A prática de violência entre pares: o bullyng
nas escolas
Rosana Maria César del Picchia de Araujo Nogueira *
SÍNTESE: Ao analisar o fenômeno da violência,
vemo-nos diante de uma série de dificuldades, não
apenas porque o fenômeno é complexo, mas, principalmente,
porque nos faz refletir sobre nós mesmos, sobre nossos pensamentos,
sobre nossos sentimentos e atos. Pensamos que seja um erro fundamental,
idealista e ahistórico acreditar que definir violência,
ou qualquer outro vocábulo, consista em se aproximar o mais
possível de um conceito absoluto, de uma idéia que,
de fato, tornariam idênticos a palavra e a coisa. A captação
de diferentes perspectivas possibilita uma infinidade de compreensões
de violência. Mas, ao pensá-la, há que sempre
se lembrar de que a sua compreensão acompanha as mudanças
através dos tempos e dos lugares. As fronteiras da violência
no tempo e no espaço se tornam maleáveis, frágeis
e difíceis de serem definidas. É por isso que muitas
vezes se confunde, se interpenetra, se inter-relaciona com agressão
e indisciplina, quando se manifesta na esfera escolar, e os casos
de violência entre pares são naturalizados. E o que
temos notado é que a grande maioria dos profissionais da
Educação não sabe tratar e distinguir os alunos
agressivos dos indisciplinados e violentos, arriscando pseudo-diagnósticos.
Por isso, a importância de se refletir sobre um assunto tão
pouco estudado: práticas de violência entre pares ou
o bullying na escola.
Síntesis: Al analizar el fenómeno de la
violencia nos encontramos frente a una serie de dificultades, no
solo porque el fenómeno es complejo, sino porque nos hace
reflexionar sobre nosotros mismos, sobre nuestros pensamientos,
sobre nuestros sentimientos y acciones. Consideramos que es un error
fundamental, idealista e histórico creer que definir violencia,
o cualquier otro vocablo, consiste en aproximarse lo máximo
posible al concepto absoluto de una idea que, de hecho, haría
idénticas la palabra y la cosa. La captación de diferentes
perspectivas posibilita una infinidad de comprensiones de la violencia.
Pero al pensarla, hay que recordar siempre que su comprensión
acompaña los cambios a través del tiempo y de los
lugares. Las fronteras de la violencia en tiempo y en espacio se
han vuelto maleables, frágiles y difíciles de definir.
Es por eso que, muchas veces, la violencia se confunde, se interpreta,
se interrelaciona con agresión e indisciplina cuando se manifiesta
en la esfera escolar, y los casos de violencia entre pares son naturalizados.
Y lo que hemos notado es que la gran mayoría de los profesionales
de la educación no sabe tratar ni distinguir a los alumnos
agresivos de los indisciplinados y violentos, arriesgando los diagnósticos.
De ahí la importancia de reflexionar sobre un asunto tan
poco estudiado: las prácticas de la violencia entre pares
o el bullying en la escuela.
* Mestre em Educação e doutoranda em Educação
do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação:
História, Política, Sociedade, da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, PUC/SP, Brasil.
1. A violência entre pares: em busca de definições
As diferentes manifestações de violência urbana
vêm adquirindo cada vez mais importância e dramaticidade
na sociedade brasileira, especialmente a partir da década
de oitenta. Muitas são as suas expressões, os sujeitos
envolvidos e as conseqüências. O freqüente envolvimento
da população infantil e juvenil com esta realidade,
ocupa, de maneira crescente, as páginas da imprensa falada
e escrita. Tal problemática tem muitas implicações
do ponto de vista da prática educativa, e suas diferentes
manifestações têm preocupado de forma especial
pais e educadores.
De acordo com tal perspectiva, é possível destacarmos
alguns aspectos que têm caracterizado nossa sociedade nos
últimos anos: o intenso processo de urbanização,
as migrações internas com suas conseqüências
de desenraizamento social, cultural, afetivo e religioso, a acelerada
industrialização, o impacto das políticas neoliberais,
a expansão das telecomunicações, a cultura
do consumo, a enorme concentração de renda, a crise
ética, o aumento da exclusão e do desemprego.
Para muitas pessoas, o aumento da violência está relacionado
ao número de jovens e crianças que vivem pelas ruas
das grandes cidades. Assim, manifestações de violência
estariam relacionadas às classes populares. Contudo, considerar
a pobreza e a miséria como as únicas causas da violência
é, no mínimo, uma análise reducionista e simplista
da questão. Como explicar, então, os casos de jovens
filhos de famílias favorecidas economicamente que cometem
crimes?
Não é de hoje que profissionais da educação,
alunos e pais vêm-se surpreendendo com problemas de violência
entre jovens alunos de classe média. Apesar das preocupações
generalizadas, os olhares dos pesquisadores têm-se voltado
majoritariamente para as manifestações de violência
entre jovens das classes populares (Sposito, 1994). Voltamos a enfatizar
que não restam dúvidas de que as diferentes formas
de violência estão disseminadas em todos os espaços
de atuação humana, mas a idéia corrente mais
popularizada é de que elas são muito próprias
e circunscritas aos grandes centros urbanos e a jovens das regiões
periféricas. E questionamos novamente: e os jovens das regiões
centrais? Não praticam também violência? Não
usam drogas? Desta forma fica difícil, como já mencionamos,
associar a violência apenas à pobreza e à miséria.
Pesquisas realizadas pela unesco com jovens de
diversas cidades do Brasil (Brasília, Fortaleza, Curitiba,
Rio de Janeiro e São Paulo), permitiram verificar que, aproximadamente,
60% dos jovens na faixa de 14 a 19 anos de idade foram vítimas
de algum tipo de violência nas unidades escolares nos últimos
anos1.
Em outro estudo finalizado em 2002, também é verificada
a escala de violência que vitima nossa juventude: a taxa de
mortalidade na faixa etária de 15 a 24 anos por causas violentas,
duplicou nas duas últimas décadas. No contexto internacional,
índices de homicídios entre jovens são extremamente
elevados. Outras informações são ainda mais
preocupantes: no plano nacional, 40% das mortes entre jovens devemse
a homicídios. Nas capitais do país, essa proporção
se eleva para 47% (Waiselfisz, 2002).
A discussão sobre violência é importante, porque
é um fenômeno que se desdobra no ambiente da instituição
escolar.
Ao analisar o fenômeno da violência, vemo-nos diante
de uma série de dificuldades, não apenas porque o
fenômeno é complexo, mas, principalmente, porque nos
faz refletir sobre nós mesmos, sobre nossos pensamentos,
sobre nossos sentimentos. De modo geral, a violência se confunde,
se interpenetra, se inter-relaciona com agressão e/ou com
indisciplina quando se manifesta na esfera escolar (Nogueira, 2003).
Assim, podemos afirmar que a violência em meio escolar no
Brasil, e mesmo em outros países, tanto decorre da situação
de violência social que atinge a vida dos estabelecimentos
(violência na escola), como pode expressar modalidades de
ação que nascem no ambiente pedagógico, neste
caso a violência da escola. A violência da escola e
a violência na escola abrigam uma série heterogênea
e complexa de fenômenos, dentre os quais o bullying
escolar (Nogueira, 2003).
Nas manifestações de violência
que tem ocorrido com frequência entre jovens, o fenômeno
do bullying, ou como muitos pesquisadores denominam
de violência moral2, tem sido
constante. Na língua inglesa o termo usado é bullying,
na França chamam de harcèlement quotidien,
na Itália de prepotenza ou mesmo de bullismo,
no Japão de ijime, na Alemanha de agressionen unter
schülern, e em Portugal de maus-tratos entre os pares
(grifos meus). No Brasil, ainda não há uma palavra
consensual para designar o problema. O termo violência moral
é adaptação do francês assédio
moral, mas há quem defende outros. Para Monteiro (2003),
presidente da abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional
de Proteção à Infância e Adolescência),
não há ainda no Brasil uma palavra que defina o bullying.
Em geral, são situações de maus-tratos, de
opressão e humilhação que acontecem entre jovens
e crianças3
O bullying escolar, ou violência entre pares, é
um fenômeno tão antigo quanto prejudicial, que pode
deixar marcas profundas na vida de um escolar. Apesar dos educadores
terem consciência da problemática existente entre agressor
e vítima, poucos esforços foram despendidos para o
seu estudo sistemático até princípios dos anos
setenta (Fante, 2001). Segundo a autora, durante vários anos
essa intenção ficou restrita apenas à Escandinávia:
na primeira década de setenta surgiu, primeiramente na Suécia,
um grande interesse de toda a sociedade pelos problemas desencadeados
pelo fenômeno. Na Noruega, o fenômeno mobbing,
como é denominado nesse país, durante muitos anos
foi motivo de preocupação dos meios de comunicação,
de professores e de pais, porém sem que as autoridades educativas
se comprometessem de forma oficial.
Embora não seja um fato novo, não podemos afirmar
o crescimento do fenômeno em escala mundial. Podemos apenas
dizer que estudos vêm sendo realizados nos mais diversos países,
confirmando sua existência em todos os centros escolares,
além da frequência, do número de alunos envolvidos,
do contexto onde mais incidem, e das mais diversas variáveis
de interesse científico e acadêmico. Começando
com pesquisas na Escandinávia, e, em seguida, no Japão,
no Reino Unido e na Irlanda, esse estudo da intimidação
ou de violência entre pares vem hoje tendo lugar na maioria
dos países europeus, na Austrália e na Nova Zelândia,
no Canadá e nos Estados Unidos.
Segundo Olweus (1998), o bullying escolar, termo usado no
mundo anglo-saxão, é um novo conceito que se dá
para designar o fenômeno de maltrato e de intimidação
entre escolares. Esta é uma forma de violência não
física os insultos, os apelidos cruéis e as
gozações que magoam profundamente, as ameaças
que ocorrem sobretudo nos recreios e as saídas das escolas,
levam muitos estudantes à exclusão, ocasionando danos
físicos e materiais junto a formas de violência
física.
Para Orte (1996), o bullying escolar se apresenta como um
mal-estar que se observa desde a perspectiva oculta, desde o desconhecimento,
desde a indiferença, ou, inclusive, desde a ausência
de valorização de si mesmo, de sua própria
existência, e das consequências que o mesmo pode ter
e tem no desenvolvimento social, emocional e intelectual dos menores
que sofrem ou padecem este novo e velho fenômeno. Ainda, de
acordo com a autora, pode-se considerar o bullying como um
fenômeno novo porque deve ser objeto de investigação,
uma vez que se apresenta na desigualdade entre iguais, resultando
num processo em que os iguais projetam seu mau caráter de
forma oculta dentro de um mesmo contexto. Por outro lado, considera-se
o fenômeno como um fato velho, por se tratar de uma forma
de violência que ocorre nos centros educativos há muito
tempo, em que os valentões oprimem e ameaçam suas
vítimas por motivos banais, querendo impor sua autoridade.
Segundo Fante (2002), o bullying não se trata de
um episódio esporádico ou de brincadeiras próprias
de crianças; é um fenômeno violento que se dá
em todas as escolas, e que propicía uma vida de sofrimento
para uns e de conformismo para outros. Para a autora, os danos físicos,
morais e materiais, os insultos, os apelidos cruéis e as
gozações que magoam profundamente, as ameaças,
as acusações injustas, a atuação de
grupos que hostilizam a vida de muitos alunos levando-os à
exclusão, tudo isso são algumas das condutas que observa
em relação ao bullying escolar. Algumas informações
e relatos extraídos de jornais ou de estudos realizados podem
anunciar a extensão e magnitude do problema.
Olweus (1998), pesquisador da Universidade de Bergen, desenvolveu
os primeiros critérios para detectar o problema do bullying
escolar de forma específica, permitindo diferenciá-lo
de outras possíveis interpretações, como incidentes
e gozações ou relações de brincadeiras
entre iguais, próprias do processo de amadurecimento do indivíduo.
Desse estudo, desenvolvido em escala nacional, se pode calcular
que, mais ou menos, 15% do total de alunos das escolas de educação
primária e secundária da Noruega figuravam como agressores
ou como vítimas (Olweus, 1998).
Uma pesquisa feita em Portugal com 7.000 estudantes
mostrou que, aproximadamente, um em cada cinco alunos (22%) entre
6 e 16 anos já foi vítima de bullying na escola.
A pesquisa mostrou também que os locais mais comuns de ocorrência
de maus-tratos são os pátios de recreio (78% dos casos),
seguidos dos corredores (31,5%) (Almeida, 2003). Na Inglaterra,
uma pesquisa da ong Young Voice e publicada no livro
«Bullying in Britain», mostrou que, apesar de existir
uma lei que obriga as escolas a previnir o bullying, os estudantes
não estão satisfeitos com os resultados. Segundo Katz
(2003), da ong inglesa Voice, se os pais mandarem seus filhos
reagirem com violência quando sofrerem o bullying,
isso só atrapalhará a resolução do problema4.
De acordo com a pesquisadora Fuensanta Cerezo (2001), na Espanha
o nível de incidência do bullying se situa em
torno de 15% a 20% dos sujeitos em idade escolar, o que vem a confirmar
os dados de estudos desenvolvidos em Portugal, como nos outros países
da União Européia, apontando índices semelhantes.
Nos Estados Unidos, o bullying é tema de interesse.
O fenômeno cresce entre alunos das escolas americanas. Os
índices são tão altos, que os pesquisadores
americanos classificam como conflito global, e que, a persistir
essa tendência, será grande o número de jovens
que se tornarão adultos abusadores e delinquentes (Andrews,
2000).
No Brasil, a ong abrapia (Associação Brasileira Multiprofissional
de Proteção à Infância e Adolescência)
desenvolveu no Rio de Janeiro um projeto com o patrocínio
da petrobras (a mais importante empresa petrolífera do país),
com 11 escolas públicas e particulares. O objetivo deste
estudo foi ensinar e debater com professores, pais e alunos, formas
de evitar que o bullying acontecesse.
Pesquisadores de todo o mundo atentam para este fenômeno,
que toma cada vez mais aspectos preocupantes quanto ao seu crescimento,
e por atingir faixas etárias inferiores, relativas aos primeiros
anos de escolaridade. Estima-se que, em torno de 5% a 35% de crianças
em idade escolar, estão envolvidas de alguma forma em atos
de agressividade e de violência na escola (Fante, 2002).
Baseado nos dados dos mais diversos países,
pode-se afirmar que o fenômeno está presente em todas
as escolas do mundo. No Brasil, o bullying ainda é
pouco pesquisado, comentado e estudado, motivo pelo qual não
temos indicadores que nos forneçam uma visão global
para que possamos compará-lo aos demais países, a
não ser dados de alguns estudos. Encontramos como reflexo
de trabalhos europeus algumas pesquisas sobre o Bullying escolar5.
Em Santa Maria (Rio Grande do Sul), o trabalho realizado pela professora
Marta Canfield e seus colaboradores (1997) em quatro escolas públicas.
No Rio de Janeiro, as pesquisas dos Profs. Israel Figueira e Carlos
Neto (2000-2001) em duas escolas municipais. Em São José
do Rio Preto e região (São Paulo, 2000-2002), pesquisas
realizadas junto à quase 1.500 alunos do ensino fundamental
e médio em escolas públicas e privadas pela professora
Cleodelice Aparecida Zonato Fante e seus colaboradores.
O quadro aqui apresentado, envolvendo escola, violência e
jovens, é apenas um dos componentes da grande galeria brasileira
e internacional da violência. Apesar da gravidade e da necessidade
de reflexões, são poucos os estudos existentes a respeito
do tema. Em levantamento realizado por Nogueira (2003) das teses
e dissertações sobre «escola e violência»
nos programas de Pós-Graduação em Educação,
abrangendo o período de 1990 a 2000, a autora menciona que,
dos trinta e seis trabalhos encontrados nesse período, nenhuma
das pesquisas teve como objeto de estudo a questão da violência
entre os pares ou bullying escolar. Portanto, a necessidade
de pesquisarmos este fenômeno e de refletirmos sobre o mesmo
é imensa.
2. Como podemos identificar os casos de violência entre
pares?
Por meio da observação e da discussão sobre
o comportamento individual dos alunos, os professores podem identificar
os alvos e os agressores. As vítimas são alunos frágeis,
que se sentem desiguais ou prejudicados, e que dificilmente pedem
ajuda. Eles podem demonstrar desinteresse, medo ou falta de vontade
de ir a escola, apresentar alterações no rendimento
escolar, dispersão ou notas baixas. Além disso, podem
ter sintomas de depressão, perda de sono e pesadelos. Normalmente
recebem apelidos, são ofendidos, humilhados, discriminados,
excluídos, perseguidos, agredidos, e podem ter seus pertences
roubados ou quebrados.
Os agressores geralmente acham que todos devem fazer suas vontades,
e que foram acostumados, por uma educação equivocada,
a ser o centro das atenções. São crianças
inseguras, que sofrem ou sofreram algum tipo de agressão
por parte de adultos. Na realidade, eles repetem um comportamento
aprendido de autoridade e de pressão. Tanto as vítimas,
quanto os agressores, necessitam de auxílio e de orientação.
Os demais alunos são os observadores da violência.
Eles convivem com ela e se calam ou são ignorados em suas
observações por pais e professores. Temem tornarem-se
alvos, e podem sentir-se incomodados e inseguros.
3. Saiba o que fazer
Para se refletir sobre o bullying, é essencial promover
a orientação, a conscientização e a
discussão a respeito do assunto. Nem toda briga ou discussão
deve ser rotulada como bullying, para não cairmos
no extremo oposto da tolerância zero, que não vai permitir
a estas crianças e jovens que estão em fase de desenvolvimento
que aprendam a viver harmoniosamente em grupo. A diferença
entre um comportamento aceito e um abuso às vezes é
muito tênue, e cada caso deve ser observado e analisado segundo
sua constância e gravidade.
Os alunos devem criar regras de convivência e discuti-las
com a equipe pedagógica, buscando soluções
e respeitando as diferenças de cada um. Os pais devem ser
ouvidos e orientados a colocar limites claros de convivência,
e ajudar sempre que souberem de algum problema sem aumentar ou diminuir
a informação recebida.
Quando identificados um autor e uma vítima, ambos devem
ser orientados. Seus pais devem ser alertados e estar cientes que
seus filhos, agressor ou agredido, precisam de ajuda especializada.
O comportamento dos pais diante deste comunicado é muito
importante: não se deve cobrar o revide, nem intimidar ou
agredir. Este é um momento de aprendizado para todos, e mostrar
como se controlar, manter a calma e evitar comportamentos de violência
é imprescindível.
4 Considerações finais
O bullying acontece entre jovens e crianças de todas
as classes sociais, e não está restrito a nenhum tipo
determinado de escola. Por violência entre pares entende-se
maus-tratos, opressão, intimidação e ameaças
que ocorrem de forma intencional e repetida. Isso inclui gozações,
apelidos maldosos e xingamentos que magoam profundamente a criança
e podem causar sérios prejuízos emocionais, como perda
de auto-estima e exclusão social. Mas precisamos tomar cuidado
para não patologizarmos os casos de violência entre
pares. Temos observado em nossa pesquisa que, esporadicamente, algumas
crianças fazem brincadeiras inofensivas e se utilizam de
palavras e de comportamentos não adequados durante suas brincadeiras,
e isto nem sempre pode ser caracterizado como bullying. É
preciso avaliarmos a intensidade e o significado dessas atitudes.
A observação constante e a parceria entre escola e
família são cruciais para a possível eliminação
de tais comportamentos.
BIBLIOGRAFIA
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no site <http://www.ed.gov/databases./eric_digest/ed407154.html> [Acesso
em 13/01/2003].
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do estado de São Paulo.
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em São José do Rio Preto. O estudo apresenta dados
relativos ao primeiro semestre de 2002.
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análise de Dissertações e Teses sobre o tema
produzidas na area de Educação, no período
de 1990 a 2000, dissertação (Mestrado em Educação),
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
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como espacio de disocialización», in Revista Interuniversitaria
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Olweus, D. (1998): Conductas de acoso o amenaza entre escolares,
Madrid, Morata.
Sposito, M. P. (1994): «A sociabilidade juvenil e a rua: novos
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da Violência III, Brasília.
Waiselfisz, J. J. (2002): «Os jovens do Brasil», in Mapa
da Violência III, Brasília, unesco, Instituto Ayrton
Senna, Ministério da Justiça.
Notas
1 Dados retirados da pesquisa
UNESCO de 1998 do jornal Folha de São Paulo de 09/12/98,
e atualizados em 2000 com Julio Jacobo Waiselfisz, Mapa da Violência
II: Os jovens do Brasil, Brasília, UNESCO, 2000.
2 Iremos nesse artigo trabalhar
com o termo prática de violência entre pares e não
violência moral, pois a questão da moralidade envolve
outros determinantes.
3 Dado extraído do jornal
Folha de São Paulo, de 20 de fevereiro de 2003.
4 Dado extraído do Jornal
Folha de São Paulo, de 20 de fevereiro de 2003.
5 Dados disponíveis no
site: http://www.bullying.Kit.net
[consultados em 9/02/03].
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