Revista Iberoamericana de Educación / Revista Ibero-americana
de Educação
vol. 85, núm. 2 (2021/03/15), pp. 9-26, isSn: 1022-6508 / isSne: 1681-5653 /
https://doi.org/10.35362/rie8523938
Organización de Estados Iberoamericanos (OEI) / Organização de Estados Ibero-americanos (OEI)
Bacharelado
em Educação Física: qual o entendimento de alunos concluintes em relação ao fenômeno corpo/corporeidade?
Bachelor
degree in physical education: what
are the undergraduate final students understanding the body/corporeality
phenomenon?
Rafael Guimarães Botelho 1 ; Weisiana
Santana de Castro Paiva 2 ; Wagner Wey
Moreira 2,3
1
Instituto
Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ); 2
Universidade
Federal do Triângulo Mineiro
(UFTM); 3
Bolsista de Produtividade em Pesquisa, CNPq, Brasil.
Resumo
Este artigo,
que versa sobre o fenômeno corpo/corporeidade, teve por objetivo geral
identificar, por meio do discurso de alunos concluintes, qual o sentido de corpo e como
este aluno exercita sua ação profissional junto ao seu aluno/cliente. Esta
pesquisa fenomenológica, que empregou a técnica de elaboração e análise de unidades
de significado, utilizou uma
entrevista com duas perguntas: 1a) O que é corpo para você?; e 2a) Como você exercita sua ação
profissional junto ao aluno/cliente
no desenvolvimento dos conteúdos
aprendidos no Curso de Graduação? Participaram
deste estudo 29 alunos concluintes de um Bacharelado em Educação Física. A partir da análise
dos discursos da Pergunta 1, foram
estabelecidas nove unidades de significado, e a com maior incidência
foi “O corpo como Estrutura anatomofisiológica”
(24,13%). Em relação à Pergunta
2, foram identificadas sete unidades de significado, sendo a principal a “De acordo com o aprendido no curso universitário” (48,27%). Em substância,
o sentido de corpo, no entendimento
da maioria dos alunos concluintes, é calcado numa visão tradicional e no modelo
cartesiano, com ênfase no
paradigma biologicista e visão mecanicista.
Palavras-chave: corpo; corporeidade; alunos concluintes; bacharelado em Educação Física.
Abstract
This paper, which deals with the body/corporeality
phenomenon, had the general aim of identifying, through the discourse of
undergraduate final students, what the meaning of the body is and how this
undergraduate students exercises his professional action with his
student/client. This phenomenological research, which used the technique of
elaboration and analysis of units of meaning, used an interview with two
questions: 1a) What is body for you?; and 2a) How do you exercise your
professional action with the student/client in the development of the content
learned in the Undergraduate Course? 29 undergraduate final students
participated in this study. From the analysis of the speeches in Question 1,
nine units of meaning were established, and the one with the highest incidence
was “The body as an anatomophysiological structure”
(24.13%). In relation to Question 2, seven units of meaning were identified,
the main one being the unit “According to what was learned in the university
course” (48.27%). In essence, the sense of body, in the understanding of most
undergraduate final students, is based on a traditional view and the Cartesian
model, with an emphasis on the biologicist paradigm
and a mechanistic view.
Keywords: body; corporeality; undergraduate final students; degree in Physical
Education.
1. Introdução
No Brasil, a partir dos anos oitenta do Século XX, alguns professores e pesquisadores da Educação, da Educação Física e do
Esporte repensaram o
sentido hegemônico de corpo
presente na área, e, apoiados
em referenciais das Ciências
Humanas e Sociais, insurgiram-se
contra o sentido de “corpo-máquina” dominante neste universo. Dentre esses profissionais, destacam-se Medina (1987, 2001), Morais (2014), Moreira
(1995, 2019), Oliveira (1987), Santin (2014), Silva
(1987) e outros que elaboraram
escritos na trilha do entendimento de um corpo humano e humanizado, substituindo
o trato mecânico e fragmentado do corpo
por uma atuação pautada na união de intelecto, sensibilidade, unidade e possibilidade de transcendência
corporal.
Em face
do supracitado período de transição,
muitas outras publicações foram desenvolvidas enfocando o fenômeno
corporeidade, registrando-se aqui
apenas alguns autores que atuam
na área da Educação Física
e dos Esportes, como, por exemplo,
Gallo (2006), Gallo e Zeppini (2016), Inforsato (2006), Moreira e Simões
(2016) e Nóbrega (2010), constituindo-se, já no Século XXI, uma ampla produção sobre o assunto.
Igualmente, é a partir da década de oitenta do Século XX que se estabelecem
os Cursos de Bacharelado para a área da Educação Física no Brasil, por meio da
Resolução n° 03/1987 (Conselho Federal de Educação, 1987), ainda que alguns cursos
tenham sido criados antes da referida resolução, como foi, em 1985, o
Bacharelado em Técnicas Desportivas da Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP).
O Bacharelado1 em Educação Física, no contexto
brasileiro, é um tipo de curso que forma um profissional para atuar em vários
campos da Educação Física e do Desporto, mas que não pode
atuar na escola (somente o licenciado
em Educação Física é que pode ministrar aulas na escola). Na área da Educação
Física as legislações brasileiras que regulam este curso são a Resolução n° 7,
de 31 de março de 2004 (Conselho Nacional de Educação, 2004), que inclui uma
alteração – a Resolução n° 7, de 4 de outubro de 2007 (Conselho Nacional de
Educação, 2007), e a Resolução n° 6, de 18 de dezembro de 2018 (Conselho Nacional de
Educação, 2018).
Portanto, do período de
criação do Bacharelado até
os dias atuais, prosperaram as instituições que oferecem este tipo de curso na
área da Educação Física. Pode-se, inclusive, afirmar
que em todas as regiões do
Brasil é possível identificar estes
cursos. Por um lado, são muitos os alunos concluintes; por outro, são ainda incipientes as
pesquisas que procuram verificar o entendimento destes alunos sobre o fenômeno corpo/corporeidade. Com base neste quadro, algumas questões ainda permanecem sem respostas:
•
Qual a compreensão de corpo por parte de
um aluno concluinte de Bacharelado em Educação Física?
•
O entendimento
de corpo estaria associado, em sua maioria, à visão mecanicista e ao paradigma biologicista?
Todo este contexto justifica a construção deste artigo, cujo objetivo geral é identificar, por meio do
discurso de alunos concluintes,
qual o sentido de corpo e
como este aluno concluinte exercitará
sua ação profissional junto ao seu aluno/cliente. Para auxiliar este escopo, foram traçados os seguintes objetivos específicos: (a) analisar
a existência de uma possível concepção dualista de corpo/mente nos discursos dos alunos
concluintes do Curso de Bacharelado
em Educação Física; e (b) verificar quais são os pontos de convergência e de divergência nos
discursos dos alunos concluintes.
A razão
para selecionar neste estudo o aluno concluinte (que é aquele que está no último ano do
curso) fundamenta-se no fato de este já estar cursando
o estágio e, igualmente, ter finalizado a maioria das disciplinas da matriz curricular do curso, o
que lhe permite, em teoria,
ter uma visão consolidada
sobre o objeto de estudo desta pesquisa: o corpo.
2. Bases
teóricas: do corpo à corporeidade
Uma das formas sinalizadas para a superação do entendimento do corpo como
máquina na Educação Física
e nos Esportes empregada
pelos autores já mencionados tem
como pressuposto a base epistemológica da Fenomenologia, em especial, nos escritos de Merleau-Ponty
(1990, 1991, 2004, 2007, 2018).
A ênfase
a essa necessidade de mudança no trato com o corpo pode ser evidenciada pela argumentação
de Gallo (2006), quando deseja
que a área possa permitir: “Resistência
à educação que recebemos, prática
disciplinar e biopolítica de controle que nos leva ao corpo superexcitado,
supermalhado, hiperativo”
(p. 29).
Seguindo a mesma concepção epistemológica, Moreira e Simões
(2016) afirmam que nossa existencialidade biológica, social e histórica só se concretiza via corpo numa vivência
“[...] entre permissões e proibições
de toda natureza: regras,
normas, controles, diferentes abordagens elaboradas
por teorias científicas, artísticas, filosóficas e pedagógicas [...]” (p. 137), e isto
exige um redimensionamento
do entendimento do ser humano, que é corpóreo.
Nóbrega (2010) recorda que a corporeidade “[...]
emerge da capacidade interpretativa do ser vivo desde
os níveis celulares e
moleculares até os aspectos simbólicos e sociais” (p.
35). Isto, sem dúvida, propicia um saber
incorporado, permitindo a associação
das estruturas intelectuais
e sensíveis do ser humano.
Caminha (2019, p. 65) vai mais longe,
referindo-se a esse momento de transição do entendimento e do trato do corpo
máquina para o acolhimento do corpo
sensível e que busca transcendência,
informando: “A Educação Física que morre e a que nasce em mim é
pensada a partir do corpo próprio
e da carne em Merleau-Ponty [...]” e isso possibilita a “[...] construção
de uma cosmovisão que integram campo de conhecimento
científico, prática pedagógica e ações
de transformação social” (p. 65).
Já Santin (2014), ao declarar que as
ciências modernas não deram a devida atenção ao corpo,
pois aplicam a este os conhecimentos advindos do desenvolvimento de pesquisas em animais,
confere o sentido de máquina ao
corpo humano, fato esse também constatado no âmbito da
área de Educação Física, estando aí
presentes as valorizações da bioquímica e da biomecânica, sempre no sentido de melhorar o rendimento atlético. Daí a necessidade de alteração deste quadro, levando-nos a
considerar uma corporeidade
cultuada e cultivada. Insiste o autor nessa trilha, encerrando seu artigo com: “A educação física repensada para cultivar e cultuar a corporeidade humana
precisará inspirar-se no impulso sensível, na harmonia musical, nos ideais de beleza e nos valores
estéticos” (p. 68).
Morais (2014) é
mais um autor que enfatiza
as duas alternativas presentes para a concepção de corpo e para a ação de profissionais da corporeidade, incluído aqui os da Educação Física, dizendo que estes podem entender “[...] o corpo
como se este fora simples coisa burra que se adestra ou despertam para o fato de sermos um corpo
como forma de estar-no-mundo sensível e
inteligentemente” (p. ٨٤).
E por que todos esses autores, e outros mais ainda,
debruçam-se a entender a corporeidade
em sua facticidade no
mundo?
Por que advogam a passagem, no universo
da Educação Física, do trato com
o corpo mecânico e esquartejado, para assumi-lo como
corporeidade em toda sua complexidade?
Uma das possíveis respostas a estas indagações pode ser encontrada nas
palavras de Merleau-Ponty (2018, p. 14): “O mundo é não aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo; eu estou
aberto ao mundo, comunico-me indubitavelmente com ele, mas não o possuo, ele é
inesgotável”. Ser corporeidade é estar no mundo executando movimentos,
explicitando nossa motricidade.
3. Orientações
metodológicas
3.1 Natureza
do estudo
Este estudo,
de natureza fenomenológica, busca identificar o entendimento do fenômeno corpo/corporeidade presente no discurso
de alunos concluintes de um Curso de Bacharelado em Educação Física. Na pesquisa
fenomenológica a análise do fenômeno
“[...] vai do constituído (realidade concreta) ao constituinte (essência)” (Bruyne, Herman & Schoutheete,
1991, p. 75). Por conseguinte, nesta
pesquisa adota-se a concepção
de Fenomenologia proposta
por Merleau-Ponty (2018, p. 1, grifo do autor):
A fenomenologia
é o estudo das essências, e
todos os problemas, segundo ela, resumem-se
em definir essências: a essência
da percepção, a essência da
consciência, por exemplo.
Mas a fenomenologia é também
uma filosofia que repõe as essências na existência, e não pensa que se possa compreender o homem e o mundo de outra maneira senão a partir de sua “facticidade”.
3.2 Técnica de análise
Este estudo
empregou a técnica de Elaboração e Análise de Unidades
de Significado (Moreira, Simões & Porto,
2005). Trata-se de uma
técnica de análise qualitativa,
combinação da Análise de Asserção Avaliativa (Bardin, 1977) com a Análise do Fenômeno Situado (Giorgi,
1978; Martins & Bicudo,
1989), e que reúne conceitos provenientes da pesquisa
fenomenológica.
A técnica de elaboração
e análise de unidades de significado é realizada em três momentos: 1) Relato ingênuo,
2) Identificação das atitudes
e 3) Interpretação.
1. Relato ingênuo. É o momento em que o pesquisador, em primeiro lugar,
esclarece o porquê da pesquisa aos
participantes, e, após isto,
aplica as questões geradoras,
cujo objetivo é registrar “[...] os dizeres dos sujeitos na sua forma original, sem alterar a grafia ou substituir termos por outros
equivalentes. É o discurso em sua vertente
‘pura’, não sofrendo neste momento nenhum tipo de polimento ou modificação”
(Moreira, Simões & Porto, 2005, p. 111).
2. Identificação
das atitudes. Os pesquisadores
efetuaram várias leituras dos relatos ingênuos (dos participantes da pesquisa) e, a partir disto, foram identificados os indicadores mais
relevantes destes discursos (Quadros
1 e 2). Logo, a partir da análise do quadro de indicadores, foram selecionadas as unidades mais
significativas (Tabelas 2 e 3) presentes nos
discursos dos participantes.
3. Interpretação.
“Com o quadro geral
das idéias de cada sujeito
montado e caracterizado pela identificação das
unidades de significado, bem como as convergências e divergências
[identificadas nos discursos], o pesquisador passa a fazer a análise interpretativa do fenômeno,
buscando compreendê-lo em sua
essência [...]” (Moreira, Simões
& Porto, 2005, p. 111). Dito de outra forma, os pesquisadores, com o auxílio das unidades de significado, buscaram
pontos de convergência e de divergência
nos discursos dos participantes para, a partir disto, compreender
a essência do fenômeno analisado.
3.3 Instrumento de pesquisa
O instrumento adotado foi uma
entrevista que incluiu duas
perguntas: 1a) O
que é corpo para você?; e 2a) Como você exercita sua ação
profissional junto ao
aluno/cliente no desenvolvimento dos conteúdos aprendidos no Curso de Graduação?
3.4 Local da pesquisa
O presente estudo
foi realizado em uma instituição de ensino superior
(IES) particular na região
do Triângulo Mineiro, no
Estado Minas de Gerais. O curso analisado foi um Bacharelado
em Educação Física, oferecido
no horário noturno.
3.5 Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada em 21 de novembro
de 2018, à noite, sendo as perguntas respondidas pelos alunos,
individualmente, em sala de aula.
A aplicação
da entrevista realizou-se utilizando as seguintes orientações: (a) Garantia de anonimato: foi asseverado aos 29 participantes
que eles não serão
identificados; (b) Foi esclarecido o objetivo da pesquisa. Após esta
etapa, foi mencionado aos
participantes que as respostas podem
conter o máximo de informações
possíveis, não existindo respostas corretas ou incorretas,
oferecendo-se, desta forma,
o tempo necessário para a resposta
de cada participante; (c) Foi apresentado
e esclarecido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), e, em seguida, ele foi preenchido e assinado por cada participante da pesquisa; (d) Ordem para as respostas: primeiro, foi oferecida
ao participante a primeira folha, que continha a primeira pergunta. Após a resposta da primeira pergunta, foi disponibilizada a segunda folha, que incluía a segunda pergunta.
Após a resposta da segunda pergunta, todas as folhas foram recolhidas
pelos pesquisadores.
3.6Participantes
da pesquisa
Alguns critérios de inclusão foram estabelecidos para os
participantes:
a)
Ser
aluno concluinte, em 2018, do Bacharelado
em Educação Física.
b)
Assinar o TCLE.
c)
Responder
a duas perguntas geradoras presentes no instrumento de pesquisa.
A seguir, a Tabela
1 descreve algumas
características dos participantes da pesquisa: quantidade,
sexo, idade e formação.
Tabela 1. Características dos participantes da pesquisa
Número |
Sexo |
Idade |
Formação
completa em Educação Física |
01 |
Masculino |
34 |
Não |
02 |
Masculino |
23 |
Não |
03 |
Masculino |
34 |
Licenciado |
04 |
Feminino |
23 |
Não |
05 |
Masculino |
29 |
Não |
06 |
Masculino |
22 |
Não |
07 |
Feminino |
22 |
Não |
08 |
Masculino |
24 |
Não |
09 |
Feminino |
20 |
Não |
10 |
Masculino |
25 |
Não |
11 |
Feminino |
21 |
Não |
12 |
Feminino |
20 |
Não |
13 |
Masculino |
24 |
Não |
14 |
Masculino |
22 |
Licenciado |
15 |
Masculino |
33 |
Não |
16 |
Masculino |
26 |
Não |
17 |
Masculino |
24 |
Não |
18 |
Masculino |
22 |
Licenciado |
19 |
Feminino |
22 |
Não |
20 |
Feminino |
39 |
Não |
21 |
Feminino |
20 |
Não |
22 |
Masculino |
29 |
Não |
23 |
Feminino |
27 |
Não |
24 |
Masculino |
24 |
Não |
25 |
Masculino |
23 |
Não |
26 |
Feminino |
23 |
Não |
27 |
Masculino |
21 |
Não |
28 |
Masculino |
36 |
Não |
29 |
Feminino |
27 |
Não |
Fonte: elaboração própria.
A referida tabela
assinala as seguintes
características: (a) foram 29 participantes da
pesquisa; (b) 18 participantes eram homens; (c) 11 participantes eram
mulheres; (d) os participantes tinham
entre 20 e 39 anos, com uma média de 25,48 anos; (e) dos 29 alunos concluintes, três tinham licenciatura em Educação
Física.
Este estudo
foi realizado por pesquisadores
e colaboradores do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Corporeidade e Pedagogia do Movimento (NUCORPO), sendo, consequentemente, vinculado a uma
pesquisa maior (Projeto
CAAE: 50087115.6.0000.5154), aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro
(UFTM).
4. Resultados
Nesta seção, apresenta-se a análise ideográfica (que descreve as ideias individuais de cada participante da pesquisa), além de se estabelecer as
unidades de significado dos discursos.
4.1 Análise
ideográfica da Pergunta 1
Após a leitura das respostas da Pergunta 1, foi identificado um conjunto de indicadores, descrito no Quadro
1.
Quadro 1. Análise ideográfica da Pergunta 1: O
que é corpo para você?
Bacharelado
em Educação Física |
|
Participantes |
Indicadores |
1 |
É físico, palpável.
Expressa sentimentos. É uma
obra-prima criada por (Deus). |
2 |
É um reflexo de uma personalidade. |
3 |
É a morada da nossa
alma, do nosso espírito. Abriga os nossos
órgãos. |
4 |
Uma máquina
fantástica de estímulos e respostas. |
5 |
É o meu cartão de visita. |
6 |
É uma
máquina composta por organismos, membros interligados, estruturado... |
7 |
É um meio de você se expressar. |
8 |
É a morada do meu
espírito, é uma estrutura sagrada que Deus nos proporcionou
para a evolução espiritual. |
9 |
É um
instrumento de uso do ser humano. Dependência dos afazeres do dia a dia. Arte. Estética. |
10 |
É uma
obra-prima criada por Deus. |
11 |
É uma
“máquina”. |
12 |
Algo que proporciona fazer minhas atividades diárias. |
13 |
É um
conjunto formado por cabeça, tronco e membros englobando a estrutura
física do corpo humano. |
14 |
É um objeto
ou organismo (sólido), móvel
ou imóvel. |
15 |
É a máquina de sustentação
de todas as estruturas que
compõe o ser humano. |
16 |
É uma
dádiva, um presente que precisa ser cuidado,
preservado. Pode ser melhorado
através de atividades
físicas, alimentação saudável,
entre outros. |
17 |
É o meu
instrumento de trabalho. É o meu cartão de visitas. É o meu ganha-pão. |
18 |
Conjunto de unidades psicomotoras. A coisa mais complexa existente. |
19 |
É o “templo” onde você
tem que estar bem para
que possa viver em plenitude. |
20 |
É um
templo. Minha morada. |
21 |
É uma
máquina movida por músculos e esqueleto e que necessita de energia para se manter viva. |
22 |
É um
acumulado de células capaz de desenvolver capacidades incríveis
de pensamentos e movimento. |
23 |
É apenas um
instrumento para movimentar e utilizar para tarefas
diárias, ex.: (malhar, estudar, andar, viver). |
24 |
É uma ferramenta que utilizamos diariamente para ajudar nas atividades
diárias. |
25 |
É instrumento de aprendizagem. |
26 |
É o que somos, nosso
jeito de ser. Podemos utilizá-lo
do jeito que bem entendermos. |
27 |
Um objeto com várias funções
fisiológicas. |
28 |
É a nossa
“casa ambulante”. É o reflexo
do seu estilo de vida. |
29 |
Instrumento e Alma. É o que buscamos ser. |
Fonte: elaboração própria.
A partir da análise
ideográfica, foram estabelecidas
nove unidades de significado, expostas na Tabela 2, e que mostram, sem necessidade
de generalizações, os pontos de convergência
e de divergência nos discursos.
Tabela
2. Unidades de Significado da Pergunta 1: O que é corpo para você?
Unidades de significado |
Participantes da pesquisa |
Total |
|||||||||||||||||||||||||||||
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
7 |
8 |
9 |
10 |
11 |
12 |
13 |
14 |
15 |
16 |
17 |
18 |
19 |
20 |
21 |
22 |
23 |
24 |
25 |
26 |
27 |
28 |
29 |
Absoluto |
Relativo |
|
1. Estrutura
anatomofisiológica |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
7 |
24,13% |
||||||||||||||||||||||
2. Máquina |
X |
X |
X |
X |
X |
5 |
17,24% |
||||||||||||||||||||||||
3. Obra-prima criada por Deus
/ Morada da alma e espírito |
X |
X |
X |
X |
X |
5 |
17,24% |
||||||||||||||||||||||||
4. Instrumento para atividades diárias |
X |
X |
X |
X |
4 |
13,79% |
|||||||||||||||||||||||||
5. Meio
de expressão |
X |
X |
X |
X |
4 |
13,79% |
|||||||||||||||||||||||||
6. Templo, morada, casa |
X |
X |
X |
3 |
10,34% |
||||||||||||||||||||||||||
7. Cartão
de visita / Estética |
X |
X |
X |
3 |
10,34% |
||||||||||||||||||||||||||
8. Arte |
X |
1 |
3,44% |
||||||||||||||||||||||||||||
9. Instrumento de aprendizagem |
X |
1 |
3,44% |
Fonte: elaboração própria.
4.2 Análise
ideográfica da Pergunta 2
Após a leitura das respostas da Pergunta 2, foram elaborados vários indicadores, expostos no Quadro 2.
Quadro 2. Análise ideográfica da Pergunta 2: Como
você exercita sua ação profissional
junto ao aluno/cliente no desenvolvimento
dos conteúdos aprendidos no Curso de Graduação?
Bacharelado
em Educação Física |
|
Participantes |
Indicadores |
1 |
Anatomia, fisiologia, postura. Com entusiasmo. |
2 |
Vivendo um estilo de vida que os alunos
desejam ter. |
3 |
Ainda não estou trabalhando
na área. Ética. Respeito. Consciência. |
4 |
Através de repasse de ensinamentos. Eu ensino,
mas também aprendo muito,
ou seja, vivo sempre em constante aprendizagem. |
5 |
Transmitir da melhor
maneira possível tudo o que eu aprendi aqui. |
6 |
Ainda não atuo na
área. |
7 |
Ajudando nos seus objetivos. Dando bronca se possível. |
8 |
De uma
forma responsável. Objetivando o resultado que o aluno
(cliente) procura. Alertando sempre
para eventuais riscos ou lesões. |
9 |
Através das aulas
que tive na Faculdade. |
10 |
Mesmo com
todo conhecimento adquirido, a maior
parte vem na vivência durante as aulas e fazendo outros cursos. |
11 |
Ética De acordo com os conteúdos aprendidos. Para que ele
alcance o resultado desejado. Segurança. |
12 |
Conforme vou
aprendendo tento
desenvolver da melhor maneira
possível. |
13 |
Com Ética. |
14 |
Utilizo todo o conhecimento
e o pratico para a promoção
estética e saudável do aluno. |
15 |
De forma enérgica. Da mesma que aprendi
na graduação. |
16 |
Com responsabilidade. Ética. Prezando sempre pela segurança. |
17 |
Tento pôr na minha
prática do dia a dia o máximo do que aprendo no meu
curso. |
18 |
Tudo o que foi aprendido quando discente. |
19 |
Com ética. Respeitando as
individualidades biológicas. |
20 |
Ética Compromisso. Buscando a satisfação
do aluno/cliente não somente
na aparência física, assim também no bem-estar mental. |
21 |
Passar o máximo de conteúdo que havia aprendido. |
22 |
Buscando trazer
o aluno para a importância e benefícios
daquilo que está exercitando. |
23 |
Utilizo as informações
acadêmicas com a vida
real. O aprendizado
de algumas matérias nos dá uma orientação
e sabedoria na hora da ação com o aluno. |
24 |
Tentando trabalhar
as necessidades do aluno. |
25 |
Ética. Uso mais a prática do que a teoria. |
26 |
Exercito utilizando
os meus conhecimentos de
vida como atleta de natação. Junto com
os conhecimentos que aprendo na
graduação. |
27 |
Com o que eu vou aprendendo
durante o curso e minicursos. Levando em conta aquilo
que aprendi nas aulas. Seguindo a ética. |
28 |
Com responsabilidade. Ajudando o cliente a alcançar seu objetivo. Sem se machucar ou danificar a saúde. Sem exageros. |
29 |
Aplicando o que nos passam. Sabendo aproveitar todo ensinamento
dado em sala de aula. Instruindo alunos em seus objetivos. |
Fonte: elaboração própria.
Com base na análise ideográfica, foram elaboradas sete unidades de significado, reunidas na Tabela 3, e que ilustram os pontos de convergência
e de divergência nos discursos dos participantes.
Tabela
3. Unidades de Significado da Pergunta 2: Como você exercita sua ação
profissional junto ao aluno/cliente
no desenvolvimento dos conteúdos
aprendidos no Curso de Graduação?
Unidades de significado |
Participantes da pesquisa |
Total |
|||||||||||||||||||||||||||||
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
7 |
8 |
9 |
10 |
11 |
12 |
13 |
14 |
15 |
16 |
17 |
18 |
19 |
20 |
21 |
22 |
23 |
24 |
25 |
26 |
27 |
28 |
29 |
Absoluto |
Relativo |
|
1. De acordo com o aprendido no curso
universitário |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
14 |
48,27% |
|||||||||||||||
2. Ética |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
X |
8 |
27,58% |
|||||||||||||||||||||
3. De acordo com os objetivos do
aluno/cliente |
X |
X |
X |
X |
X |
5 |
17,24% |
||||||||||||||||||||||||
4. Segurança / Evitando lesões |
X |
X |
X |
X |
4 |
13,79% |
|||||||||||||||||||||||||
5. Responsabilidade |
X |
X |
X |
3 |
10,34% |
||||||||||||||||||||||||||
6. De forma
enérgica / Dando bronca |
X |
X |
2 |
6,89% |
|||||||||||||||||||||||||||
7. De acordo com as necessidades do aluno/cliente |
X |
1 |
3,44% |
Fonte:
elaboração própria.
5. Discussão
5.1 Discussão
da Pergunta 1
Um primeiro ponto a ser observado diz
respeito ao quantitativo estabelecido nas unidades de significado. A soma deste
quantitativo não tem o percentual de 100, já que as respostas presentes nos
discursos podem estar incluídas
em mais de uma unidade de significado, como é, por exemplo,
o Participante 1, que apresentou um
discurso computado em três unidades de significado.
O
corpo como “Estrutura anatomofisiológica”
A primeira
unidade de significado com maior ocorrência é a compreensão de corpo como uma “Estrutura anatomofisiológica”. Fica patente que o discurso dos alunos concluintes é influenciado
por disciplinas como Anatomia Humana e Fisiologia Humana, presença
biológica nos cursos de Bacharelado em Educação Física. A título de ilustração,
observe-se o que proferiu o Participante 13: “É um conjunto formado por cabeça,
tronco e membros englobando a estrutura
física do corpo humano”. Trata-se, portanto, de um discurso essencialmente anatômico.
Disciplinas como Anatomia Humana e Fisiologia
Humana são fundamentais, não há dúvida
sobre isso, mas a compreensão de corpo, pelo futuro
profissional de Educação
Física, não pode se limitar a estes
conteúdos.
Historicamente, o corpo do ser humano tem sido
visto e tratado preferencialmente do ponto de vista
da sua anatomia e da sua fisiologia. Nesta ótica, o que se procura transmitir aos educadores interessados na melhoria do corpo e na utilidade
de seus movimentos é um corpo humano no seu aspecto físico, em suas
formas, na tonicidade de seus músculos e na explicação dos movimentos
coordenados desse corpo. Isto faz com que, ao longo desse processo, haja a transformação do corpo, que deveria ser considerado veículo
do ser-no-mundo em um dos objetos componentes desse mundo. “Coisificamos” o corpo. Desprezamos a experiência do corpo e
privilegiamos a idéia de corpo
(Moreira, Simões & Porto, 2005, p. 108, grifo dos
autores).
O
corpo como “Máquina”
A segunda maior
incidência nos discursos dos participantes atrela corpo à máquina. Os
Participantes 4, 6, 11, 15 e 21 afirmam que corpo é uma máquina. Para a
Participante 4, corpo é “uma
máquina fantástica de estímulos e respostas”.
A ideia
de “corpo como máquina” é encontrada em outros estudos (Aranda, Pereira,
Palma & Palma, 2012; Souza, Schmidt, Santo & Montalvão,
2011), independentemente do tipo de curso. Por exemplo, Souza et al. (2011,
p. 7), que investigaram a percepção
de corpo de 19 alunos do oitavo período de um Bacharelado em Educação Física de
uma instituição particular
de Goiânia, identificaram “[...] que 59% dos
entrevistados idealizam seu
corpo para o máximo de rendimento
(corpo máquina), contra 41% que optam
pelo corpo saudável (corpo sujeito)”.
Agora no âmbito da licenciatura, uma das conclusões de Aranda et al.
(2012), que analisaram o discurso de 15 discentes de Educação Física da Universidade
Estadual de Londrina (UEL) (nove da Licenciatura Generalista e seis da
Licenciatura Atual), foi a seguinte: “Numa perspectiva macro, verificou-se que no currículo Licenciatura Generalista: 04 estudantes aproximaram-se mais de uma concepção
de corpo dualista, corpo
máquina, marcado pela fragmentação abissal e pela divisão entre o
corporal e o mental [...]” (p. 745), um quantitativo que reforça a concepção de “corpo máquina” como
ideia recorrente na formação inicial em Educação Física.
Em oposição
à ideia de máquina, considera-se fundamental compreender o corpo em sua amplitude:
Depende de nós,
agindo politicamente, ou que não haja
nenhum homem-máquina, ou que ele seja tão amável quanto
o homem de lata do Mágico
de Oz, que acaba ganhando um
coração no final da jornada. É o homem
como autor do seu destino, suficientemente corajoso
para rejeitar qualquer
apelo a um pai transcendente, suficientemente
humanista para não transformar a pedagogia
em arte de amestrar, e suficientemente democrático
para não substituir a política pela biologia (Rouanet, 2003, p. 62, grifo
do autor).
O
corpo como “Obra-prima criada por Deus / Morada da
alma e espírito”
Ainda com a segunda maior prevalência, a visão do corpo por meio da religião é algo presente em cinco discursos. O Participante
3 expressa: “É a morada da nossa
alma, do nosso espírito, sendo de suma importância para a nossa existência, ou seja, nossa
vida. O corpo abriga os nossos
órgãos, ele é responsável
por nós realizarmos as nossas atividades, desde uma simples fala, um caminhar, um pensar, respirar, cheirar, ouvir e até mesmo realizarmos atividades mais complexas. Precisamos cuidar muito bem dele!!!”. Contata-se, neste discurso, uma divergência, já que o participante afirma que o corpo
abriga os nossos órgãos. Já o Participante 8 é direto em relação à dimensão divina: “É a
morada do meu espírito, é uma estrutura sagrada que Deus
nos proporcionou para a evolução
espiritual”.
O
corpo como “Instrumento para atividades
diárias”
O utilitarismo corporal pode ser
observado em quatro discursos. À guisa de exemplo, observe-se o que disse a
Participante 9: “É um instrumento de uso do ser
humano, arte, estética, dependência dos afazeres do dia a dia”. Por sua vez, a Participante
23 expressa: “É o instrumento que utilizamos para fazer nossas tarefas diárias. O corpo é um instrumento que se vive, e sente,
hoje, a ideologia e o
modismo colocam parâmetros
para o corpo, mas o corpo é apenas um instrumento
para movimentar e utilizar para tarefas diárias, ex.: (malhar, estudar, andar, viver).” O
Participante 24 reforça o discurso anterior: “Corpo é uma ferramenta
que utilizamos diariamente para ajudar nas atividades diárias”.
Percebe-se, nos discursos, o sentido instrumental do corpo, com forte
relação ao entendimento de corpo físico, somático, como mais um objeto da
natureza. Isto posto, remete a Cardinalli (2003), referenciado às distinções
que Heidegger apresenta entre corpo e corporeidade, e diz não ser mais possível
hoje conceituar apenas “[...] o corpo fisicamente presente, mensurável,
constituído de órgãos e com seus contornos limitados à epiderme” (p. 251).
Esta forma de entender o corpo como um objeto útil para a realização de tarefas também encontra-se presente nos discursos referentes à Unidade de Significado “Cartão de visita / Estética”, apresentada
mais à frente.
O
corpo como “Meio de expressão”
O corpo
como “Meio de expressão” foi caracterizado em quatro
discursos. O mais interessante
é o discurso do Participante 1: “O Corpo é físico, palpável, foi criado de alguma forma que nos traz a satisfação de movimentos, expressa sentimentos, ter longevidade, saúde, carisma, alegria de sentir cada movimento,
seja de correr, saltar, deitar,
ou seja, o corpo é uma obra-prima criada por
(Deus)”. Neste discurso, pode-se comprovar
a divergência, já que o
mesmo participante também considera o corpo como uma estrutura física (anatômica) e,
igualmente, como uma construção
divina. A Participante 26 é objetiva: “É o que somos, nosso
jeito de ser”.
O
corpo como “Templo, morada, casa”
O corpo
percebido como “Templo, morada, casa”, sem qualquer menção
à religião, foi manifesto em três discursos. O
Participante 28 afirma: “O nosso corpo
é a nossa ‘casa ambulante’. O corpo
da pessoa é o reflexo do seu estilo de vida, por isso devemos cuidar bem de nossos corpos, como cuidamos das coisas que amamos”. A Participante 20 assevera:
“É um templo. Minha morada.
O que me conduz pelos caminhos
que escolho seguir. O que me permite viver plenamente e realizar sonhos, projetos”. Este último
discurso, por exemplo, mostra
que alguns alunos concluintes parecem estar em
momento de transição entre a velha
concepção de corpo e a possibilidade de caminhar para novos patamares.
O
corpo como “Cartão de
visita / Estética”
A utilização
do corpo como “Cartão de
visita / Estética” pelos alunos concluintes
é algo que faz referência ao
sentido de corpo como modelo corporal e marketing para sedução profissional do cliente e
que pode ser evidenciado em três discursos. O
Participante 5 declara: “Corpo para mim é o meu cartão
de visita quando eu me apresentar para o meu aluno. E,
para mim, é muito
importante sim esse aspecto para ter uma boa impressão para meus clientes. E por isso cuido bem do meu corpo
em questão estética e saúde
mesmo, pois para mim, é muito importante”. E o Participante 17 esclarece: “Corpo para mim é o meu instrumento de trabalho, é o meu cartão de visitas, é o meu desafio, corpo
é a superação, e a autoestima é a melhor
forma de expressão, é o meu
ganha-pão”. Por sua vez, a
Participante 9 faz uma monossilábica,
ainda que importante, menção
à palavra “estética”: “É um
instrumento de uso do ser humano, arte, estética, dependência
dos afazeres do dia a dia”.
O
corpo como “Arte”
Tão somente com uma
aparição, o entendimento do
corpo como “Arte” surge no discurso da Participante
9: “É um instrumento de uso do ser humano, arte,
estética, dependência dos afazeres
do dia a dia”. Neste discurso, é possível notar duas divergências, já que esta participante também
argumenta que corpo é um “instrumento
para atividades diárias”, e
que corpo é “estética” no intuito de modelo corporal,
inclusive estando estas mais fortes
que a própria menção à
Arte, que, neste caso, parece estar fora de contexto.
O
corpo como “Instrumento de aprendizagem”
Na contramão dos resultados, encontra-se
o Participante 25, que considera corpo como um “Instrumento de aprendizagem”,
que obteve somente uma citação.
Levando as nove unidades de
significado que vertebram os discursos dos alunos concluintes para o mundo
da formação profissional do
Bacharelado em Educação
Física, presente há mais de
trinta anos no Brasil, pode-se visualizar alguns pontos que merecem análise.
O currículo da IES analisada neste artigo seguiu a Resolução n° 7/2004 (Conselho Nacional de Educação, 2004), que foi
estruturada em dois grandes momentos: formação ampliada e formação específica.
Na formação ampliada propõe-se abranger as seguintes dimensões de conhecimento: “a) Relação ser humano-sociedade; b) Biologia do corpo humano; c) Produção do conhecimento
científico e tecnológico”
(p. 18). Já a formação
específica, destinada aos conhecimentos
identificadores da Educação Física, contempla as dimensões: “a) Culturais do movimento humano; b) Técnico-instrumental; c) Didático-pedagógico” (Conselho
Nacional de Educação, 2004, p. 18).
Interessante observar, quando se analisa o fenômeno corpo/corporeidade, que
a Resolução n° 7/2004 (Conselho Nacional de Educação, 2004) apenas deixa claro o
entendimento de corpo no sentido biológico, importante, sem dúvida, mas
insuficiente para a possibilidade da formação de atitude de corporeidade.
As unidades de significado com maior incidência incluem a concepção
biológica da Resolução n° 7/2004 no que tange à compreensão de corpo dos
participantes desta pesquisa.
Os resultados identificados no
universo do presente estudo, composto por alunos concluintes, são similares aos resultados
encontrados por Lüdorf (2004), mas
com um universo diferente, constituído por 15 professores da
Escola de Educação Física e Desportos
(EEFD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). Neste estudo, a
autora investigou e discutiu
como o corpo, em particular o corpo
estético, foi tratado pelo grupo de 15 docentes no
contexto da formação de professores,
e uma das conclusões aponta para “[...] uma considerável parcela dos professores
possui uma visão de corpo e de Educação Física ancorada em princípios
biológicos e técnicos” (Lüdorf,
2004, p. 233).
5.2 Discussão
da Pergunta 2
Nesta seção, volta-se a alertar que a soma das unidades de significado da
Tabela 3
não tem o percentual de ١٠٠, já que as respostas presentes nos discursos podem
estar incluídas em mais de uma unidade de significado, ou, ao contrário,
podem não pertencer a nenhuma unidade de significado elaborada, como são
os casos dos Participantes ١,
٢, ٦, 10 e 22.
“De
acordo com o aprendido no
curso universitário”
Com um quantitativo extremamente
significativo, a unidade “De acordo
com o aprendido no curso universitário”
prevaleceu no discurso de quase
metade dos alunos concluintes (48,27%). O relato da Participante 29 resume
esta unidade: “Aplicando o que nos passam. Sabendo aproveitar todo ensinamento dado
em sala de aula Teórica/Prática para que eu consiga aplicar um trabalho correto e satisfatório. Instruindo alunos em seus objetivos, tendo assim, exercícios
específicos”.
Vê-se, com base na alta incidência desta unidade de significado nos
discursos, a importância de as matrizes curriculares dos cursos de Bacharelado
em Educação Física incluírem o estudo do fenômeno corpo/corporeidade, já que praticamente a metade dos alunos concluintes utiliza o conhecimento
adquirido no curso universitário para consubstanciar a sua prática.
A importância
referida no parágrafo anterior se deve por constatar,
como revela Moreira (2019, p. 24), que a formação profissional na área apresenta grande quantidade de
componentes voltados “[...] para o corpo objetivo, e por decorrência
ao corpo-objeto,
manipulado, esquadrinhado, invadido”, reforçando a necessidade do domínio de conhecimentos “[...] necessários para a vida sob os
aspectos da fisiologia, da anatomia,
da biologia, da biodinâmica
[...]” (p. 24). Há que se oferecer
um contraponto a essa visão hegemônica.
Isto corrobora com a preocupação de
Merleau-Ponty (2004), quando este tece
críticas ao mundo científico, pressuposto
básico da formação profissional
também em Educação Física:
A
ciência manipula as coisas
e renuncia habitá-las. Estabelece
modelos internos delas e, operando sobre esses índices ou variáveis as transformações
permitidas por sua definição,
só de longe em longe se confronta com o mundo
real. Ela é, sempre foi, esse pensamento
admiravelmente ativo, engenhoso, desenvolvo, esse parti
pris de tratar todo
ser como “objeto em geral”, isto
é, ao mesmo tempo como se ele nada fosse para nós e estivesse no entanto predestinado
aos nossos artifícios (Merleau-Ponty, 2004,
p. 13, grifo do autor).
“Ética”
Oito alunos concluintes citaram a unidade de significado
“Ética” em seus discursos, colocando-a como a segunda
em termos quantitativos (27,58%). Observe-se o que relatou o Participante 13: “Com
ética e profissionalismo, sempre
procurando atualizar e buscando mais
conhecimentos”.
No discurso dos alunos foi mencionada a ética profissional, mas é evidente que
o ser humano não ético jamais
será um profissional ético,
daí a conclusão de mera instrumentalização do conceito.
“De
acordo com os objetivos do
aluno/cliente”
Considerar os objetivos do
aluno/cliente é necessário, apesar
de outros elementos também merecerem atenção. Esta unidade foi a terceira
em termos de presença (com
17,24%). O Participante 28 menciona: “Ajudando o
cliente a alcançar seu
objetivo”.
“Segurança / Evitando lesões”
A segurança
é um tópico que sempre deve ser levado em consideração
em qualquer prática
corporal. Esta unidade de significado foi registrada no discurso de quatro
participantes.
“Responsabilidade”
Os Participantes 8, 16 e 28 mencionaram a responsabilidade
como fator essencial para desenvolver as suas aulas. É interessante notar
que estes mesmos participantes fizeram,
em seus discursos, menção à
questão da segurança, mesmo
sendo elementos díspares.
“De
forma enérgica / Dando bronca”
É intrigante observar expressões como “de forma
enérgica” ou “dar bronca” no discurso de dois futuros profissionais no que diz
respeito à referida unidade de significado. O Participante 15 assevera: “De
forma enérgica, demonstrando os exercícios propostos e instruindo verbalmente.
Da mesma que aprendi na graduação”.
“De
acordo com as necessidades do aluno/cliente”
A unidade
“De acordo com as necessidades do aluno/cliente” foi
considerada incipiente, registrada em apenas um
participante (3,44%). Trata-se de uma
questão premente que merecia maior atenção
por parte dos alunos concluintes,
afinal de contas, é fundamental desenvolver um trabalho pautado nas necessidades, nas carências das pessoas.
Um último fato a
ser discutido é o referente às características dos
participantes da pesquisa, já que, entre os 29 alunos concluintes do Bacharelado em Educação Física, três eram licenciados na área (Participantes 3, 14 e 18). Tal
aspecto poderia causar alguma
diferença nos resultados? Sim. Não obstante, não se constatou nenhuma diferença significativa nos discursos destes
três participantes em relação
aos demais.
6. Considerações finais e aportes à área da Educação
Física
Em face da confirmação dos problemas formulados e da resposta aos objetivos
do presente estudo, fica patente que o sentido de corpo, no entendimento da
maioria dos alunos concluintes do Bacharelado em Educação Física, é calcado
numa visão tradicional e no modelo cartesiano, permeado por uma concepção
dualista de corpo/mente, com ênfase no paradigma biologicista e visão mecanicista. As
unidades de significado estabelecidas nos discursos provam tudo isso, já que
foi possível verificar que o corpo foi compreendido pelo viés
anatomofisiológico, de soma de partes sobre partes, e, igualmente, associado à máquina. Estas constatações são corroboradas pelo estudo de
Silva, Lüdorf, Silva e Oliveira (2009), que investigaram 103 alunos de primeiro
e de últimos períodos de Licenciatura em Educação Física de uma universidade
pública do Estado do Rio de Janeiro:
Conclui-se que os acadêmicos do curso
pesquisado apresentaram uma
visão de corpo ainda marcada por uma tendência biologizante, como não poderia deixar
de ser, dada a construção histórica da Educação Física, no entanto, surgiram importantes indícios de modificação ou ampliação dessa concepção, devido, possivelmente, sem exaurir outros fatores complexos
e interligados, ao arcabouço teórico derivado das disciplinas do curso de
Licenciatura ora pesquisado (p. 122).
Ainda com relação às unidades de significado com importante incidência, a
presente pesquisa comprovou, nos discursos de muitos alunos, uma associação do corpo à
esfera da divindade, do espiritual, da religião e, também, sua integração à questão do
utilitarismo.
Os resultados encontrados são preocupantes, considerando o fato de se constatar que a maioria dos alunos concluintes ainda está atada a uma concepção de corpo-objeto, caracterizado
em sua fragmentação num mundo de concepção mecânica (Nóbrega, 2010).
Talvez isto mostre, em certo sentido, que os trabalhos produzidos na
Educação Física que enfocam o corpo-sujeito não têm tido repercussão
em alguns cursos de formação
profissional na área,
demandando maior esforço acadêmico para alterar a situação. Há, sem dúvida, uma
necessidade de alterar e/ou equilibrar este quadro.
Esse panorama sinaliza para a necessidade de
considerar, nos cursos de Bacharelado em Educação Física, o ensino da corporeidade, fator importante para (re)significar o conceito e a atitude perante o vivenciar do corpo. Ser
corporeidade exige mudança
de paradigma no conhecimento e no trato com o corpo do aluno/cliente.
Será que a Educação Física está preparada para enfrentar esse desafio? O profissional bacharel, em sua atividade diária
de ensinar o conhecimento e
a prática da execução dos exercícios físicos, deve se ater ao sentido de corpo-sujeito, abandonando a perspectiva de corpo-objeto a ser manipulado ou simplesmente “malhado”. Fica aqui uma inquietação:
professores, pesquisadores e gestores de cursos universitários em Educação Física
estão realmente contribuindo
para essa formação mais humana dos futuros profissionais
da área?
Que os argumentos apresentados nesta pesquisa possam alertar para a importância
da aprendizagem do fenômeno
corpo/corporeidade, além de fomentar uma mudança de um paradigma
biologicista para uma concepção
humanista em relação ao
trato com o corpo!
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91209-91217, 20 sept.
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graduandos em bacharelado do curso de Educação Física de uma instituição de ensino superior
privada de Goiânia.
Lecturas: Educación Física y Deportes, 15(153), fev. Disponível em https://bit.ly/3kcZ3TN
1 A título de esclarecimento, o vocábulo “Bacharelado” não pode ter tradução literal à língua castelhana. Na Espanha, local de publicação da Revista Iberoamericana de Educación (RIE), a denominação oficial deste tipo de
curso na área da Educação
Física é Grado en Ciencias
de la Actividad Física y del Deporte (España, 2018).
Como
citar (APA): Botelho, R. G., Paiva, W. S. de C.
& Moreira, W.W. (2021). Bacharelado em Educação Física: qual o entendimento de alunos concluintes em relação ao fenômeno corpo/corporeidade?.
Revista Iberoamericana de Educación,
85(2),27-52. https://doi.org/10.35362/rie8523938 |