Revista Iberoamericana de Educación (2023), vol. 93 núm. 1, pp. 127-141 - OEI

https://doi.org/10.35362/rie9315996 - ISSN: 1022-6508 / ISSNe: 1681-5653

recibido / recebido: 15/08/2023; aceptado / aceite: 18/09/2023

Princípios e práticas da internacionalização na Educação Básica

José Marcelo Freitas de Luna 1 https://orcid.org/0000-0002-1212-7899

Luciane Stallivieri 2 https://orcid.org/0000-0002-2104-8607

1 Universidade de Brasília (UnB), Brasil; 2 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Brasil

Resumo. A internacionalização da educação básica adquire cada vez mais espaço nos fóruns de discussão, pois contribui para o desenvolvimento de competências essenciais para o mundo do trabalho e para a constituição da cidadania global. No entanto, ainda precisa ser estudada, pois a quantidade de publicações é insipiente. Programas de Pós-graduação voltam o seu olhar para esse fenômeno, pois está evidenciado que sua compreensão é fundamental para o avanço da internacionalização. Diante disso, questionamos que achados de pesquisa identificam-se com princípios e práticas de internacionalização na educação básica? O estudo objetiva inventariar os resultados das pesquisas cujos objetos estejam relacionados ao tema. Como corpus, utilizamos as dissertações e as teses do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Itajaí, Instituição a que abriga o único Grupo de Pesquisa em Estudos Linguísticos e Internacionalização do Currículo no Brasil. É um estudo de cunho qualitativo, com objetivo exploratório, realizado a partir de pesquisa bibliográfica e documental. O levantamento e a análise dos dados apresentam o inventário das dissertações e teses que tratam da internacionalização da educação básica. O inventário revela a direção que os estudos estão adotando, especialmente para o desenvolvimento do processo de internacionalização do currículo.

Palavras-chave: internacionalização na educação básica; internacionalização do currículo; programa de pós-graduação em educação; cidadania global.

Principios y prácticas de la internacionalización de la Educación Básica

Resumen. La internacionalización de la educación básica está ganando cada vez más peso en los foros de debate, puesto que contribuye al desarrollo de competencias esenciales para el mundo laboral y a la construcción de una ciudadanía global. No obstante, este es un factor que debe seguir estudiándose ya que la cantidad de publicaciones disponibles es escasa. Muchos programas de posgrado se están enfocando en este fenómeno, puesto que comprenderlo es fundamental para avanzar en el proceso de internacionalización. Teniendo esto en cuenta, ¿qué resultados de la investigación se identifican con los principios y prácticas de la internacionalización de la educación básica? El objetivo de este estudio es catalogar los resultados de las investigaciones cuyo objeto guarde relación con este asunto. Como corpus, utilizamos las memorias y tesis del Programa de Postgrado en Educación [Programa de Pós-Graduação em Educação] de la Universidade do Vale do Itajaí, que cuenta con el único Grupo de Investigación sobre Estudios Lingüísticos e Internacionalización del Programa de Estudios de Brasil. Se trata de un estudio cualitativo con un objetivo de exploración, basado en la investigación bibliográfica y documental. La recopilación y el análisis de datos presentan un inventario de memorias y tesis que versan sobre la internacionalización de la educación básica. El resumen revela el rumbo que están tomando los estudios, particularmente hacia el desarrollo del proceso de internacionalización del programa de estudios.

Palabras clave: internacionalización de la educación básica; internacionalización del programa de estudios; programa de posgrado en educación; ciudadanía global.

Principles and practices of the internationalisation of Basic Education

Abstract. The internationalization of primary education is gaining more and more space in discussion forums as it contributes to developing essential skills for the world of work and the constitution of global citizenship. However, it still needs to be studied, as the number of publications is incipient. Postgraduate programs turn their attention to this phenomenon, as understanding it is fundamental to advancing internationalization. Given this, we question which research findings identify with the foundations and practices of internationalization of primary education. The study aims to inventory the results of research whose objects are related to the topic. As a corpus, we used the dissertations and theses from the Postgraduate Program in Education at the University of Vale do Itajaí, which houses the only Research Group in Linguistic Studies and Internationalization of the Curriculum in Brazil. It is a qualitative study with an exploratory objective based on bibliographic and documentary research. The data collection and analysis present an inventory of dissertations and theses that deal with the internationalization of primary education. The research reveals the direction studies adopt, especially for developing the curriculum internationalization process.

Keywords: internationalization of primary education; curriculum internationalization; graduate program in education; global citizenship.

1.Introdução

Conceber e defender a internacionalização para todos são princípios e práticas de pesquisadores e gestores da educação superior e, também, da educação básica. Nilsson (1998)1, do seu lugar de estudioso e articulador do que são conjuntamente fundamento e exercício para a instituição escolar, fez ecoar, ainda em 1998, uma voz enfática sobre o currículo como a base e o alvo da internacionalização. Seu tom pode-se afirmar inclusivo de todos os níveis e modalidades de ensino; sua retórica pode-se asseverar abrangente de todos os estudantes. Harari (1992), por sua vez, em seu texto inaugural da matéria da internacionalização associa a ênfase no currículo à necessidade e à oportunidade de preparar os estudantes para um mundo marcadamente multicultural e altamente interdependente, no qual eles vivem e no qual terão que trabalhar. Mais contemporaneamente e no entorno das instituições latino-americanas, temos, da mesma forma, falado e ouvido sobre princípios e práticas de uma internacionalização para todos na educação básica.

Os programas de pós-graduação começam a fertilizar produções que tomam como objetos científicos à docência na e para a internacionalização, o desenvolvimento de competências comunicativas interculturais por intercâmbios interinstitucionais, os facilitadores e os bloqueadores da internacionalização do currículo, a diversidade do crescente processo migratório entre países da América Latina, entre outros. Trata-se de trabalhos mais recentes que ilustram a ocupação de grupos de pesquisa com a temática da internacionalização na educação básica.

Embora a produção científica exploradora da internacionalização na educação básica seja realmente crescente, a sua visibilidade no mundo acadêmico ainda é comprovadamente discreta. Jacinto (2020) relata que apenas 20% dos artigos, capítulos e livros publicados, que constituíram o corpus de sua revisão de literatura, são sobre internacionalização na educação básica. Barrios (2021) da mesma forma pode respaldar essa afirmação, ao exibir os dados de sua revisão de literatura: 19% das dissertações e das teses sobre educação básica tinham ganhado contornos coloridos de publicação. Dito de outra forma, os 79% das publicações derivadas de dissertações e teses são daquelas sobre educação superior. Este achado não é surpreendente, por um lado, ao leitor acostumado com o primado da educação superior; o número de trabalhos científicos equipara-se, em tese, àquele de programas e projetos de mobilidade internacional da educação superior. Por outro lado, nós – leitores, autores, pesquisadores – inquietamo-nos com a falta de visibilidade e, portanto, de conhecimento científico divulgado e disseminado da matéria.

Que achados de pesquisa identificam-se com princípios e práticas de internacionalização na educação básica? Esta inquietação assume o contorno de pergunta deste trabalho, que, consequentemente, objetiva inventariar as pesquisas cientificas cujos objetos estejam relacionados ao processo de internacionalização na educação básica. Para fins de delimitação do escopo deste trabalho, reunimos como corpus as dissertações e teses defendidas ao longo do período de 2017 e 2022, junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação2 da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

Além desta introdução, este trabalho encontra-se organizado em quatro partes. Na primeira, expomos uma definição de internacionalização na educação básica, provocados por uma discussão acerca do seu lugar na educação em geral e na formação dos estudantes em particular. Isso será feito com o aporte de teorias e práticas relacionadas à educação superior, como forma de se demonstrar o que se encontra disponível e, portanto, o que justifica o objetivo deste trabalho. A segunda parte do texto apresenta o caminho metodológico para a realização da pesquisa. Na sequência, apresentamos o inventário dos achados das dissertações e teses que tratam da internacionalização na educação básica. Isso será feito pela taxonomia dos objetivos de cada trabalho e da exposição dos respectivos dados e suas análises. A última parte, por sua vez, arremata o estudo com a resposta expandida à pergunta “Que achados de pesquisa identificam-se com princípios e práticas de internacionalização na Educação Básica?

2. Metodologia

O caminho metodológico para a realização desta pesquisa é de abordagem qualitativa, com o objetivo exploratório, pois pretende-se proporcionar uma visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato, no caso a internacionalização na educação básica. De acordo com Gil (2008, p. 28), “as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis.

Tendo presente que este estudo objetiva inventariar as pesquisas cientificas cujos objetos estejam relacionados ao processo de internacionalização na educação básica, procedeu-se o levantamento das teses e dissertações defendidas sobre o tema. Para fins de delimitação do escopo deste estudo, reunimos como corpus as dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas ao longo do período de 2017 e 2022 junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), instituição de ensino superior comunitária, localizada no Sul do Brasil. Tal recorte espacial e temporal justifica-se por ser a Instituição a que abriga o Grupo de Pesquisa em Estudos Linguísticos e Internacionalização do Currículo, único grupo formal registrado junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no Brasil.

Optamos por este recorte por outros dois elementos fundamentais, quais sejam os conceitos obtidos na avaliação dos programas de Doutorado e de Mestrado junto à Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e a presença de um dos pesquisadores deste estudo como orientador das teses e das dissertações analisadas. Tal fato, assegura o conhecimento aprofundado dos pesquisadores sobre o tema, uma vez que participaram de todo o desenho das pesquisas, o acompanhamento da realização das etapas investigativas de cada uma delas, até a conclusão dos trabalhos e apresentação na presença de bancas públicas formadas por pesquisadores de alto renome nacional e internacional.

Para a organização dos dados decorrentes das teses e das dissertações, optamos pela taxonomia, uma vez que se trata da teoria ou nomenclatura que descreve e classifica um objeto de estudo científico, de modo a explorar as características de um assunto específico e utilizá-las para determinado fim.

No caso do presente estudo, pode-se ir além, pois ademais da realização da análise de cada um dos trabalhos, foi possível identificar a sua aproximação com os eixos estruturantes propostos pelos Parâmetros Nacionais para a Internacionalização na Educação Básica, lançado pelo Governo Brasileiro em data recente a este estudo, ou seja, 13 de dezembro de 2022, e que se encontra em fase de publicação oficial, apesar de já estar disponível para consulta (Brasil, 2022).

3. Por uma definição de internacionalização da educação básica

Há que se falar sobre internacionalização da educação, da escola, dos escolares. Síveres (2020) oportuna e pertinentemente num capítulo do livro intitulado Internacionalização da educação básica e superior: desafios, perspectivas, experiências (Brito, 2020), trata da relevância da internacionalização, “da educação básica à educação superior.” Ousamos complementá-lo, lembrando-nos de que a divisão de níveis é didática, por não esconder o continuum que há, o continuum que é a educação.

Sendo também um processo contínuo, a internacionalização, temos dito, é abrangente de tudo, de todo o currículo, de todos os anos escolares e de seus sujeitos e agentes. Assim, podemos usar, aqui também, a metáfora do fio condutor para referir a internacionalização do currículo (IoC). Ele conduz a educação, do global para o local, do mundo para o Brasil, internacional e interculturalmente, em vias de mão dupla, esta outra metáfora.

A interlocução entre a básica e a superior garante um fluxo que se deseja coerente com a formação do cidadão e da cidadã global. Quanto mais cedo e mais seguidamente a escola tratar de saberes, por estratégias de ensino e aprendizagem variadas, por avaliações sensíveis culturalmente, mais preparados estarão os jovens para a vida em sociedade em suas múltiplas referências.

Nessa mesma linha de análise e buscando compreender e estabelecer definições teóricas, que levem em conta a realidade em que a educação básica está inserida, o Governo Brasileiro lançou, em 2022, o documento intitulado “Parâmetros Nacionais para a Internacionalização na Educação Básica no Brasil”, resultado de um trabalho desenvolvido pela Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC). Na origem das discussões, esteve a percepção de que era necessário “pensar a internacionalização do binômio ensino aprendizagem desde a formação inicial dos estudantes brasileiros” (Brasil, 2022, p.6).

O documento do Governo brasileiro introduz uma relevante definição, ao afirmar que:

Internacionalização na Educação Básica é um processo que internaliza a perspectiva de abertura para o mundo para todas as crianças e adolescentes, jovens e adultos da Educação Básica, promovendo transformações nos ambientes educativos para uma educação de qualidade, e preparando os estudantes e demais atores para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho no cenário local, regional, nacional e internacional (Brasil, 2022, p.10).

Tal conceito evidencia a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas para os efetivos movimentos em direção à implementação da internacionalização na educação básica para todos e reforça a necessidade de aprofundamento científico sobre o tema.

Os achados de pesquisas recentes, como Luna (2018), servem para evidenciar que as escolas que se apresentam como internacionais exibem duas monoculturas. Dito de outra forma, seus currículos são ministrados de forma bilíngue, notadamente inglês e português, sem a apreciação tampouco a utilização da ecologia de saberes (Santos, 2002).

Há que se ponderar que a inclusão de disciplinas ou de atividades interculturais na grade curricular de cursos e programas já estabelecidos e consolidados nem sempre é uma tarefa fácil. Há que se ter elementos robustos para justificar a sua oferta e há que se ter clareza de que a proposta será acolhida pelo público-alvo, ou seja, os estudantes e os professores, e que contará com o apoio institucional para seu desenvolvimento, nomeadamente o apoio dos coordenadores e dos responsáveis pela escola de educação básica. Portanto, a sua forma, seu conteúdo, a sua bibliografia, a língua de instrução, as avaliações, o plano de ensino precisam estar muito bem definidos e alinhados com o projeto pedagógico da escola, com a finalidade da IoC e com a proposta curricular de formar cidadãos globais, garantindo a sua regularidade (Santos, 2002).

Por outro lado, anima-nos constatar que as intervenções didático-pedagógicas que se vêm fazendo, como procedimento de pesquisa sobre a IoC, provam-se exitosas. Toda e cada uma das disciplinas curriculares, de qualquer ano e unidade escolares são passíveis de infusão de perspectivas multiculturais e internacionais. Exemplarmente, trata-se de revisar o currículo que a escola tem, refletindo sobre os seus aspectos formais e informais, com perguntas como:

Até que ponto os sistemas de ensino e de aprendizagem dão conta de desenvolver, em todos os estudantes, conhecimentos e habilidades internacionais e interculturais?

Fica evidente a necessidade do aprofundamento dessas questões, especialmente alicerçadas em práticas e em modelos teóricos que possam alinhar o entendimento do que a internacionalização na educação básica pode representar para o desenvolvimento de jovens e adultos e sua formação para a cidadania global, bem como para a inserção no mercado de trabalho.

Os Parâmetros Nacionais para Internacionalização na Educação Básica (Brasil, 2022) exploram este contexto e sinalizam quatro eixos estruturantes que subsidiam a formação conceitual das práticas.

Figura 1. Parâmetros Nacionais para a Internacionalização na Educação Básica – Eixos estruturantes.

Fuente: elaborado pelos autores.

Coletadas e analisadas por uma escala de descritores, de um continuum de currículo localizado a um currículo internacionalizado, as perguntas e respostas compõem, em Leask (2015), um questionário, que se pode dizer aplicável a professores e a gestores de instituições e níveis educacionais diversos. A supracitada autora e nós recomendamos que este estágio seja percorrido, coletiva e criticamente, pelo corpo docente e pelo dirigente do curso, e que a discussão comece pelo entendimento teórico e prático do que é IoC.

Já o segundo estágio, o da imaginação, marca a diferença entre o processo de IoC e aqueles de revisão curricular em geral. Após responderem à pergunta sobre o grau de internacionalização do currículo no contexto institucional em que se encontra ambientado, os professores e gestores institucionais são orientados a desafiar o que se encontra estabelecido em termos de conteúdo, de objetivo, de estratégia e de avaliação.

Por esse fomento ao questionamento e à imaginação de outras formas possíveis de conceber e desenvolver o currículo, nós defendemos que, diferentemente das revisões que focam no conteúdo, a IoC define-se como a incorporação de dimensões internacionais e interculturais ao conteúdo, mas, também, a todos os componentes do currículo formal, informal e oculto. Pontualmente, a pergunta que guia este estágio é:

-  Que outros meios de pensar e fazer são possíveis?

Depois da reflexão e imaginação, chega-se ao estágio de revisão e planejamento. De acordo com a literatura pertinente, a pergunta a ser respondida é consequentemente a seguinte:

-  Dadas as possibilidades de IoC, quais são as mudanças que nós queremos fazer ao curso?

Assim conduzido, o estágio de imaginação garante a desenvoltura necessária para os dois seguintes estágios, quais sejam, a ação e a avaliação. As perguntas que norteiam a implementação e a avaliação do redimensionamento curricular são, respectivamente, as seguintes:

-  Como saberemos se os objetivos de IoC foram alcançados?

-  Até que ponto nós atingimos os objetivos de IoC?

As atividades que se recomendam para o estágio da ação variam da inclusão de estratégias de ensino diversificadas de acordo com o perfil multicultural da turma de estudantes, passando pela infusão de conteúdos programáticos que reflitam epistemologias e referências bibliográficas as mais variadas culturalmente, chegando-se a expedientes avaliatórios culturalmente sensíveis.

Podemos expandir essas considerações, de forma a abranger as políticas educacionais. Observando o que afirma o documento do Governo Brasileiro, Parâmetros Nacionais para Internacionalização na Educação Básica,

A escola precisa estar atenta a esses movimentos e necessita estar habilitada a responder de forma qualificada às novas demandas da sociedade. Essas demandas estão relacionadas com a formação de cidadãos que tenham condições de interagir com indivíduos de outras culturas, estabelecendo os mais variados meios de comunicação de forma eficaz e adequada (Brasil, 2022, p.11).

Portanto, todas as escolas, por seus currículos, possuem um grau de internacionalização aferível, grau que pode ser aumentado, a partir de políticas, programas e projetos.

As linguísticas destacam-se como as políticas mais demandadas no contexto global. O ensino de inglês equivocadamente prepondera como requisito de internacionalização. Dizemos ser equivocado não por negar a relevância deste idioma para a viabilização da infusão de referências bibliográficas internacionais, por exemplo; o que reputamos como desacertado é considerar o inglês como a única língua estrangeira da escola ou o uso dela como instrução monocultural das outras disciplinas.

A política linguística da e para a internacionalização deve assumir como princípio a relação íntima, valiosa e pluralística entre línguas e culturas; assim no plural, que designa que são vários os acentos, os usos, os saberes, as estratégias de ensino e aprendizagem e que são diversos os meios de avaliar. A política linguística da e para a internacionalização deve desdobrar-se em planejamentos linguísticos, a começar por aqueles de sensibilização à aprendizagem de línguas por intercâmbios de saberes, inclusive o metalinguístico. As experiências de telecolaboração, em especial, as de ensino e aprendizagem de línguas em tandem são exemplares da relação entre língua e cultura, entre formas de ensinar e aprender, e entre políticas linguísticas e o processo de internacionalização. Por experiências na educação superior, o planejamento, adicionalmente, deve incluir o ensino de inglês e o das línguas dos migrantes. Neste sentido, devem-se estabelecer e manter o ensino de português como segunda língua, e aqueles como língua estrangeira e língua de herança. Comprovadamente, a internacionalização na educação básica beneficia-se de projetos de internacionalização da língua portuguesa e vice-versa.

O exercício de interlocução com a educação superior permite-nos expor uma definição para a educação básica, qual seja, a internacionalização é para todos (Nilsson, 1998), para todas as crianças e adolescentes, jovens e adultos da educação básica. Trata-se de um processo de infusão, das perspectivas multiculturais dos saberes, ao ensinar e ao aprender de conteúdos curriculares formais e informais, apoiando-se em práticas de intercâmbios abrangentes e desierarquizados.

Trata-se, assim, de uma reformulação desejável e possível dos currículos dos cursos e das consequentes práticas de ensino e de avaliação na escola, no campus, domesticamente, visando à formação do cidadão e da cidadã global.

4. Pelo conhecimento dos princípios e práticas da internacionalização na educação básica

Ao retomar o objetivo deste estudo de inventariar as pesquisas cientificas cujos objetos estejam relacionados à educação básica, para fins de delimitação do escopo deste trabalho reunimos como corpus as dissertações de mestrado e as teses de doutorado defendidas ao longo do período de 2017 e 2022 junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Univali.

O PPGE é constituído pelo curso de Mestrado Acadêmico e pelo Doutorado em Educação. Situado no campus de Itajaí, no litoral norte catarinense, o PPGE forma recursos humanos de alto nível de especialização desde 2001. Neste período, o Programa contribuiu para a formação de alguns dos principais gestores e pesquisadores da Educação. O PPGE possui um eixo curricular articulador focado nas Políticas Públicas e Práticas Educativas, o qual se propõe a identificar e caracterizar as principais políticas públicas de educação em vigência no Brasil, analisando os princípios orientadores e a sua consolidação em normas, programas e práticas educativas.

Entre as Linhas de Pesquisa do Programa estão: Políticas para a Educação Básica e Superior. Esta linha de pesquisa investiga as questões relativas às Políticas Públicas da Educação Básica e Superior, Políticas Públicas de Currículo e Avaliação, assim como, as Políticas de Formação de Professores (Univali, 2023).

Decorrente das investigações propostas por esta Linha, o presente estudo identificou seis produções em nível de mestrado e cinco em nível de doutorado, publicadas entre os anos de 2017 e 2022, gerando um corpus de análise suficiente para identificar as grandes tendências e as bases teórico conceituais que subsidiam e ampliam as investigações sobre internacionalização curricular na educação básica, conforme apresentam os quadros, que se seguem.

Especial ênfase deve ser dada ao fato de que a escolha pela Instituição de Ensino Superior estudada é que ela abriga o Grupo de Pesquisa em Estudos Linguísticos e Internacionalização do Currículo, único grupo formal registrado junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no Brasil. As dissertações de mestrado abordaram as seguintes temáticas:

Quadro 1. Dissertações apresentadas ao PPGE no período compreendido entre 2017 e 2022.

Produção

Autor

Tipo

Ano

A educação de surdos pelos estágios do processo de internacionalização do currículo

Santiago, V.N.

Dissertação

2017

Internacionalização do currículo da educação de jovens e adultos pela perspectiva da educação intercultural

Zeferino, E.

Dissertação

2018

Intersecções entre internacionalização do currículo e políticas linguísticas

Graziottin, M.

Dissertação

2018

Foucault e Boaventura: um diálogo de possibilidades pela via da internacionalização do currículo

Pereira, S. A.

Dissertação

2019

Estudos surdos e internacionalização do currículo: aproximação epistêmica horizontal

Pereira, I.

Dissertação

2019

Interculturalidade e competência comunicativa intercultural no Ensino Fundamental II

Barrios, L. G.

Dissertação

2021

Internacionalização do currículo: uma proposta para a educação básica

Jacinto, J. F.

Dissertação

2022

Fonte: Elaborado pelos autores, com dados da pesquisa.

Da mesma forma, o Programa conta com cinco trabalhos de doutorado que também foram defendidos no mesmo período e que abordam o tema da internacionalização do currículo na educação básica.

Quadro 2. Teses apresentadas ao PPGE no período compreendido entre 2017 e 2022.

Produção

Autor

Tipo

Ano

Cartografia dos imaginários do progresso de estudantes brasileiros: subsídios para um repensar necessário da episteme moderno/colonial na educação básica

Edmundo, E. G. S.

Tese

2018

A atuação do professor na internacionalização do currículo: uma contribuição a partir da teoria fundamentada

Belli, M.

Tese

2019

Cartografar na educação básica pública em reforma: linhas pela internacionalização do currículo como plano de imanência

Bona, C. T. A.

Tese

2020

Possibilidades intermatemáticas em seus aspectos metodológicos, epistemológicos e filosóficos: por uma internacionalização do currículo como plano de imanência

Bona, J.

Tese

2020

Caminhos para a internacionalização do ensino de língua portuguesa na perspectiva da educação intercultural: intersecções discursivas a partir de um currículo oficial

Oliveira, A. F. de

Tese

2022

Fonte: Elaborado pelos autores, com dados da pesquisa.

Para responder à questão central deste estudo, utilizamos a taxonomia, valendo-nos da nomenclatura que descreve e classifica um objeto de estudo científico, de modo a explorar as características de um assunto específico e utilizá-las para determinado fim. Por meio da leitura dos objetivos de cada um dos trabalhos selecionados para compor o corpus da pesquisa e tendo presente a posição de um dos pesquisadores deste estudo como orientador das teses e dissertações, foi possível identificar os achados que se alinham com os princípios e práticas de internacionalização na educação básica, que serão apresentados a seguir.

A internacionalização, lembremo-nos, deve ser para todos; não se trata de uma prescrição. Ao invés, diz sobre uma inclusão, como todas as outras, devida e premente. Assumir esse processo como abrangente é reconhecer que todas as escolas e escolares são multiculturais, ou seja, reúnem(se) em condições propícias ao intercâmbio de saberes.

Do que precisamos é de revisão do que há e da imaginação do que pode ser diferente, digamos, mais internacionalizado. Daí para as ações e avaliações, todos esses estágios intercalados por muita negociação entre os envolvidos, conforme propõe Leask (2015). Conflitos? Há, haverá; eles são comuns e producentes à interculturalidade, à internacionalização.

Concebendo assim a internacionalização, este processo é gerador de competências comprovadamente valiosas ao desempenho escolar, ao profissional e à vida em sociedade em geral. Respeito ao outro, tolerância à ambiguidade, abertura, descoberta de conhecimento, empatia, consciência comunicativa, flexibilidade comportamental e adaptabilidade destacam-se como contributos da internacionalização. Esta afirmação encontra comprovação na dissertação de mestrado de Jacinto (2022) que investigou a Internacionalização do currículo: uma proposta para a educação básica, bem como naquela de Santiago (2017), investigando a educação de surdos pelos estágios do processo de internacionalização do currículo.

O que também conta com comprovação é que, tal como na educação superior, a internacionalização adentra o universo de preconceitos e de discriminações presentes na sociedade; questiona o caráter monocultural e hegemônico, articula igualdade e diferença, resgata processos de construção das identidades culturais e promove experiências de interação com o ‘outro’, além de reconstruir a dinâmica educacional trazendo para os processos de ensino-aprendizagem a dúvida seguida da investigação pela aquisição de novos saberes.

Feito na educação básica o exercício da tradução, de inteligibilidade alarga a mente humana. Respaldo para essa manifestação temos nas dissertações de Graziottin (2018), que estabelece reflexões sobre as intersecções entre internacionalização do currículo e políticas linguísticas e I. Pereira (2019) que investiga os estudos surdos e internacionalização do currículo: aproximação epistêmica horizontal. Entre as teses doutorais, chamam nossa atenção as produções de J. Bona (2020) que questiona as possibilidades intermatemáticas em seus aspectos metodológicos, epistemológicos e filosóficos: por uma internacionalização do currículo como plano de imanência; e a tese de C. Bona (2020), que objetiva cartografar na educação básica pública em reforma, as linhas pela internacionalização do currículo como plano de imanência.

Há evidências também para a formação do perfil de cidadão global. Aprendendo com a Oxfam International (2023)3, uma das maiores Organizações Não-governamentais (ONGs) do mundo, os autores de IoC apontam para o seguinte perfil do estudante ambientado em um currículo internacionalizado pela educação intercultural:

a) está ciente da amplitude do mundo e do seu papel como cidadão;

b) respeita e valoriza a diversidade;

c) tem uma compreensão acerca de como o mundo opera em termos econômicos, políticos, sociais, culturais, tecnológicos e ambientais;

d) indigna-se com a injustiça social;

e) participa e contribui com a comunidade em nível local e global;

f) deseja agir para fazer o mundo mais sustentável;

g) assume responsabilidade por suas ações.

Estas relações são particularmente respaldadas pela dissertação de Zeferino (2018), que buscou compreender a internacionalização do currículo da educação de jovens e adultos pela perspectiva da educação intercultural, da mesma forma que a tese de Edmundo (2018) nos trouxe ao investigar e propor a cartografia dos imaginários do progresso de estudantes brasileiros, identificando subsídios para um repensar necessário da episteme moderno/colonial na educação básica .

Os resultados das pesquisas que vimos conduzindo sobre a IoC na educação básica revelam que, sem a infusão de perspectivas multiculturais e internacionais, os discursos dos estudantes sobre a pobreza, por exemplo, mobilizam imaginários globais dominantes de progresso e, ao fazer isso, legitimam as promessas da modernidade ocidental baseadas em valores universais (Edmundo, 2018). Segundo a autora, desta que é, também uma tese de doutorado do Grupo de Pesquisa em Internacionalização do Currículo do PPGE, foi observada particularmente a naturalização de significados e de práticas institucionalizadas nos discursos. Nos imaginários, essas naturalizações foram marcadas pela estabilização dos sentidos de modo que, para tornar mais convincentes os argumentos explicativos de soluções e práticas possíveis para enfrentamento dos problemas apresentados relacionados à pobreza, os sujeitos partem de uma suposta percepção correta do mundo.

Reforça-se, assim, o lugar da IoC, como processo que garante a ecologia dos saberes (Santos, 2002) e, consequentemente, a sua inteligibilidade, ou seja, a tradução, sem exclusão, tampouco substituição de epistemologias globais; ao invés, trata-se da infusão de perspectivas multiculturais, por atividades interculturais, frisemos.

Ainda a propósito da tese de Edmundo (2018), há nela o reforço para que o trabalho das escolas comece nas idades mais jovens para construir a capacidade dos alunos para trabalhar e tomar consciência das perspectivas dos outros, e que os professores devem trabalhar constantemente para ampliar o contexto dessas perspectivas de locais para globais. Um currículo internacionalizado torna a competência intercultural um ativo.

Voltemos às pesquisas sobre IoC, com base no corpus deste trabalho, notadamente sobre os estágios desse processo, nos termos de Leask (2015): “Que outros meios de pensar e fazer são possíveis?” Responder(-se) a essa pergunta pode implicar vê-la desdobrada em perguntas acerca da validade daquilo que fazemos - como a forma pela qual ensinamos, acerca do que sabemos - quanto que sabemos sobre os fundamentos culturais das nossas disciplinas, e acerca da nossa crença - como no aprendizado dos nossos estudantes. Trata-se de um desafio reconhecermo-nos por nossos fundamentos (mono)culturais. “Dadas as possibilidades de IoC, quais são as mudanças que nós queremos fazer ao curso?”. Responder a essa pergunta é, para os docentes envolvidos no processo de IoC, não só dizer o que querem, mas, também, o que lhes é possível, por sua formação e atuação, e o que lhes é permitido, dentro do tempo de que dispõem, para a revisão do que imaginaram e para o planejamento das aulas da disciplina.

Pela nossa experiência como formadores de professores, a transição entre os dois estágios – imaginação e revisão / planejamento (Leask, 2015) dá-se pelo confronto com uma inquietante e, por vezes, não revelada dúvida, por parte dos professores, acerca da capacidade para o trabalho de tradução necessária, bem como para, consequentemente, a exploração da sociologia das ausências e a sociologia das emergências, expressão cunhada por Santos (2002) para designar o modelo de racionalidade hegemônico.

Dito de outra forma, embora concordem que “a compreensão do mundo excede em muito a compreensão ocidental do mundo” (Santos, 2002), alguns professores não se sentem seguros em romper com a monocultura do saber e do rigor do saber, uma das lógicas de produção da não-existência. Este fato é também evidenciado na tese de Belli (2019) que investigou sobre a atuação do professor na internacionalização do currículo: uma contribuição a partir da teoria fundamentada.

Envolver-se no processo é desafiador: é criticar as instituições escolares como centros hegemônicos de produção, contribuindo para a sua transformação em espaços próprios para uma ação curricular que valorize a diversidade cultural e epistemológica como promotora da internacionalização para todos. Quem bem desenvolve esta defesa é Oliveira (2022), em sua tese de doutorado, ao identificar caminhos para a internacionalização do ensino de língua portuguesa na perspectiva da educação intercultural: intersecções discursivas a partir de um currículo oficial.

Para todos os desafios, há, pela literatura, fundamentos e procedimentos. Para a avaliação da IoC em geral, as atividades que se recomendam incluem a coleta de dados em todos e em cada um dos estágios, de forma a gerar retroalimentação de todo o processo, bem como os procedimentos de análise e discussão dos impactos do redimensionamento.

Baseados na nossa investigação, respaldados que estivemos nas dissertações e teses supracitadas, a avaliação pode redundar no apontamento dos dificultadores institucionais contra os quais os professores entendem que não podem lutar como, por exemplo, a inclusão ou exclusão de disciplinas. O que, com base na nossa experiência, se recomenda é a ratificação da necessidade de o professor centrar-se na avaliação crítica, por uma dinâmica interdisciplinar e holística de investigação, de quanto que os paradigmas dominantes foram questionados a partir da inclusão daqueles tidos como inexistentes e da emergência de outros considerados como marginais, e acreditar que a internacionalização na educação básica é uma realidade possível. Esta viabilidade fundamentada encontra-se exibida na dissertação de S. Pereira (2019) sobre Foucault e Boaventura: um diálogo de possibilidades pela via da internacionalização do currículo, e na dissertação de I. Pereira (2019), já referenciada anteriormente, bem como na tese de Oliveira (2022) que estabelece reflexões e contribui com a ampliação do conhecimento tratando dos caminhos para a internacionalização do ensino de língua portuguesa na perspectiva da educação intercultural: intersecções discursivas a partir de um currículo oficial.

Ancorados nas produções acadêmicas decorrentes do Grupo de Pesquisa do Programa de pós-graduação analisado, temos, portanto, evidências de resultados investigativos que alargam a produção do conhecimento científico e ampliam a necessidade de avanços nas discussões sobre a internacionalização na educação básica, apontando, especialmente, para a necessidade de avançar com os com princípios e práticas de internacionalização na educação básica.

5. Considerações finais

O presente estudo teve o objetivo de inventariar as pesquisas cientificas cujos objetos estivessem relacionados ao processo de internacionalização na educação básica, com a finalidade de responder a seguinte pergunta: Que achados de pesquisa identificam-se com princípios e práticas de internacionalização da educação básica? Para fins de delimitação do escopo deste capítulo, reunimos como corpus seis dissertações e cinco teses defendidas ao longo do período de 2017 e 2022, junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).

Pode-se concluir, mediante a leitura das teses e dissertações, que a sociedade contemporânea demanda por profissionais com competências interculturais que tenham conhecimentos e habilidades para transitarem em mercados multiculturais. As competências exigidas reforçam a necessidade do desenvolvimento do pensamento crítico, da criatividade, do uso de tecnologias, mas acima de tudo do entendimento das diferenças culturais e das diferentes formas de entender o mundo, respeitando as diferentes visões e manifestações de cada indivíduo.

O documento Educação para Cidadania Global (Unesco, 2015) traz como princípios fundamentais que devemos: estimular alunos a analisar criticamente questões da vida real e a identificar possíveis soluções de forma criativa e inovadora; apoiar alunos a reexaminar pressupostos, visões de mundo e relações de poder em discursos “oficiais” e considerar pessoas e grupos sistematicamente sub-representados ou marginalizados; enfocar o engajamento em ações individuais e coletivas, a fim de promover as mudanças desejadas; e envolver múltiplas partes interessadas, incluindo aquelas que estão fora do ambiente de aprendizagem, na comunidade e na sociedade mais ampla (Unesco, 2015).

Fica claro, portanto, que, para responder às novas demandas da sociedade e para o desenvolvimento dessas habilidades, é fundamental que todos os atores envolvidos estejam engajados com a formação para a cidadania global. Isso significa dizer que professores, gestores de escolas, estudantes e familiares devem conceber o novo conceito de internacionalização curricular como central para o desenvolvimento dos percursos formativos dos alunos.

O trabalho das escolas deve começar nas idades mais jovens para construir a capacidade dos alunos para trabalhar e tomar consciência das perspectivas dos outros, e que os professores devem trabalhar constantemente para ampliar o contexto dessas perspectivas de locais para globais.

O engajamento com a multiplicidade de metodologias de ensino, com a observância das especificidades ao mesmo tempo da multiplicidade de formas de aprendizagem, dos diversos repertórios linguísticos e culturais podem assegurar a formação da cidadã e do cidadão global. Ambientes de aprendizagem colaborativos, que privilegiem o acolhimento às diferentes manifestações linguísticas e culturais devem ser ambicionadas, com o objetivo maior de efetivar a verdadeira internacionalização para todos. É o que se espera do processo de internacionalização do currículo da educação básica.

Referências

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1 Bengt Nilsson (1998) desenvolveu o conceito de Internationalization at Home (IaH) (Internacionalização em Casa, tradução nossa) em Malmö em 1998 e, com a ajuda de uma grande rede a IaH tornou-se uma grande preocupação para o ensino superior em muitas universidades na Europa e em outras partes do mundo. A ideia básica tem sido deixar o processo de internacionalização abranger toda a universidade: todos os funcionários e todos os alunos – não apenas os 10% dos alunos móveis e alguns poucos professores.

2 Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado Acadêmico – Conceito 5 e Doutorado Acadêmico – Conceito 5 da CAPES.

3 A Oxfam International é uma confederação de 19 organizações e mais de 3000 parceiros, que atua em mais de 90 países na busca de soluções para o problema da pobreza, desigualdade e da injustiça, por meio de campanhas, programas de desenvolvimento e ações emergenciais.

Cómo citar en APA:

Luna, J. M. F. de & Stallivieri, L. (2023). Princípios e práticas da internacionalização na Educação Básica. Revista Iberoamericana de Educación, 93(1), 127-141. https://doi.org/10.35362/rie9315996