para alunos com
DV: concepções espontâneas de licenciandos, situações enfrentadas por
licenciandos com DV na universidade; investigações baseadas em conferir a
qualidade das escolas e professores diante da realidade da educação inclusiva
de alunos com DV. Considerando essa diversidade dentro da mesma temática, a
delimitação da análise centrou esforços em trabalhos relacionados
especificamente com o ensino. Assim, o corpus da pesquisa foi formado
por 38 trabalhos, distribuídos conforme tabela 2.
Tabela
2. Corpus da
pesquisa.
Evento |
EPEF |
SNEF |
ENPEC |
|||||
Ano |
2014 |
2016 |
2013 |
2015 |
2017 |
2013 |
2015 |
2017 |
Trabalhos selecionados |
2 |
0 |
9 |
5 |
11 |
3 |
4 |
4 |
Fonte: elaborado pelos autores.
Após definido o corpus
da pesquisa, para viabilizar a escrita dos resultados e análise,
os trabalhos foram classificados da seguinte forma: nomearam-se os artigos com a primeira inicial do nome do evento científico (com exceção do EPEF, onde foram
usadas as duas letras iniciais)
com o respectivo ano de ocorrência
na sequência. Exemplo: um artigo apresentado no SNEF de 2013 ficou
classificado como S13. Para diferenciar os artigos em um mesmo evento de
determinado ano, utilizaram-se os numerais
cardinais (S13-1, S13-2, S13-3, etc.). A tabela 3 apresenta a classificação dos artigos, suprimindo a autoria.
Tabela 3. Classificação dos artigos.
Evento |
N |
Título do artigo |
EPEF
2014 |
EP14-1 |
Experimento
com realidade virtual e aumentada e o ensino de física
para alunos com pouca ou nenhuma
visão |
EP14-2 |
Neurociência cognitiva no processo de aprendizagem de alunos com deficiência
visual: desenvolvimento de experimento com fluidos para o ensino de
física |
|
SNEF
2013 |
S13-1 |
Material
didático para o ensino de
física inclusivo: exemplo de uma
sequência didática para a
abordagem de conceitos da
eletrodinâmica |
S13-2 |
Experimentos
de ótica com laser para alunos
com deficiência visual |
|
S13-3 |
Introdução a ondulatória
para alunos deficientes visuais |
|
S13-4 |
Ensino de física e deficiência
visual: relato de uma experiência
em aulas de eletrostática |
|
S13-5 |
Ensino de física ondulatória
para alunos com deficiência visual: proposta de
material didático |
|
S13-6 |
Ensinando geocentrismo e heliocentrismo para alunos
deficientes visuais: uma proposta didática à luz da teoria dos modelos mentais |
|
S13-7 |
Física
divertida na educação
inclusiva |
|
S13-8 |
O ensino da física para a educação
inclusiva: relato de um experimento com deficiente visual |
|
S13-9 |
Experimentos
com realidade virtual e aumentada e o ensino de física
para alunos com nenhuma ou pouca
visão |
|
SNEF
2015 |
S15-1 |
O ensino de física para alunos com deficiência visual na educação de jovens e adultos da rede pública estadual de minas gerais |
S15-2 |
Uma abordagem do efeito doppler para alunos com deficiência
visual |
|
S15-3 |
Concepções espontâneas
sobre a educação de jovens
e adultos e a física térmica: um ensaio experimental com o ensino participativo para alunos
com deficiências |
|
S15-4 |
Inclusão no ensino
de física: atividade sobre associação
de resistores para alunos com
e sem deficiência visual |
|
S15-5 |
Auxiliando
o ensino de astronomia
para deficientes visuais através
da aplicação de um
experimento tátil |
|
SNEF
2017 |
S17-1 |
Propostas de atividades
de cinemática para deficientes visuais aplicada no colégio pedro ii pelo grupo do pibid/ufrj – fisica |
S17-2 |
Conceituação de equilíbrio
estático utilizando maquete tátil-visual |
|
S17-3 |
Vivendo num mundo sem luz |
|
S17-4 |
Construção de maquetes no contexto da deficiência visual: possibilidade
para o ensino de temas de astronomia
no ensino fundamental ii |
|
S17-5 |
Espaços não formais de aprendizado e o ensino de física para alunos com baixa visão
ou cegueira |
|
S17-6 |
Desenvolvimento e aplicação
de uma maquete sobre as leis
de Kepler para inclusão de alunos
com deficiência visual no
ensino de física |
|
S17-7 |
Uso da audiodescrição como uma ferramenta de ensino no ensino de ciências exatas |
|
S17-8 |
Lei de hooke: uma proposta de ação pedagógica para a inclusão
educacional de alunos com
necessidades educacionais
especiais visuais |
|
S17-9 |
Ensino de ondas para estudantes
com e sem deficiência visual da Educação
de Jovens e Adultos - EJA - com
materiais concretos e de baixo
custo. |
|
S17-10 |
Inscrições didáticas
adaptadas para estudantes cegos:
exemplo em uma unidade didática de circuitos elétricos |
|
S17-11 |
Acessibilidade no ensino
de física |
|
ENPEC
2013 |
E13-1 |
Formação de professores
de Física inclusivistas: interdisciplinaridade
por si... |
E13-2 |
Representação de diagramas do livro didático de física: Uma Proposta para a Melhoria da Autonomia de Estudantes com Deficiência Visual |
|
E13-3 |
Linguagem latex
vs. Linguagem matemática convencional – Diminuindo barreiras para o acesso de alunos com deficiência visual a textos
de Ensino de Física por meio
do computador |
|
ENPEC
2015 |
E15-1 |
Acessibilidade para estudantes
cegos e baixa visão: uma análise
dos objetos educacionais digitais
do Programa Nacional do Livro Didático
de Física |
E15-2 |
Proposta de construção
de uma aula inclusiva de Física sobre o tema Energia |
|
E15-3 |
A experimentação com cegos e videntes nos anos iniciais
do ensino fundamental |
|
E15-4 |
Diversificação Sensorial nas Aulas de Física em Escolas
Regulares: Planejamento de Atividades
Para Todos os Alunos |
|
ENPEC
2017 |
E17-1 |
Formação inicial de professores de física inclusivistas |
E17-2 |
Concepções das pessoas
com deficiência visual
sobre a Lua para produção
de um material paradidático
adaptado. |
|
E17-3 |
Quando a cor é uma vibração em uma corda: buscando invariantes
operatórios utilizados por estudantes
cegos na interação com objetos físicos |
|
E17-4 |
A elaboração de recursos didáticos
para o ensino de Astronomia
para deficientes visuais |
Fonte: elaborado pelos autores.
A partir da leitura
minuciosa, os trabalhos foram
organizados, classificados, ordenados e categorizados, mediante aproximação
dos resultados com a fundamentação
teórica, conforme descrito na metodologia.
Todavia, como também já fora apontado,
categorias e subcategorias nasceram da fundamentação teórica
e foram organizadas segundo a tabela
4.
Tabela 4. Categorias e subcategorias de análise.
Categoria |
Subcategoria |
||
C1 |
Participantes
da Atividade Educacional |
C1.1 |
Alunos são apenas alunos |
C1.2 |
Alunos com deficiência visual |
||
C2 |
Participação Efetiva |
C.2.1 |
Autonomia |
C.2.2 |
Interação social/Comunicação
interpessoal |
||
C3 |
Recursos
de Acesso |
C3.1 |
Multissensoriais |
C3.2 |
Não visuais |
Fonte: elaborado pelos autores.
Antes de prosseguir
e apresentar resultados e discussões
para cada categoria e subcategoria,
é preciso apontar que os trabalhos
analisados foram
sintetizados de forma a oferecer uma
visão geral de como a categorização se organizou. Dessa forma, nos antecedemos com
o resumo do resultado da categorização, buscando
mostrar a organização das pesquisas, por categorias, na tabela 5.
Tabela 5. Classificação dos artigos científicos no período de 2013-2017
Categoria |
Subcategoria |
EPEF |
SNEF |
ENPEC |
C1 |
C1.1 |
EP14-2 |
S13-3; S15-1; S15-3; S15-4; S17-1;
S17-2; S17-3; S17-4; S17-7; S17-8; S17-9 |
E13-1;
E15-1; E15-2; E15-3; E15-4; E17-1 |
C1.2 |
EP14-1 |
S13-1; S13-2; S13-4; S13-5; S13-6;
S13-7; S13-8; S13-9; S15-2; S15-5; S17-5; S17-6; S17-10; S17-11 |
E13-2;
E13-3; E17-2; E17-3; E17-4 |
|
C2 |
C.2.1 |
EP14-1;
EP14-2 |
S13-1; S13-2; S13-3; S13-4; S13-6;
S13-7; S13-8; S13-9; S15-1; S15-2; S15-3; S15-4; S15-5; S17-1; S17-2; S17-3; S17-4;
S17-5; S17-6; S17-7; S17-8; S17-9; S17-10; S17-11 |
E13-2;
E13-3; E15-1; E15-2; E15-3; E17-2; E17-3; E17-4 |
C.2.2 |
EP14-1;
EP14-2 |
S13-4; S13-6; S13-7; S13-8; S15-1;
S15-3; S15-4; S15-5; S17-1; S17-5; S17-6; S17-7; S17-8; S17-9 |
E13-2;
E15-1; E15-2; E15-3; E17-2; E17-3 |
|
C3 |
C3.1 |
EP14-1 |
S13-1; S13-3; S13-4; S13-6; S13-9;
S15-1; S15-2; S15-4; S17-1; S17-2; S17-3; S17-4; S17-7; S17-8; S17-9 |
E13-1;
E15-1; E15-2; E15-3; E15-4; E17-1; E17-2; E17-3 |
C3.2 |
EP14-2 |
S13-2; S13-5; S13-7; S13-8; S15-3;
S15-5; S17-5; S17-6; S17-10; S17-11 |
E13-2;
E13-3; E17-4 |
Fonte: elaborado pelos autores.
Considerando essa distribuição, a explicitação que
será apresentada na sequência mostra a relação íntima de cada categoria
e subcategoria com o quadro teórico esboçado
anteriormente.
4.1 Participantes da atividade educacional
Analisando os trabalhos,
percebemos que, dos 38 artigos
científicos que constituíram o corpus
de pesquisa, 20 propuseram atividades
apenas destinadas a alunos com
DV. Assim, logo de início foi possível perceber
que processos inclusivos não
estavam presentes, de fato, nos artigos
e respectivas propostas. Por isso,
foi necessário dividir a categoria em 2 subcategorias construídas a partir dos perfis
de alunos componentes da atividade
educacional planejada e/ou
aplicada em cada trabalho: Alunos são
apenas alunos e Alunos com
deficiência visual.
Alunos são
apenas alunos
Esta subcategoria foi concebida a partir de pressupostos
inclusivos que partem da ideia
de que todo aluno deve ser participante do processo educacional. Refere-se aos artigos científicos que desenvolveram ou propuseram procedimentos de ensino com diferentes perfis de alunos, ou seja, a situação
didática não se restringiu apenas aos discentes com DV. A escolha do nome dessa subcategoria
refere-se a ideia de
Camargo (2012), na qual o
aluno com DV deve ser
encarado como um aluno comum
do ensino regular, pois a
única diferença é que estes
possuem restrições (total ou parciais) para captar a informação visual do ambiente. Apesar
da diferença de percepção
visual existente entre alunos com
e sem DV, estes artigos científicos buscaram propor atividades conjuntas entre
esses alunos de forma a abranger em um mesmo contexto
todos alunos simultaneamente.
Considerando que o intuito deste
trabalho não é realizar análise profunda das metodologias
utilizadas, mas sim deixar
claro que diferentes percepções foram
abordadas por meio de uma
mesma proposta de trabalho
(com exceção de EP14-2 e
S15-3), é possível destacar que os trabalhos que fazem parte desta categoria (tabela 5), desenvolveram propostas com diferentes perfis de alunos (com e sem DV), mediante utilização de recursos de acesso multissensoriais.
Assim, os trabalhos
que compõem essa categoria tiveram a finalidade de proporcionar um aprendizado para todos e todas, sem prejuízo de conteúdo para qualquer que fosse o aluno. Essas pesquisas mostram uma aproximação
do discurso teórico da inclusão com
a prática que efetivamente
se espera dela, pois propõem oportunidades iguais de acesso a todos os alunos.
Alunos com
deficiência visual
Os artigos que compõem essa subcategoria
utilizaram somente uma forma de percepção não visual para a atividade didática (ou apenas o tato ou apenas a audição). Essa informação mostra que, se por um lado, houve a preocupação de evitar a dependência da visão nas atividades, considerando o
aluno DV como público-alvo, por outro
lado a visão muitas vezes foi “excluída”
do processo. Assim, a oportunidade de compreensão de um determinado fenômeno (ou conceito) sob
diferentes aspectos sensoriais prejudica
não só o aluno com DV, que não enxerga, como pode prejudicar o
vidente presente na sala de aula, ao
entrar em contato com uma atividade de ensino que exclui o sentido da visão do planejamento da proposta.
Temos como exemplo
o artigo S13-8, que, ao propor
atividades relacionadas a termologia,
estipula “No experimento o aluno deve utilizar apenas
as mãos para interagir com os objetos, sem poder visualizá-los” (Oliveira, Dias & Libardi,
2013, p. 6). Considerando esse trecho que caracteriza
muito bem a proposta, é possível perceber que não houve preocupação em aproveitar estímulos visuais na configuração da atividade. Isso pode ser prejudicial para alunos videntes
e também para alunos com baixa visão.
E, mesmo que o aluno vidente não seja
prejudicado, já que poderá usar outros sentidos para vir a aprender, a ausência de
estímulos visuais não é desejável em uma atividade que preza pela inclusão, buscando opções multissensoriais para os diferentes processos
de ensino e aprendizagem.
De forma contrária, temos o artigo E17-3, que propôs
de modo inteligente e engenhoso uma
correlação entre cores e sons, por meio das vibrações e espessuras das cordas de guitarra, fixadas em uma maquete, que simulam a refração de um raio de luz em um prisma, trabalhando assim as propriedades
das ondas por meio da audição
(cordas de guitarra) e do tato. É fato que, caso algum cego participe do processo, a percepção visual da cor não será possível
de detectar. Todavia, a noção
de cor, enquanto onda, poderá ser trabalhada de forma
equivalente à que se trabalha com
qualquer aluno.
Também identificamos que metade dos trabalhos que desenvolveram recursos multissensoriais,
utilizaram o sentido da visão
(S13-1, S13-4, S15-2 e E17-2), mas foram aplicados somente com alunos
com DV, desperdiçando a oportunidade de agregarem alunos videntes em uma proposta realmente inclusiva.
De toda forma, entendemos que todos esses trabalhos tiveram como propósito prático e
teórico uma busca por respostas
diante do desafio de ensinar conceitos físicos para alunos com DV. São propostas originais, que buscaram contribuir para o processo
de ensino de física para alunos
com DV, sem deixar de mencionar aspirações
futuras de que uma educação
realmente inclusiva venha de fato a acontecer.
4.2 Participação efetiva
Essa categoria
expressa a concepção de que
o educando com DV, independente do grupo em que esteja inserido, tenha envolvimento na atividade educacional proposta, ou desenvolvida, de forma atuante, explorando com objetividade e protagonismo os conceitos
físicos que estão sendo ensinados ou sugeridos. O conceito chave dessa categoria aponta para a ideia de que os alunos devem ser considerados (entre suas
especificidades) de forma equânime: a participação concreta em uma atividade educacional é desejável
em qualquer contexto didático,
independentemente se ocorre
com alunos com ou sem
DV (Camargo, 2012). Essa categoria,
em função das características dos trabalhos
investigados, também foi
dividida em 2 subcategorias: Autonomia e Comunicação Interpessoal
(ou Interação Social).
Autonomia
Essa
subcategoria expressa a concepção de que o educando com DV tenha envolvimento
na atividade educacional proposta ou desenvolvida nos artigos científicos de
forma atuante, podendo explorar com objetividade e protagonismo os conceitos
físicos que estão sendo ensinados ou sugeridos. Assim, considerando essa
perspectiva, diante dos trabalhos investigados, essa subcategoria verificou se
a atividade educacional (proposta ou aplicada) buscou estimular no estudante
com DV o pensamento, a ação individual e o senso crítico, lidando com a
informação transmitida de forma independente para desenvolvimento e compreensão
dos conteúdos da disciplina. Nesse sentido, conforme aponta os dados
organizados na tabela 5, apenas 4 artigos científicos do corpus
da pesquisa não foram qualificados nesta subcategoria (S13-5, E13-1, E15-4 e
E17-1), oferecendo, assim, a informação de uma preocupação constante desses
trabalhos em relação à questão da autonomia.
Comunicação Interpessoal
(ou Interação Social)
Essa
subcategoria fundamenta-se no padrão discursivo interativo/dialógico de Camargo
(2012) e expressa a ideia de que a atividade educacional deve possibilitar ao
estudante com DV a troca de informações (ideias, dúvidas, questões,
posicionamentos etc.) sobre os temas abordados entre seus colegas e/ou
professor. Comparada com a subcategoria Autonomia (34 trabalhos
classificados), conforme evidencia a tabela 5, o número de trabalhos nesta
subcategoria é menor (22 trabalhos classificados). Não obstante, pode ter
ocorrido nos trabalhos analisados uma falta de preocupação dos autores em
evidenciar situações de comunicação interpessoal (ou interação social). Mas
essa colocação é apenas uma hipótese, já que não é possível concluir, de acordo
como as metodologias apresentadas nos trabalhos, que essa possibilidade poderia
vir ser (ou não) considerada. Os quatro trabalhos anteriormente mencionados
(S13-5, E13-1, E15-4 e E17-1), que não obtiveram classificação na subcategoria Autonomia, também não foram
classificados nesta subcategoria. Isso implica uma dependência da presença da Comunicação
Interpessoal (ou Interação Social) entre os
participantes das propostas didáticas para que os trabalhos fossem
classificados com uma participação
efetiva, uma vez que a categoria é definida na coexistência das
duas subcategorias.
4.3 Recursos de acesso
Dando continuidade ao raciocínio apresentado
na categoria anterior, salientamos que a veiculação da informação não ocorre somente por meio da interação social. A acessibilidade, principalmente por parte de alunos com DV, também depende de outras formas
de percepção, que podem ocorrer pela utilização de materiais específicos que permitam
o processamento de informações
relevantes, o que é fundamental para a efetivação do processo comunicacional. Assim, essa categoria foi configurada considerando todos os meios
e recursos materiais utilizados pelo professor e pelos alunos para a organização e condução metódica
do processo de ensino-aprendizagem.
Neste sentido, esta categoria
agrega trabalhos que se preocuparam
em promover procedimentos relacionados às outras vias
sensoriais (tato, audição e
olfato) para que as informações possam
vir a ser acessíveis aos discentes com DV.
Para a classificação
das propostas, foram
considerados os sentidos perceptivos presentes na elaboração da atividade. Assim, a tabela 6 classifica os trabalhos em relação à utilização de percepção sensorial, configurando-se como
recursos
de acesso nos trabalhos
investigados.
Tabela 6. Sentidos
utilizados por meio dos recursos.
Artigos científicos |
Sentidos |
Artigos científicos |
Sentidos |
|
EP14-1 |
audição; tato |
S17-4 |
tato; visão |
|
EP14-2 |
tato |
S17-5 |
tato |
|
S13-1 |
audição; tato; visão |
S17-6 |
tato |
|
S13-2 |
tato |
S17-7 |
audição; tato; visão |
|
S13-3 |
tato; visão |
S17-8 |
tato; visão |
|
S13-4 |
tato; visão |
S17-9 |
audição; tato; visão |
|
S13-5 |
tato |
S17-10 |
tato |
|
S13-6 |
audição; tato |
S17-11 |
tato |
|
S13-7 |
tato |
E13-1 |
audição; tato; visão |
|
S13-8 |
tato |
E13-2 |
tato |
|
S13-9 |
audição; tato |
E13-3 |
audição |
|
S15-1 |
audição; tato; visão |
E15-1 |
audição; tato; visão |
|
S15-2 |
tato; visão |
E15-2 |
audição; tato; visão |
|
S15-3 |
tato |
E15-3 |
olfato;
tato; visão |
|
S15-4 |
audição; tato; visão |
E15-4 |
tato; visão |
|
S15-5 |
tato |
E17-1 |
audição; visão |
|
S17-1 |
tato; visão |
E17-2 |
tato; visão |
|
S17-2 |
tato; visão |
E17-3 |
audição; tato |
|
S17-3 |
tato; visão |
E17-4 |
tato |
Fonte: elaborado pelos autores.
O sentido do tato, conforme tabela 8, foi o mais utilizado entre os artigos
científicos, exceção feita
apenas para E13-3 (audição) e E17-1 (audição e visão). Diversas maneiras foram utilizadas para
explorar esse sentido, entre os mais
utilizados, destacam-se alguns
exemplos:
a) Material em relevo: S13-5 desenvolveu
representações da reflexão,
difração e interferência
das ondas, assim como a experiência
de Young; E13-2 elaborou um
glossário de símbolos representando objetos comumente utilizados nos exercícios
de Mecânica: roldanas, cordas,
blocos, vetores, etc.
b) Material ampliado e
miniaturizado: S13-4 desenvolveu modelos tridimensionais
das cargas positivas e
negativas com suas linhas de campo.
c) Texturas diferenciadas para ressaltar partes de um todo: S15-2 desenvolveu
uma representação do
espectro de emissão do Hidrogênio
para explicar o efeito Doppler.
d) Sensações
térmicas: S15-3 desenvolveu a experiência dos três baldes de Locke para discussão
de conceitos relacionados a temperatura e calor;
e) Sistema braile: E15-2 desenvolveu
um jogo chamado “Jogo das Usinas”, que consiste em um
conjunto de 12 cartões escritos em tinta e em braile (e dois
dados com os números em relevo) com
questões relacionadas às
usinas termelétricas e hidrelétricas.
Na tabela
6 verificamos que o sentido da visão (segundo lugar na classificação) esteve presente em 20 trabalhos, sendo mais utilizada com o tato (recurso tátil-visual)
do que com a audição
(recurso audiovisual). A audição, em terceiro lugar, esteve presente
em 13 trabalhos, sendo
utilizada unicamente com o
tato nos artigos EP14-1, S13-6, S13-9 e E17-3, e de
forma isolada no artigo E13-3. Por último, tivemos o olfato, utilizado, em conjunto com os demais sentidos (trabalho E15-3).
O sentido do paladar não foi
verificado em nenhum dos trabalhos.
A exemplo das duas outras categorias, a categoria Recursos de Acesso
foi dividida também em 2 subcategorias (Multissensoriais e Recursos Não
Visuais) que serão
apresentadas a seguir.
Multissensoriais
Essa
subcategoria faz referência aos trabalhos que utilizaram recursos de acesso
considerando a veiculação da informação por meio de diferentes sentidos. Ao nos
atentarmos à tabela ٦, verificamos que alguns trabalhos analisados
utilizam mais de 2 sentidos na elaboração da proposta. Nesse caso, esses
trabalhos são considerados com sendo multissensoriais (estamos considerando, no
mínimo, 2 sentidos sensoriais que não sejam a visão). No total, 24 artigos
científicos buscaram desenvolver diferentes formas de transmissão da
informação, considerando aspectos multissensoriais. Recursos multissensoriais
são capazes de unificar experiências, abrindo canais de comunicação entre alunos
com e sem DV, e contribuindo para que discussões acerca do fenômeno estudado se
tornem mais proveitosas, aumentando a possibilidade de Comunicação
Interpessoal (Anjos, 2011; Camargo, 2008, 2011).
Não visuais
Essa subcategoria
faz referência aos trabalhos que utilizaram recursos
de acesso considerando a veiculação
da informação apenas por um
estímulo não visual. Dos 14 trabalhos
classificados nesta subcategoria, 13 utilizaram o
sentido do tato e somente 1 o sentido da audição (E13-3) como forma de transmissão
da informação (tabela 6).
Algo que
sempre é importante lembrar consiste no fato de que o discente com DV possui,
geralmente, os outros sentidos inalterados como qualquer pessoa. Apesar da
capacidade de obtenção e processamento da informação pelo tato, essa não é a
única maneira de construção do conhecimento (diversos fenômenos estudados na física corroboram
essa afirmação). Dessa forma, propostas de atividades educacionais que
utilizam apenas o tato (ou apenas um sentido) poderiam ser mais bem aproveitadas
se planejadas com a utilização, em conjunto, de outros canais sensoriais.
5. Discussão dos resultados: a busca por trabalhos
inclusivos
Diante os
argumentos expostos nas análises e discussões das categorias/subcategorias,
considera-se, portanto, verdadeiramente inclusivo, o artigo científico
classificado simultaneamente nas subcategorias: Alunos são apenas alunos (C1.1),
Autonomia (C2.1), Interação social/Comunicação interpessoal
(C2.2) e Multissensoriais (C3.1). Cada uma dessas
subcategorias atua como uma diretriz da educação inclusiva. A presença de forma concomitante de todas essas características em
um mesmo projeto ou atividade proporciona, de fato, uma educação inclusiva
legítima. Nesse sentido, a tabela 7 apresenta a classificação das atividades como
inclusivas, ou não.
Tabela 7. Análise de conteúdo: buscando trabalhos
inclusivos
Evento |
N |
C1 |
C2 |
C3 |
Resultado |
|||
C1.1 |
C1.2 |
C2.1 |
C2.2 |
C3.1 |
C3.2 |
|||
EPEF 2014 |
EP14-1 |
|
X |
X |
X |
X |
|
Não inclusivo |
EP14-2 |
X |
|
X |
X |
|
X |
Não inclusivo |
|
SNEF 2013 |
S13-1 |
|
X |
X |
|
X |
|
Não inclusivo |
S13-2 |
|
X |
X |
|
|
X |
Não inclusivo |
|
S13-3 |
X |
|
X |
|
X |
|
Não inclusivo |
|
S13-4 |
|
X |
X |
X |
X |
|
Não inclusivo |
|
S13-5 |
|
X |
|
|
|
X |
Não inclusivo |
|
S13-6 |
|
X |
X |
X |
X |
|
Não inclusivo |
|
S13-7 |
|
X |
X |
X |
|
X |
Não inclusivo |
|
S13-8 |
|
X |
X |
X |
|
X |
Não inclusivo |
|
S13-9 |
|
X |
X |
|
X |
|
Não inclusivo |
|
SNEF 2015 |
S15-1 |
X |
|
X |
X |
X |
|
Inclusivo |
S15-2 |
|
X |
X |
|
X |
|
Não inclusivo |
|
S15-3 |
X |
|
X |
X |
|
X |
Não inclusivo |
|
S15-4 |
X |
|
X |
X |
X |
|
Inclusivo |
|
S15-5 |
|
X |
X |
X |
|
X |
Não inclusivo |
|
SNEF 2017 |
S17-1 |
X |
|
X |
X |
X |
|
Inclusivo |
S17-2 |
X |
|
X |
|
X |
|
Não inclusivo |
|
S17-3 |
X |
|
X |
|
X |
|
Não inclusivo |
|
S17-4 |
X |
|
X |
|
X |
|
Não inclusivo |
|
S17-5 |
|
X |
X |
X |
|
X |
Não inclusivo |
|
S17-6 |
|
X |
X |
X |
|
X |
Não inclusivo |
|
S17-7 |
X |
|
X |
X |
X |
|
Inclusivo |
|
S17-8 |
X |
|
X |
X |
X |
|
Inclusivo |
|
S17-9 |
X |
|
X |
X |
X |
|
Inclusivo |
|
S17-10 |
|
X |
X |
|
|
X |
Não inclusivo |
|
S17-11 |
|
X |
X |
|
|
X |
Não inclusivo |
|
ENPEC 2013 |
E13-1 |
X |
|
|
|
X |
|
Não inclusivo |
E13-2 |
|
X |
X |
X |
|
X |
Não inclusivo |
|
E13-3 |
|
X |
X |
|
|
X |
Não inclusivo |
|
ENPEC 2015 |
E15-1 |
X |
|
X |
X |
X |
|
Inclusivo |
E15-2 |
X |
|
X |
X |
X |
|
Inclusivo |
|
E15-3 |
X |
|
X |
X |
X |
|
Inclusivo |
|
E15-4 |
X |
|
|
|
X |
|
Não inclusivo |
|
ENPEC 2017 |
E17-1 |
X |
|
|
|
X |
|
Não inclusivo |
E17-2 |
|
X |
X |
X |
X |
|
Não inclusivo |
|
E17-3 |
|
X |
X |
X |
X |
|
Não inclusivo |
|
E17-4 |
|
X |
X |
|
|
X |
Não inclusivo |
Fonte: elaborado pelos autores.
Com essa
análise, apenas 9 artigos
científicos apresentados entre os anos
2013-2017, em eventos científicos nacionais de Ensino de Física e de Ensino de Ciências, estão de acordo com uma
proposta verdadeiramente
inclusiva. Contudo, cabe apontar
que, associar trabalhos a uma educação efetivamente
inclusiva somente porque de alguma
forma se posicionam favoráveis
à mesma, é incorreto. Antes é preciso averiguar adequadamente a proposta apresentada (ou desenvolvida). Por fim, a tabela 8 sintetiza os resultados por evento para o período
considerado para a pesquisa (2013-2017).
Tabela 8. Número de
trabalhos analisados e
inclusivos.
Evento |
EPEF |
SNEF |
ENPEC |
|||||
Ano |
2014 |
2016 |
2013 |
2015 |
2017 |
2013 |
2015 |
2017 |
Nº de trabalhos analisados |
2 |
0 |
9 |
5 |
11 |
3 |
4 |
4 |
Nº de trabalhos
inclusivos |
0 |
0 |
0 |
2 |
4 |
0 |
3 |
0 |
Fonte: elaborado pelos autores.
Com essas
colocações, é possível apontar que o estudo forneceu um ponto de partida para
averiguar, a partir de uma perspectiva inclusiva,
como propostas de ensino de
física têm sido desenvolvidas
(e/ou aplicadas) para pessoas
com DV. Considerando a amplitude
e a riqueza dos aspectos envolvidos, nota-se que os textos dos artigos
científicos analisados disponibilizaram
dados suficientes para revelar a conjuntura da inclusão,
à medida em que as categorias/subcategorias
elaboradas forneceram diretrizes
pertinentes para essa apreciação.
6. Considerações finais
O desenvolvimento do
presente estudo possibilitou
uma análise dos artigos científicos, apresentados
nos últimos cinco anos (2013-2017) nos eventos
científicos nacionais de Ensino
de Física (EPEF e SNEF) e de Ensino de Ciências (ENPEC), que tratam
sobre o ensino de Física para pessoas
com deficiência visual,
pautados, do ponto de vista didático, no ensino e aprendizagem, em
perspectiva da educação inclusiva. Os resultados indicaram um valor muito abaixo do esperado, em comparação à quantidade de trabalhos analisados: dos 38 artigos científicos, apenas 9 apresentaram-se
condizentes com uma educação verdadeiramente
inclusiva.
É importante esclarecer que esta pesquisa não buscou desqualificar
nenhum dos artigos
científicos apresentados nos eventos, pois o comprometimento dos
autores perante um assunto tão relevante e
incipiente já mostra intrinsicamente o seu notável valor, sendo justamente a
divulgação desses trabalhos uma forma gradativa de alcançar a educação inclusiva. Contudo, procurou-se revelar o que pode ser aperfeiçoado,
revitalizado, ajustado e corrigido para fortalecer a escolarização de todos os alunos,
sejam eles com ou sem deficiência
visual.
Nesse sentido, o tratamento dos dados realizado por meio
da Análise de Conteúdo propiciou a reunião de elementos
significativos com as mesmas características, que, sob um título conceitual,
forneceram distintas categorizações,
as quais se consolidam, neste estudo, como diretrizes para uma educação inclusiva, tomadas a partir do referencial teórico
desenvolvido. Essa análise, mediada de forma conjunta pelos objetivos
específicos, não apenas possibilitou
ampliar a compreensão do tema abordado, como também responder ao problema incialmente proposto, mediante a identificação dos trabalhos que estão de acordo com uma educação
verdadeiramente inclusiva, objetivo geral do estudo.
Tendo em vista que a presente investigação se baseou em uma forma particular de interpretar os dados, é importante elucidar que o assunto
não se esgotou. O que aqui foi apontado
não é um estudo que fecha em si mesmo. Outras
observações e hipóteses podem ser levantadas e utilizadas para trazer
novas informações e gerar
distintas perspectivas.
Por fim, com este trabalho espera-se que estudantes de
licenciatura, professores da educação
básica e pesquisadores da área de Ensino
de Física despertem para a necessidade
de mudanças em suas práticas de ensino de modo a desenvolverem uma aula legitimamente inclusiva. Espera-se contribuir para a reflexão e a realização de práticas que contem com a participação de alunos com e sem
DV, planejadas e conduzidas
de forma participativa e adequada às
múltiplas formas de percepção
sensorial dos alunos e dos fenômenos
físicos.
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Análise
de conteúdo. Tradução
de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70.
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República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
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da Educação. Portaria
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Brasil
(2004). Casa Civil. Decreto nº
5.296 de 2 de Dezembro de 2004. Estabelece
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básicos para a promoção da acessibilidade
das pessoas portadoras de deficiência
ou com mobilidade
reduzida, e dá outras providências. Disponível em https://bit.ly/38lXWfA.
Brasil (2018). Ministério da Educação (MEC). Censo
Escolar 2017: Notas Estatísticas. Brasília:
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Camargo, E.P. (2008). Ensino
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anos de investigações no Brasil. São Paulo:
Plêiade / FAPESP.
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1 A população
total registrada em 2010 foi de “190.732.694 pessoas.” (Andrés, 2014, p. 7). Hoje,
a população total corresponde à 209.024.499 pessoas (IBGE, 2018). Disponível
em https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao.
2 A edição
referente ao ano de 2018 (XVII) não
entrou na elaboração deste trabalho, considerando que o mesmo estava
em fase de finalização em período concomitante com a realização do evento.
Como citar (APA): Polverini, M., Veraszto,
E., Franco de Camargo, J. T. & Nahum, B. (2021). Ensino
de Física para pessoas com
deficiência visual: análise
de trabalhos apresentados
em eventos científicos brasileiros entre 2013 e 2017. Revista
Iberoamericana de Educación, 85(2),95-118.
https://doi.org/10.35362/rie8523794 |