La Revista Iberoamericana de Educación es una publicación monográfica cuatrimestral editada por la Organización de Estados Iberoamericanos (OEI)

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OEI - Ediciones - Revista Iberoamericana de Educación - Número 29

Número 29
Ética y formación universitaria / Ética e formação universitária

Mayo-Agosto 2002 / Maio-Agosto 2002

Introdução

Roberto Martínez Santiago

A conferência Mundial sobre Educação Superior no século xxi, convocada pela UNESCO e celebrada em Paris, em outubro de 1998, colocava:

As instituições de educação superior devem formar os estudantes para que se convertam em cidadãos bem informados e profundamente motivados, providos de um sentido crítico e capazes de analisar os problemas, buscar soluções para os que se apresentam à sociedade, aplicar estas e assumir responsabilidades sociais.

Um elemento essencial para as instituições de ensino superior é uma enérgica política de formação pessoal. Deveriam estabelecer-se diretrizes claras sobre os docentes da educação superior, que deveriam ocupar-se, sobretudo, hoje em dia, de ensinar a seus alunos a aprender e a tomar iniciativas, e a não ser, unicamente, poços de ciência.

Faz muito tempo que se aceita –e parece positivo que assim seja– que as atividades pedagógicas e de investigação, próprias das universidades, não são neutras do ponto de vista das estruturas valorativas que definem e dão sentido às sociedades nas quais aquelas desenvolvem suas atividades.

A universidade atual tem, além do seu papel docente e de investigação, uma posição privilegiada enquanto difusora de conhecimentos e provedora de serviços à sociedade. Por outro lado, sua influência se estende sobre os modos de entender o mundo, as relações entre os seres humanos e destes com o meio natural, as decisões políticas, e, praticamente, sobre todas as esferas do pensamento e sobre a atividade da comunidade à qual se dirige.

Em definitivo, a universidade –de forma intencionada ou «inconsciente»– é, desde sua própria criação, um ator principal na construção do universo valorativo que rege nossas crenças, condutas e atitudes. E, respondendo a essa condição, deveria assumir a responsabilidade de atuar conseqüentemente.

Assim, a universidade teria que contemplar –em sua atividade formadora e de investigação– a incorporação de conteúdos éticos próprios para cada profissão, de forma que o futuro profissional, além de lograr ser um expert em sua matéria, estivesse em condições de atuar com base em critérios éticos. Para isso, a formação do futuro graduado ou profissional não pode reduzir-se a incrementar seu conhecimento deontológico, mas, sim, deve incorporar aprendizagens que permitam seu desenvolvimento ético e moral como pessoa, tanto em sua dimensão individual como social.

No amplo marco que nos empresta o título «Ética e formação universitária», a Revista trata, na parte monográfica deste número, uma quantidade importante de enfoques sobre uma questão que vai ganhando um espaço cada vez mais significativo nos debates acadêmicos sobre o moderno papel das instituições universitárias em sociedades democráticas e plurais.

Desta forma, pretendemos responder às expectativas de nossos leitores que, através de numerosas e diversas contribuições, vêm refletindo o interesse que, por estas questões, tem a comunidade acadêmica na Ibero-América.

Mostra desse interesse são os mais de dezoito meses nos quais se vem debatendo na versão digital da Revista , e a proposta da leitora Ana Teresa Molina Álvarez, se «podem formar-se valores na universidade?».

Tentamos contribuir a partir deste monográfico, e por meio das colaborações de reconhecidos experts em ética, educação moral e formação docente, com novos elementos e perspectivas que enriqueçam o tratamento do tema principal –a relação entre ética e formação universitária –, mas também os das questões derivadas do mesmo, como são as que vinculam a ética com o exercício das profissões, com a função não-profissional dos formandos universitários e com as conseqüências –públicas e particulares – do acionar destes diplomados e das instituições em que se formaram.

Expressamos nosso especial agradecimento ao catedrático da Universidade de Barcelona e colaborador do Programa de Educação em Valores da OEI, Miquel Martínez Martín, por seu inestimável apoio no desenho e coordenação deste monográfico.

Os membros do Grupo de Investigação em Educação Moral (GREM) da Universidade de Barcelona (Espanha), Miquel Martínez Martín, María Rosa Buxarrais Estrada e Francisco Esteban Bara, tratam sobre «a necessidade de elaborar uma proposta de formação em valores éticos para a educação superior em sociedades plurais».

A catedrática de Ética e Filosofia Política da Universidade de Valença (Espanha), Adela Cortina, aborda, a partir da perspectiva das éticas aplicadas, três questões que as relacionam com o papel regulador/funcional/orientador que estão adquirindo na atualidade. Em primeiro lugar, como referentes simbólicos que substituem ou complementam os “códigos únicos” que permitem explicar certas questões que acossam as sociedades plurais. Em segundo, como lançadores dos processos de deliberação na esfera pública, imprescindíveis em sociedades «moralmente republicanas» para descobrir os princípios de uma ética cívica. Por último, como elementos impulsores na construção de «uma ética cívica transnacional (...) núcleo de uma ética global».

A análise de uma relação entre ética e economia, mediada pelos agentes individuais e empresariais, e vinculada estreitamente com as contribuições realizadas a partir da formação universitária, constitui o eixo da exposição de Jorge Arturo Chaves, diretor da cátedra «Víctor Sanabria» de Ética da Economia e do Desenvolvimento (Costa Rica). Dessa análise surge «a proposta de uma nova estratégia e a de uns novos projetos educativos que contribuam para a geração de valores éticos nas práticas sociais e produtivas [...] [baseados] em uma aliança entre empresas e a universidade [...] em uma perspectiva pluralista e democrática».

É possível e desejável estabelecer um modelo de avaliação ética na investigação? Manuel González Ávila, do Departamento de Educação da Faculdade de Odontologia da Universidade de San Carlos (Guatemala), contesta a esta pergunta com uma proposta. Para isto, primeiro responde a muitos dos interrogadores e questionamentos que as sociedades têm a respeito da ciência, e mais concretamente da investigação científica (neste caso, da qualitativa). A importância da ciência para as pessoas, os princípios que regem a relação entre ética e ciência, os valores envolvidos na investigação científica, as questões morais que apresentam alguns desenvolvimentos científicos, são alguns dos temas que mostram a necessidade e a conveniência da existência desse modelo.

«Se a formação destes [profissionais] se concentra exclusiva ou prioritariamente nos aspectos técnicos, os profissionais reduzir-se-ão a meros instrumentos de um poder que pode valer-se deles pra fins injustos. Se por “formação de profissionais” se entende, por outro lado, um desenvolvimento harmonioso das capacidades cognoscitivas, técnicas e morais, estar-se-á contribuindo, com ela, para uma melhora da sociedade em geral». Esta é a abordagem da qual parte Ricardo Maliandi –investigador do CONICET e professor das Universidades de Mar del Plata e de Lanús (Argentina)– para refletir, a partir da filosofia, sobre a formação dos profissionais à luz da ética discursiva e da ética aplicada.

A sessão «Outros Temas» se vê enriquecida, nesta oportunidade, com as contribuições de dois especialistas em educação, que orientam suas preocupações para campos tão diversos e de tanta significação como são a promoção da eqüidade na educação através das políticas públicas, e a educação em valores mediante o uso pedagógico do cine e de outras artes.

Fernando Reimers, da Universidade de Harvard, trabalha sobre os paradoxos na relação entre educação e mudança social, para argumentar sobre a necessidade de idéias públicas que permitam avançar para a igualdade de oportunidades educativas baseadas em «um diálogo democrático informado que permita mobilizar coalizões amplas em apoio das mesmas».

Uma proposta de aplicação prática para a utilização do cinema na educação em valores constitui o eixo do artigo de Santiago Ortigosa López, professor da Universidade Complutense de Madri. Sua idéia de que «a catarse gerada pela obra de arte contribui a iluminar e intensificar as situações vitais nas quais acontece a prática dos valores», permite-lhe postular que «música, narrações e cinema habituam os alunos a julgar com retidão e a orgulhar-se de manter disposições morais».

Completam este número as declarações da XII Conferência Ibero-americana de Educação e do V Congresso Latino-americano de Educação Intercultural Bilíngüe, coletadas na seção «Documentos», e as habituais resenhas de livros e revistas recentemente chegados a nossa redação.

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