Introdução
            Introdução 
            Cumpre a formação docente com as condições 
              de importância, oportunidade, inovação e atualidade 
              suficientes como para justificar que a RIE dedique um número 
              monofráfico ao tema? 
            Este número 33 da Revista Ibero-americana de Educação 
               e talvez outros no futuro  tenta ser uma resposta a 
              essa interrogação. Em todo caso, o constante ressurgir 
              do tema em publicações, conferências, reuniões 
              e declarações parece indicar que existe um problema, 
              ou aspectos do mesmo, que não estão adequadamente 
              resolvidos. 
            Este pode haver sido o sentido que os ministros da educação 
              da Ibero-América deram ao Plano de Cooperação 
              para a Formação Docente que aprovaram na XIII Conferência 
              Ibero-americana de Educação (Tarija, Bolívia, 
              2003). 
            Resulta evidente e necessário que a recuperação 
              de um tema clássico na literatura educacional se fizesse 
              a partir de um marco interpretativo da realidade em que se produz, 
              hoje, tanto a formação como o desempenho docente. 
            Sem excluir outros possíveis enfoques ou dimensões, 
              foram destacados cinco aspectos que consideramos centrais no debate 
              atual sobre o tema, e que nossa companheira Cristina Armendano1 
              definiu com igual clareza e precisão: 
            
              - A crise da hipótese da modernidade e a formação 
                docente. Muitas das políticas e das iniciativas que 
                estão sendo desenvolvidas em matéria de formação 
                docente se orientam para a melhoria da formação 
                de um perfil profissional mais próximo ao da escola e dos 
                sistemas educacionais hoje questionados, que às ainda muito 
                pouco definidas instituições educacionais do conhecimento 
                e da transformação permanente.
 
                   
              - Natureza dos saberes e competências que subjazem à 
                tarefa docente. Qual é o tipo de saberes que permite 
                a um docente chegar a formar uma certa visão da situação, 
                a atualizar as alternativas das que dispõe no arsenal do 
                conhecimento pedagógico-didático, a gerar as adequações 
                do caso, e, inclusive, a produzir alternativas novas para intervir 
                com razoável expectativa de pertinência? Qual é 
                a origem deste conhecimento? Que intervenções formadoras 
                facilitam a construção de tais saberes? Que âmbitos 
                e condições resultam mais favorecedores para a construção 
                desses saberes? 
 
                   
              - Pedagogia da formação. Trata-se de uma 
                pedagogia que oferece critérios de ação pedagógica 
                específica para a formação de docentes, elaborados 
                a partir de experiências e de linhas de pensamento especializado 
                na matéria, e da recuperação de estratégias 
                didáticas que orientam as práticas de formação 
                (inicial e em serviço).
 
                   
              - Os âmbitos institucionais da formação. 
                O centro do debate gira em torno das condições que 
                favorecem ou obstaculizam uma formação relevante. 
                A proliferação de espaços de criação 
                de novos conhecimentos externos às instituições 
                acadêmicas e de formação, leva a questionar 
                a pertinência de que os circuitos de formação, 
                capacitação e supervisão estejam em mãos 
                de profissionais de idêntico perfil formador, e que estejam 
                constituídos só por instituições educacionais 
                do sistema formal, o que reforça o circuito altamente endogâmico 
                da formação. 
 
                   
              - O docente como intelectual. A docência é, 
                antes de tudo, uma profissão intelectual, apontada a indagar 
                a natureza do conhecimento, sua difusão e apropriação. 
                O docente é um profissional do conhecimento, obrigado a 
                estar atento a sua contínua evolução. Isto 
                deveria marcar sua formação, tanto inicial como 
                continuada. 
 
             
            Entre todas as colaborações recebidas, o Comitê 
              Científico selecionou, para esta versão impressa, 
              as assinadas por: 
            
              - Violeta Núñez: «Os novos sentidos da tarefa 
                de ensinar. Além da dicotomia ensinar vs. 
                assistir».
 
                   
              - César Pérez-Jiménez: «Formação 
                de docentes para a construção de saberes sociais».
 
                   
              - María José Ferreira Ruiz: «O papel social 
                do professor: uma contribuição da filosofia da educação 
                e do pensamento freireano à formação do professor».
 
                   
              - Gloria E. Edelstein: «Práticas e residências: 
                memórias, experiências, horizontes...».
 
                   
              -  Cristina Maciel de Oliveira: «A investigação-ação 
                como estratégia de aprendizagem na formação 
                inicial do professorado».
 
                   
              - María Jesús Gallego Arrufat: «Intervenções 
                formadoras baseadas em www para guiar o inicio da prática 
                profissional dos docentes».
 
             
            As limitações de espaço que caracterizam o 
              suporte papel têm imposto a necessidade de derivar outros 
              trabalhos de indubitável qualidade ao âmbito da edição 
              digital <http://campus-oei.org/revista>. 
            O número se completa com um interessante informe, preparado 
              por Teresa Rojano, sobre a incorporação de entornos 
              tecnológicos de aprendizagem à cultura escolar em 
              escolas secundárias públicas do México, e com 
              as habituais seções documentais e informativas. 
            Roberto Martínez Santiago 
             
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