Apresentação
A característica mais destacada da educação
inicial contemporânea, entendendo por esta a atenção
educativa que se oferece às crianças desde o nascimento
até seu ingresso na educação de 1.º grau,
é o papel cada vez mais importante que este nível
educativo foi adquirindo ao longo das últimas décadas
na estrutura dos diferentes sistemas educativos.
O novo conceito de infância, que situa a criança como
sujeito que vive, pensa, ama e sonha em comunidade, como uma pessoa
completa, sujeito de pensamento, de afetos e de vida social, suscita
outros desafios para a sua educação. Por isto nos
propomos neste número da rie abordar aspectos teóricos
e práticos em diferentes cenários do trabalho educativo
com a primeira infância.
A esta primeira intenção responde, com razão,
a publicação de três trabalhos: o de José
Manuel Osoro e Olga Meng, «Escenarios para el análisis
y la construcción de un modelo de educación infantil»;
o de María Victoria Peralta, «El derecho de los más
pequeños a una pedagogía de las oportunidades en el
siglo xxi», e o de Maria Lina Iglesias Forneiro, «Observación
y evaluación del ambiente de aprendizaje en educación
infantil: dimensiones y variables a considerar».
Também pretendemos deixar constância aqui da importância
que para o desenvolvimento da subjetividade da criança podem
ter enfoques pedagógicos baseados na potenciação
didática dos campos da expressão corporal, da língua
e da literatura, da música, da plástica e, especialmente,
das brincadeiras. Neste sentido, foram Pedro Gil Madrona, Onofre
Ricardo Contreras e Isabel Gómez Barreto que facilitaram
o material que melhor reflete o significado que se quis dar a este
segundo bloco temático, com seu trabalho «Habilidades
motrices en la infancia y su desarrollo desde una educación
física animada».
Ao mesmo tempo, consideramos de interesse uma leitura crítica
das emergentes disciplinas «duras» que se vão
incorporando ao âmbito da educação inicial a
partir de uma perspectiva curricular adiantada do que será
a educação de 1.º grau das crianças: matemática,ciências
naturais, informática, etc. A esse respeito, apresenta-se
a contribuição de Leticia Gallegos Cázares,
Fernando Flores Camacho e Elena Calderón Canales com o artigo
«Aprendizaje de las ciencias en preescolar: la construcción
de representaciones y explicaciones sobre la luz y las sombras»,
que nos permite vislumbrar as possibilidades de incorporação
de conceitos científicos aos primeiros ensinamentos que as
crianças recebem.
Nesse cenário também é importante o tratamento
da relação das crianças com os adultos que
participam no contexto educativo, revisando e valorizando os mecanismos
de intervenção que correspondem a cada ator que tem,
sob a sua responsabilidade, a educação infantil. A
este respeito, a original perspectiva que adota Ruth Milena Páez
Martínez propõe uma reflexão sobre o objeto
concreto em que se encarna a subjetividade do docente de inicial:
«El cuerpo de la maestra de preescolar y su papel en la formación
de los niños».
Embora não formasse parte dos interesses manifestados na
convocação deste número, Fernanda Becker põe
de manifesto a necessidade de que não nos esqueçamos
das questões infra-estruturais que determinam as possibilidades
reais da educação inicial. Assim o demonstra com seu
trabalho «Educação infantil no Brasil: a perspectiva
do acesso e do financiamento».
Uma vez mais a seção «Outros temas» nos
permite apresentar alguns dos melhores trabalhos recebidos dos leitores
colaboradores. Três magníficas mostras disto são
os artigos de Antonio Monclús Estella e Carmen Sabán
Vera, «La enseñanza en competencias en el marco de
la educación a lo largo de la vida y la sociedad del conocimiento»;
em segundo termo, o de Viviana González Maura e Rosa Maria
González Tirados intitulado «Competencias genéricas
y formación profesional: un análisis desde la docencia
universitaria» e, finalmente, o trabalho de Alejandro Mayordomo
intitulado «El sentido político de la educación
cívica: libertad, participación y ciudadanía».
Cinco resenhas bibliográficas e o testemunho das publicações
recebidas na Redação completam este número
da rie, que esperamos satisfaça as expectativas dos que nos
honrarem com sua leitura.
Até a próxima.
Roberto Martínez Santiago
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