| O desenho  didático interativo na educação
              online Edméa Santos, Marco  Silva ** Professores do Departamento de Educação a Distância, Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Brasil.  Síntese: O desenho didático de cursos online precisará levar em conta que  no contexto sociotécnico do computador online não há prevalência da  mídia de massa baseada na lógica da transmissão e no controle do polo da  emissão. Precisará levar em conta que o ambiente online de aprendizagem  permite ao docente e aos discentes a comunicação personalizada, operativa e  colaborativa em rede. Os  conteúdos e situações de aprendizagem dispostos na sala de aula online  não devem ser simplesmente assistidos, senão operados individual e  coletivamente, porque são expressões da codificação digital que oferece  imersão, operatividade e interatividade aos indivíduos e aos grupos –  experiência incomum na mídia de massa. Este texto vem mostrar que o desenho  didático não poderá subutilizar o digital, pois estaria limitando a autoria dos  docentes e dos discentes. Em lugar de transmitir lições-padrão centradas na  unidirecionalidade do mestre ou em apostilas eletrônicas, o desenho didático  precisará lidar com ambientes online compostos de interfaces, de  conteúdos e de proposições de atividades e de avaliação da aprendizagem. Em  lugar de transmitir informações, o desenho didático interativo deverá oferecer  aos docentes e discentes um plus comunicacional de modo expressamente  complexo, presente na mensagem que se abre ao aprendiz como possibilidade de  responder ao sistema de expressão e de dialogar com ele.Palavras-chave:  desenho didático; interatividade; educação online.
 Síntesis:  El proyecto didáctico de los cursos online necesitará tener en cuenta  que en ese contexto sociotécnico no existirá una hegemonía de los medios de  comunicación de masas basada en la lógica de la transmisión y en el control del  polo de emisión. Necesitará tener en cuenta que el ambiente online de  aprendizaje permite al docente y a los discentes la comunicación personalizada  operativa y colaborativa en red. Los contenidos y situaciones de aprendizajes  dispuestos en clase online no deben ser simplemente asistidos, sino  operados individual y colectivamente, porque son expresiones de la codificación  digital que ofrece inmersión, operatividad y interactividad a los individuos y  a los grupos –experiencia incomún en la multimedia de masas–. Este texto  viene a señalar que el diseño didáctico no podrá subutilizar lo digital, pues  estaría limitando la autoría de los docentes y discentes. En vez de transmitir  lecciones-modelo centradas en la unidireccionalidad del maestro o en apuntes  electrónicos, el diseño didáctico necesitará tratar con ambientes online  compuestos de interfaces, de contenidos y de proposiciones de actividades y de  evaluación del aprendizaje. En vez de transmitir informaciones, el diseño  didáctico interactivo deberá ofrecer a los docentes y discentes un plus  comunicacional de modo expresamente complejo, presente en el mensaje que se  abre al aprendiz como posibilidad de contestar al sistema de expresión y de  dialogar con él.
 Palabras clave: diseño didáctico;  interactividad; educación online.
 Abstract: The didactic design of online courses will have to consider that in this  socio-technical context, there is not going to be an hegemony of mass media  based on the logics of transmission and on the idea that the broadcasting end  is in control. It will have to consider that the online learning environment  allows the teacher and the student to communicate in a personal and  collaborative manner. Learning contents and situations in an online class need  more than mere assistance. They have to be managed individually and  collectively because they are an expression of the digital codification that  offers  submersion, interactivity and  operational capacity –an uncommon experience in mass multimedia.This paper comes  to underline that the didactic design cannot under exploit the digital options,  because it would be limiting the authorship of teachers and students. Instead  of transmitting model-lessons focused on one-way teaching, or on electronic  notes, didactic design will have to deal with online environments composed of  interfaces, content, activity proposals and learning evaluation. Instead of  transmitting information, didactic design will have to offer students and  teachers a communicational plus, in an openly complex fashion. A plus that has  to be present in the message that the student receives as possibility of  interacting with the expression system.
 Key words: didactic  design; interactivity; online education.
  1.       Introdução Qualquer que seja o  nome que se dê ao espírito do nosso tempo, «sociedade do conhecimento»  (Drucker, 1994), «sociedade informática» (Shaff, 1995), «cibercultura» (Lévy,  1999; Lemos 2002), «era digital» (Santaella, 2001), «sociedade em rede»  (Castells, 1999 e 2003), «sociedade da informação» (cmsi1), vivemos a consolidação do cenário  sociotécnico marcado pelo computador online. Nesse cenário, a educação a  distância encontra-se diante da oportunidade de apresentar-se com uma  disposição comunicacional que nunca lhe foi facultada pelos seus usuais meios  de transmissão (rádio, impresso e televisão): a interatividade online. Essa  disposição comunicacional vem revolucionar a educação a distância porque,  graças às disposições técnicas do computador em rede, potencializa a docência e  a aprendizagem não mais como pedagogia da transmissão.  Na sala de aula online,  conhecida como «ambiente virtual de aprendizagem» ou «plataforma de ead», um curso ou uma aula podem conter  conteúdos de aprendizagem, propostas de trabalho e de avaliações e, no mesmo  ambiente, dispor de interfaces de construção da comunicação e do conhecimento. Tudo  estruturado a partir de um desenho didático, isto é, da estrutura de  apresentação do conjunto de conteúdos e de situações de aprendizagem compostos  e dispostos estrategicamente de modo a serem utilizados pelo docente e pelos  cursistas com a finalidade de potencializar a construção coletiva da  comunicação, do conhecimento, da docência, da aprendizagem e da avaliação.  A educação via  internet vem se apresentando como grande desafio para o professor, acostumado à  pedagogia da transmissão e aos seus modelos de desenho didático instrucional  para cursos presenciais e a distância via meios de massa. São dois universos  distintos no que se refere ao paradigma comunicacional próprio de cada um. A  aula tradicional, presencial ou a distância, está vinculada ao modelo um-todos,  separando emissão e recepção. A sala de aula online, sem deixar de  contemplar a transmissão, está inserida no contexto sociotécnico que favorece  colaboração todos-todos, graças às potencialidades interativas do computador e  da internet.    2.       O cenário sociotécnico atual e  perspectivas para a educação online O computador online  não é tela de recepção para o indivíduo solitário. É campo de possibilidades  para a ação do interagente que interage facilmente com outros interagentes a  partir de imagens, sons e textos plásticos e dinâmicos em sua condição digital.  O digital possui uma qualidade semiótica intrínseca, definida matematicamente  em combinações numéricas de «1» e «0». Ou seja, a existência imaterial da  mensagem online confere aos interagentes a liberdade de manipular  infinitamente os dados digitalizados, criando e recriando novas possibilidades  de representação e de navegação, de acordo com as suas decisões em um campo de  referências multidirecionadas.   Isso faz do computador  online não um meio de transmissão de informação, como a televisão,  enquanto suporte altamente utilizado em educação a distância, mas sim um espaço  de adentramento e de manipulação em janelas móveis, plásticas e abertas a  múltiplas conexões entre conteúdos e interagentes geograficamente dispersos. Para  além das interferências, modificações e operatividades nos conteúdos presentes  na tela do computador offline, os interagentes podem comunicar-se,  realizando compartilhamentos e encontros de colaboração síncronos e  assíncronos.   Assim entendido, o  computador online renova a relação do interagente com a imagem, com o  texto, com o som, com o registro, com o conhecimento. Permite o  redimensionamento da mensagem, da emissão e da recepção para além da distribuição  de pacotes de informação de A para B ou de A sobre B, própria dos meios de  massa tradicionalmente utilizados em educação a distância.  Na modalidade  comunicacional massiva a mensagem é fechada, uma vez que a recepção está  separada da produção. O emissor é um apresentador que atrai o receptor de  maneira mais ou menos sedutora para o seu universo mental, seu imaginário, sua  récita. Quanto ao receptor, seu estatuto nessa interação limita-se à  assimilação passiva ou inquieta, mas sempre como recepção separada da emissão.  A prevalência  histórica da lógica da transmissão em massa perde sua força no cenário  sociotécnico que ganha forma a partir das transformações recentes do social e  do tecnológico imbricados (Silva, 2006): 
               Social. Há um novo espectador menos  passivo diante da mensagem mais aberta à sua intervenção. Ele aprendeu com o  controle remoto da tv, com o joystick  do videogame e agora aprende como o mouse e com a tela tátil. Ele migra  da tela da tv para a tela do  computador conectado à internet. É mais consciente das tentativas de  programá-lo e mais capaz de esquivar-se delas. Evita acompanhar argumentos  lineares que não permitem a sua interferência e lida facilmente com ambientes  midiáticos que dependem do seu gesto instaurador que cria e alimenta sua  experiência comunicacional. Tecnológico. O computador conectado à  internet permite ao interagente criação e controle dos processos de informação  e comunicação, mediante ferramentas e interfaces de gestão. Diferindo  profundamente da tv, enquanto  máquina restritiva e centralizadora, porque baseada na transmissão de  informações elaboradas por um centro de produção (sistema broadcast), o  computador online apresenta-se como sistema aberto aos interagentes,  permitindo autoria e co-criação na troca de informações e na construção do  conhecimento.  Nesse cenário ocorre  a transição da lógica da distribuição (transmissão) para a lógica da  comunicação (interatividade). Uma modificação profunda no esquema clássico da  informação baseado na ligação unilateral emissor-mensagem-receptor (Marchand,  1986). 
               O emissor não emite mais no sentido em  que se entende habitualmente uma mensagem fechada. Ele oferece um leque de  elementos e possibilidades à manipulação do receptor.   A mensagem não é mais emitida, não é mais  um mundo fechado, paralisado, imutável, intocável, sagrado. Trata-se de um  mundo aberto em rede, modificável na medida em que responde às solicitações  daquele que a consulta. O receptor não está mais em posição de  recepção clássica, é convidado à livre criação, e a mensagem ganha sentido sob  sua intervenção.  Os fundamentos da  interatividade podem ser encontrados em sua complexidade nas disposições  técnicas do computador online. São três basicamente: a)  participação-intervenção: participar não é apenas responder «sim» ou «não» ou  escolher uma opção dada, supõe interferir no conteúdo da informação ou  modificar a mensagem; b) bidirecionalidade-hibridação: a comunicação é produção  conjunta da emissão e da recepção, é co-criação, os dois polos codificam e  decodificam; c) permutabilidade-potencialidade : a comunicação supõe múltiplas  redes articulatórias de conexões e liberdade de trocas, associações e  significações. Estes fundamentos podem garantir o sentido não banalizado do  conceito e inspirar o rompimento com a lógica da transmissão e abrir espaço  para o exercício da participação genuína, isto é, participação  sensório-corporal e semântica e não apenas mecânica (Silva, 2006).  Segundo Couchot  (1997, p. 143), interatividade «é o pão cada vez mais cotidiano de uma sociedade  inteira». Com base nessa modificação no tripé da comunicação, o conceito  interatividade exprime a disponibilização consciente de um plus comunicacional  de modo expressamente complexo, presente na mensagem e previsto pelo emissor,  que abre ao receptor possibilidades de responder ao sistema de expressão, de  dialogar e criar com ele.   No contexto  sociotécnico do computador online, a interatividade manifesta-se nas  práticas comunicacionais como e-mails, listas, blogs, videologs,  jornalismo online, Wikipédia, Youtube, msn Messenger, Orkut, chats, mp3 e novos empreendimentos que  aglutinam grupos de interesse como cibercidades, games, softwares  livres, ciberativismo, webarte, música eletrônica. Cada sujeito pode adicionar,  retirar e modificar conteúdos dessa estrutura; pode disparar informações e não  somente receber, uma vez que o polo da emissão está liberado; pode alimentar  laços comunitários de troca de competências, de coletivização dos saberes, de  construção colaborativa de conhecimento e de sociabilidade (Lemos, 2002).  O digital é  responsável por uma revolução tecnológica e cultural sem precedentes, a partir  da transformação de átomos em bits que dá origem à «vida digital»  (Negroponte, 1996). A codificação digital ou digitalização garante o caráter  plástico, fluido, hipertextual, interativo e tratável em tempo real do conteúdo  da mensagem. A passagem do analógico para o digital permite a manipulação de  documentos, a criação e estruturação de elementos de informação, as simulações,  as formatações evolutivas nos ambientes online de informação e  comunicação concebidos para criar, gerir, organizar, fazer movimentar uma  documentação completa com base em textos, imagens e sons.  
               Ao retirar a  informação do mundo analógico – o mundo «real», compreensível e palpável para  os seres humanos – e transportá-la para o mundo digital, nós a tornamos  infinitamente modificável. [...] nós a transportamos para um meio que é  infinita e facilmente manipulável. Estamos aptos a, de um só golpe, transformar  a informação livremente – o que quer que ela represente no mundo real – de  quase todas as maneiras que desejarmos e podemos fazê-lo rápida, simples e  perfeitamente [...]. Em particular, considero a significação da mídia digital  sendo manipulável no ponto da transmissão porque ela sugere nada menos que um  novo e sem precedente paradigma para a edição e distribuição na mídia. O fato  de as mídias digitais serem manipuláveis no momento da transmissão significa  algo realmente extraordinário: usuários da mídia podem dar forma a sua própria  prática. Isso significa que informação manipulável pode ser informação  interativa (Feldman, 1997, p. 4).  Digital significa,  portanto, uma nova materialidade das imagens, sons e textos que, na memória do  computador, são definidos matematicamente e processados por algoritmos, que são  conjuntos de comandos como disposição para múltiplas  formatações-intervenções-navegações operacionalizadas pelo computador. Uma vez  que a imagem, o som e o texto, em sua forma digital, não têm existência  material, podem ser entendidos como campos de possibilidades para a autoria dos  interagentes. Isto é, por não terem materialidade fixa, podem ser manipulados  infinitamente, dependendo unicamente de decisões que cada interagente toma ao  lidar com seus periféricos de interação como mouse, tela tátil, joystick,  teclado.  A «geração digital»  (Tapscott, 1999) transita da tela da tevê de massa para a tela do computador online,  cujas disposições comunicacionais requerem das escolas e das universidades  qualitativos investimentos na docência e na gestão da educação via internet. Em  particular, a educação online vive essa oportunidade com o computador online  que oferece disposições técnicas que contemplam a expressão de fundamentos  essenciais da educação como diálogo, compartilhamento de informações e de  opiniões, participação, autoria criativa e colaborativa. As disposições  técnicas conhecidas como fórum de discussão, chat, portfolio e blog  podem ser facilmente instaladas ou disponibilizadas no ambiente da sala de aula  online. São intefaces online ou espaços de encontro dos cursistas  capazes de ensejar a construção coletiva da comunicação e do conhecimento na  internet.   O desenho didático  precisará se dar conta de que pode potencializar a comunicação e a aprendizagem  e não subutilizar as interfaces online que reúnem um conjunto de  elementos de hardware e de software destinados a possibilitar  agregações, associações e significações como autoria e co-autoria aos  estudantes.  Pode integrar várias  linguagens (sons, textos, imagens) na tela do computador online. A  partir de ícones e botões acionados por cliques no mouse, toques na tela  ou combinação de teclas, janelas de comunicação se abrem possibilitando  interatividade no chat, fórum, lista, blog e portfolio  reunidos no ambiente online de aprendizagem.   Em síntese, o desenho  didático pode lançar mão de proposições e de interfaces para a co-criação da  comunicação e da aprendizagem em sua sala de aula online. Elas deverão  favorecer bidirecionalidade, sentimento de pertença, trocas, crítica e  autocrítica, discussões temáticas, elaboração colaborativa, exploração,  experimentação, simulação e descoberta. Elementos essenciais à prática  educativa sintonizada com espírito do nosso tempo sociotécnico e com a formação  cidadã. Para garantir qualidade em sua autoria, o professor precisará contar  não apenas com o computador online, mas com um desenho didático que  favorece a expressão do diálogo, do compartilhamento e da autoria criativa e  colaborativa.  3.       O desenho didático para sala de aula online Com a emergência dos  ambientes online de aprendizagem, muitas são as possibilidades e  iniciativas (de pequeno, médio e grande porte, vivenciadas por pessoas e por  organizações) de produção de cursos e atividades online. Estas, por sua  vez, podem subutilizar o potencial interativo das tecnologias digitais. É comum  encontrarmos cursos e atividades online estruturados pela lógica do  desenho instrucional comumente utilizada nas mídias de massa. O simples fato de  termos acesso a uma «plataforma de educação a distância» não garante a  qualidade educacional, comunicacional e tecnológica em educação online  (Santos, 2002).  É comum encontrar  cursos online que apenas disponibilizam textos lineares e outros  materiais digitalizados para estudo, muitas vezes chamados de recursos didáticos.  Estes, na maior parte dos casos, servem apenas como fonte de informação e  leitura para a construção de tarefas, geralmente individuais, que devem ser  disponibilizadas para a correção efetuada pelo assim chamado professor-tutor. Tal  prática não garante o diálogo, a interatividade ou a construção coletiva da  comunicação e do conhecimento.  Neste sentido, o  conhecimento acaba sendo sinônimo de informação, muitas vezes expressado de  forma linear e chapada no formato «pdf», ou formato de texto digital compactado  que não permite articulações hipertextuais. Então, vale a pena indagar:  oferecer um curso online é apenas disponibilizar em ambientes online  textos em «pdf» e abrir fóruns de discussão apenas para tirar dúvidas  conceituais sobre os materiais disponibilizados?; qual a diferença de um curso online  para um curso baseado na mídia de massa?; será a internet e suas interfaces uma  mídia para distribuição de pacotes instrucionais?; por que não lançar mão do  potencial do digital e da interatividade disponibilizadas nas interfaces  síncronas e assíncronas?; como potencializar o uso da internet para promover  práticas em educação online de qualidade?; o docente online é  apenas aquele que, de forma reativa, disponibiliza informação, tira dúvidas e  corrige tarefas?  Pensar a prática  pedagógica para a educação online é antes de qualquer coisa pensar um  desenho didático interativo como arquitetura que envolve o planejamento, a  produção e a operatividade de conteúdos e de situações de aprendizagem, que  estruturam processos de construção do conhecimento na sala de aula online.  Estes conteúdos e situações de aprendizagem devem contemplar o potencial  pedagógico, comunicacional e tecnológico do computador online, bem como  das disposições de interatividade próprias dos ambientes online de  aprendizagem.  Uma sala de aula online  não é apenas o conjunto de ferramentas infotécnicas, mas um ambiente que se  auto-organiza nas relações estabelecidas pelos sujeitos com os objetos técnicos  que interagem e afetam-se mutuamente ao longo do processo de construção do  conhecimento. Neste sentido, é preciso que o desenho didático contemple uma  intencionalidade pedagógica que garanta a educação online como obra  aberta, plástica, fluida, hipertextual e interativa. Caso contrário, repetirá  práticas próprias da pedagogia da transmissão.   Os ambientes online  de aprendizagem são compostos por um conjunto de interfaces2 de conteúdo e de comunicação. Interfaces de  conteúdo são os dispositivos que permitem produzir, disponibilizar e  compartilhar conteúdo digitalizado em diversos formatos e linguagens (textos,  áudio, imagens estáticas e dinâmicas) mixadas ou não. As interfaces de  comunicação são aquelas reservadas para a interatividade entre os  interlocutores. Estas podem ser síncronas, de comunicação em tempo real (como  chats e webconferências), ou assíncronas, de comunicação em diferentes  tempos (como correio eletrônico, fóruns, listas de discussão, portfolios,  diários, blogs, glossários, wikis). Entretanto, conteúdo e  comunicação são elementos híbridos e imbricados, uma vez que não se pode  conceber conteúdo apenas como informação para auto-estudo ou como material  didático construído previamente pelo professor ou pela equipe de produção. Ademais,  conteúdos são construídos pelos interlocutores que, dialogicamente, produzem  sentidos e significados mediados pelas interfaces síncronas e assíncronas de  comunicação (Santos, 2006a).  O desenho didático é  a arquitetura de conteúdos e de situações de aprendizagem para estruturar uma  sala da aula online, contemplando as interfaces de conteúdo e de  comunicação. Antes da criação dos conteúdos e das situações de aprendizagem a  serem disponibilizados nas interfaces, é necessário atentar para algumas  questões de planejamento: qual o contexto sócio-histórico e cultural dos aprendentes?;  quais são seus perfis sociocognitivos e político-cultural?; quais são suas  expectativas para o curso online?; qual a infraestrutura tecnológica de  que dispõem os docentes e os cursistas?; que competências pretendemos mobilizar  nos aprendentes?; que profissionais podem ser agregados ao projeto para uma  produção interdisciplinar?; que conteúdos abordar?; como arquitetar o curso nas  interfaces de conteúdos e de comunicação?; como estruturar os conteúdos, os  objetos e as situações de aprendizagem em hipertexto?; como conciliar situações  de aprendizagem individuais (auto-estudo) com situações de aprendizagem  interativas (aprendizagem colaborativa)?; como aproveitar as situações de  aprendizagem como dispositivos para uma avaliação formativa?; quais indicadores  utilizar para avaliar a aprendizagem a partir das participações nas interfaces  de comunicação?; que interfaces de conteúdos e de comunicação utilizar em cada  aula, fase, bloco, módulo ou unidade do curso?  Estas são indagações  importantes para a arquitetura de um desenho didático na sala de aula online.  Para respondê-las é preciso atentar para três bases essenciais da produção e  estruturação dos conteúdos e das situações de aprendizagem.   3.1     A equipe de produção interdisciplinar   No contexto da  pedagogia da transmissão, o desenho didático produzido não se transforma ao  longo da docência, limitando esta à execução de conteúdos e de situações de  aprendizagem fechados como pacotes de informação. Essa postura revela a  separação entre aqueles que pensam e produzem o desenho didático (equipe de  produção) daqueles que o executam (professores-tutores). Aos cursistas cabe a  obrigação do cumprimento das tarefas que abrem poucas brechas para a co-autoria  do processo concebido como programa que «é uma sequência de ações  predeterminadas que só pode se realizar num ambiente com poucas eventualidades  e desordens» (Morin, 1999, p. 192). 
  No contexto do  computador online e da interatividade, será preciso subverter a lógica  da transmissão. O desenho didático deve ser concebido como produção coletiva  que abre espaços para a autoria de todos os sujeitos envolvidos (equipe de  produção, docentes e cursistas). O desenho didático será, portanto, obra aberta  ou proposição estratégica como «arte de utilizar as informações que aparecem na  ação, de integrá-las, de formular esquemas de ação e de estar apto para reunir  o máximo de certezas para enfrentar a incerteza» (Morin, 1999, p. 192). O desenho didático  assim entendido requer competências específicas da equipe de produção que,  juntamente com a atuação dos docentes e dos cursistas, fará dele um campo de  possibilidades para a construção do conhecimento na sala de aula online.  Os componentes da equipe de produção deverão atuar de forma interdisciplinar,  articulando seus saberes.   A autoria em educação  online deve ser descentralizada, sendo a equipe interdisciplinar a  autora de todo o processo. Quando o trabalho é norteado por experiências  intencionais de interação entre as disciplinas e especialistas com  intercâmbios, enriquecimentos mútuos e produção coletiva de conhecimentos,  estamos diante de uma prática interdisciplinar. A interdisciplinaridade se  caracteriza pela qualidade das relações e não apenas pela quantidade de  intercâmbios. (Santos, 2003) Os objetivos conceituais, atitudinais e  procedimentais são ressignificados dentro e fora do limite de cada área do  conhecimento. As relações deixam de ser remotas e/ou pontuais para serem  estruturadas pela colaboração, cooperação e coordenação intencional de um  projeto.  3.2     O hipertexto como estrutura  O desenho didático  estruturado como hipertexto permite que o aprendente teça sua autoria operando  em vários percursos e leituras plurais. A disponibilidade do diálogo com vários  autores/leitores permite acesso e negociação de sentidos ressignificando a  noção de autoria. O suporte informática permite que através dos links o  leitor adentre espaços e conteúdos e construa seus próprios caminhos de leitura  não mais presos à linearidade das páginas e do documento com início, meio e  fim, dos limites das margens, nas notas de rodapés. O fim no hipertexto é  sempre um novo começo caleidoscópico, no qual, simultaneamente, podemos ler  vários textos, cortar, colar e criar intertextos.  Desde a invenção da  escrita o texto foi pensado e praticado como um dispositivo linear, como  sucessão retilínea de caracteres, apoiada num suporte plano. O hipertexto não é  mais um texto, senão uma imensa teia de textos interconectados. A leitura deixa  de cumprir a linearidade de um livro para engajar-se na associação de textos  que correm paralelamente ou que se tangenciam em determinados pontos,  permitindo optar entre prosseguir na mesma linha ou enveredar por outro  caminho. A maneira mais usual de visualizar a escritura e a leitura  hipertextual é através de janelas conectadas na tela do computador, que se pode  ir abrindo sempre que necessário, e também através de «elos» (links) que  ligam determinadas palavras-chave de um texto a outros conectados à teia. (Machado,  1993; Landow, 1992 e 1994).  A idéia de hipertexto  eletrônico foi enunciada pela primeira vez por Vannevar Bush em 1945. Este  matemático imaginava um sistema de organização de informações que funcionasse  de modo semelhante ao sistema de raciocínio humano: associativo, não-linear,  intuitivo, muito imediato. Nos anos sessentas, Theodor Nelson criou o termo  «hipertexto» para exprimir o funcionamento da memória do computador.   O desenho didático  pode estruturar-se como hipertexto assim entendido para exprimir o perfil da  sala de aula online engendrada pela co-autoria da equipe de produção, do  docente e dos cursistas na construção da aprendizagem e da própria comunicação.  A sala de aula online não está centrada na figura do professor. Possui,  permanentemente, diversos centros em que se dão a constante construção e a  renegociação dos atores em   jogo. Nela, a aprendizagem se dá com as conexões de imagens,  sons, textos, palavras, diversas sensações, lógicas, afetividades e com todos  os tipos de associações. O docente não perde sua autoria enquanto mestre. De  polo transmissor ele passa a agente provocador de situações, arquiteto de  percursos, mobilizador da inteligência coletiva.   O hipertexto se  apresenta como novo paradigma tecnológico que liberta o usuário da lógica  unívoca, da lógica da distribuição de informação, próprias da mídia de massa e  dos sistemas de ensino predominantes no século xx.  Ele democratiza a relação do indivíduo com a informação, permitindo que ele  ultrapasse a condição de consumidor, de espectador, passando à condição de  sujeito operativo, participativo e criativo. Pode-se dizer, então, que o  hipertexto é o grande divisor de águas entre a comunicação massiva e a  comunicação interativa. Pode-se dizer, enfim, que «o hipertexto é  essencialmente um sistema interativo» e que, materializado no chip, ele faz  deste o «ícone por excelência da complexidade em nosso tempo» (Machado, 1997,  p. 183 e 254).  O desenho didático  precisará estruturar links com textos, imagens, sons, palavras, páginas,  gráficos, etc. E para a elaboração de conteúdos de aprendizagem deverá  contemplar princípios do hipertexto eletrônico como usabilidade (fácil acesso à  informação, navegabilidade intuitiva), multivocalidade (vários pontos de  vista), intratextualidade (conexões no mesmo documento), intertextualidade  (conexões com outros documentos), multilinearidade (leituras sem hierarquias)  (Lemos, 1999).  Especificamente sobre  o conteúdo proposto em um curso online, pode-se dizer que se trata de um  conjunto de informações, disposições e proposições definidas pelo desenho  didático e estruturadas pelo web-roteirista como conteúdo vivo. Isto é, que  pode ser modificado e ampliado ao longo de todo o curso, quando os sujeitos  imprimem seus sentidos, significados e compartilham suas experiências pessoais  e profissionais no ambiente virtual de aprendizagem.  Fica a cargo do  web-roteirista a arquitetura dos conteúdos produzidos pelo especialista  (conteudista). Ele dispõe os conteúdos numa teia que envolve debate mediado por  interfaces de comunicação síncronas e assíncronas. Ele precisa cuidar da  dinâmica das ações dos cursistas ou interagentes.  3.3.    O web-roteiro  O roteiro para a web  é um web-roteiro. O desenho didático se estrutura inicialmente no web-roteiro,  ou seja, na sistematização hipertextual das temáticas de um curso com seus  conteúdos e situações de aprendizagem.    As situações de  aprendizagem são desafios à atuação criativa do aprendente solitário e também à  participação colaborativa. Elas devem expressar a materialidade da ação do  aprendente. Isto é, as situações de aprendizagem propostas devem engajar uma  teia de possibilidades materializadas nas disposições de software, de  banco de dados e de conectividade disponibilizadas aos aprendentes. O  web-roteiro deve expressar a conectividade e a dinâmica das interações  dispostas como situações de aprendizagem e como base para se criar e  professorar um curso online (Silva, 2003).  Para arquitetar os  conteúdos em hipertexto online pode ser utilizada a técnica dos mapas  conceituais para sua estruturação em web-roteiro. Os mapas conceituais são diagramas  que indicam relações, conexões ou associações entre os conceitos, hipermídia e  interfaces. É possível utilizar softwares para a criação de mapas  conceituais. Um exemplo é o  CMapTolls3 (Santos, 2006b).   Tendo os conteúdos e  as situações de aprendizagem mapeados, o próximo passo é roteirizá-los no  formato do hipertexto online, dispostos em rede de interfaces de  apresentação e de comunicação e não no modelo linear ou hierárquico. 
  Há o web-roteiro  estruturado como narrativa linear de conteúdos e atividades. Há o modelo  hierárquico que encadeia conteúdos e atividade a partir de pré-requisitos. E há  o hipertextual capaz de fazer jus à dinâmica interativa da web. O responsável  pelo roteiro, seja ele o próprio especialista ou o próprio web-roteirista ou o  desenhista didático, precisará atentar para a dinâmica da comunicação e da  aprendizagem individual e colaborativa predisposta no ambiente online de  aprendizagem.   O web-roteiro pode  ser escrito enquanto o curso está sendo realizado. A partir da intervenção dos  cursistas e do docente, o web-roteirista propõe conteúdos e situações de  aprendizagem em novos caminhos. Implicações práticas: é preciso ter tempo hábil  e agilidade de produção. A equipe de produção precisa estar sintonizada e atuar  muito agilmente perante a proposta de interatividade. É importante pré-produzir  parte dos conteúdos e das atividades que poderão ser utilizados ou não, de  acordo com as preferências dos cursistas e do docente.   Há diversos cuidados  específicos para a construção do web-roteiro. Para garantir a proposição dos  conteúdos e das situações de aprendizagem de modo a potencializar a autoria dos  docentes e dos cursistas, o web-roteiro precisará atentar para, pelo menos,  quatro feixes de sugestões: 
               Arquitetar percursos hipertextuais: articular  o percurso da aprendizagem em caminhos diferentes, interdisciplinares em teias,  em vários atalhos, reconectáveis a qualquer instante por mecanismos de  associação; explorar as vantagens do hipertexto: disponibilizar os dados de  conhecimento exuberantemente conectados e em múltiplas camadas ligadas a pontos  que facilitem o acesso e o cruzamento de informações e de participações;  implementar no roteiro do curso diferentes desenhos e múltiplas combinações de  linguagens e recursos educacionais retirados do universo cultural do estudante  e atento aos seus eixos de interesse; utilizar diversas formas de narrativas:  textuais (textos acadêmicos, jornalísticos, história em quadrinhos, textos  literários, relatos, histórias de vida); imagéticos (fotografia, charge,  animação, mapa, gráfico, vídeo, filme, gravuras) e sonoros (música,  audioconferência, podcasting); multimídia (games, simulação, slideshow,  www). Disponibilizar uma montagem de conexões  em rede que permita múltiplas ocorrências: modelar os conteúdos e  situações de aprendizagem como espaços conceituais, onde os aprendizes possam  construir seus próprios mapas e conduzir suas explorações, considerando-os como  ponto de partida e não como ponto de chegada no processo de construção do  conhecimento; garantir um território de expressão e aprendizagem labiríntico  com sinalizações que ajudem o aprendiz a não se perder, mas que ao mesmo tempo  não o impeçam de se perder; desenvolver um ambiente intuitivo, funcional, de  fácil navegação e aperfeiçoável na medida da atuação do aprendiz; propor a  aprendizagem e o conhecimento como espaços abertos à navegação, colaboração e  criação; possibilitar que o aprendiz conduza suas explorações; disponibilizar  múltiplas experimentações, múltiplas expressões; promover oportunidades  de trabalho em grupos colaborativos; desenvolver o cenário das atividades de  aprendizagem de modo a possibilitar a participação livre, o diálogo, a troca e  a articulação de experiências; garantir a exposição de argumentos e o  questionamento das afirmações.   Provocar situações de inquietação  criadora: promover ocasiões que despertem a coragem do enfrentamento online  diante de situações que provoquem reações individuais e grupais; encorajar  esforços no sentido da troca entre todos os envolvidos, juntamente com a  definição conjunta de atitudes de respeito à diversidade e à solidariedade;  incentivar a participação dos cursistas na resolução de problemas apresentados,  de forma autônoma e cooperativa; elaborar problemas que convoquem os cursistas  a apresentar, defender e, se necessário, reformular seus pontos de vista  constantemente; formular problemas voltados para o desenvolvimento de  competências que possibilitem ao aprendiz ressignificar ideias, conceitos e  procedimentos; implementar situações de aprendizagem que considerem as experiências,  os conhecimentos e as expectativas que os estudantes já trazem consigo;  desenvolver atividades que propiciem não só a livre expressão, o confronto de  ideias e a colaboração entre os estudantes, mas que permitam, também, o  aguçamento da observação e da interpretação das atitudes dos atores envolvidos. Adotar estratégias de sinalização para o webdesigner:  optar pelo formato em duas colunas (uma coluna contendo o texto do conteudista  tratado pelo designer didático, outra coluna contendo indicações de links  para múltiplos percursos hipertextuais, conforme sugestões contidas no item  «Arquitetar percursos hipertextuais» supracitado) ou pelo modo de apresentação  (disposição dos conteúdos e de situações de aprendizagem no formato gráfico em  telas (templates) cabendo ao webdesigner a definição da arte  final); identificar o nome do web-roteiro, autor, unidade, versão, página; usar  cores distintas, storyboards, negritos e sublinhados, maiúsculas,  quadros, tabelas, gráficos, fotos, ilustrações.  Estas sugestões são  pertinetes ao web-roteirista e a toda a equipe interdisciplinar de produção de  um curso online. Em particular, são proveitosos para o docente que  precisa estar sintonizado com o cenário sociotécnico do computador online  e com o ambiente online de aprendizagem para não subutilizar o desenho  didático e comprometer a comunicação e a aprendizagem.  Estar em sintonia com  o cenário sociotécnico do computador online significa ser um incluído  digital, o que requer mais do que, simplesmente, ter acesso ao computador  conectado à internet. O docente precisará ser versado em utilização interativa  das interfaces do ambiente online de aprendizagem. Em diálogo constante  com o desenho didático, ele terá que se dar conta do digital, do  não-sequencial, da montagem de conexões em rede que permite e exige uma  multiplicidade de recorrências entendidas como conectividade, diálogo e  participação (Silva, 2005).  O docente precisará  estar convencido de que em lugar de substituí-lo, as interfaces online  vêm potenciar a sua autoria (Silva, 2005). Na sala de aula online o  desenho didático interativo conta com o docente formulador de interrogações,  coordenador de equipes de trabalhos, sistematizador de experiências. Em lugar  do guardião do conhecimento e disparador de lições-padrão de pedagogia da  transmissão, o docente precisará acionar a participação do cursista, sabendo  que a comunicação e o conhecimento se constroem como co-criação, como expressão  e confrontação das subjetividades, sabendo que a fala livre e plural supõe  lidar com as diferenças na construção da tolerância e da democracia.  4.       Conclusão Durante milênios  quase toda memória foi oralidade. Com a imprensa, no século xv, ergueu-se a era das letras até o  século xix. No século xx tivemos a ascensão e queda da era dos  meios de difusão impressa, cinema, rádio e televisão. E em nosso tempo temos a  expressão computador online para exprimir nossa atualidade sociotécnica  informacional e comunicacional definida pela codificação digital e sua  repercussão sociotécnica.   A novidade não está  somente na capacidade inédita do computador online estocar e circular o  maior número de dados em perfeita qualidade e de modo cada vez menos oneroso. O  mais favorável diz respeito à qualidade semiótica intrínseca do computador online  que garante o caráter plástico, fluido, multidirecionado, interativo e tratável  em tempo real do conteúdo, da mensagem que são benefícios fundamentais para a  educação.  Como não cair no  equívoco da distribuição de conteúdos fechados, presentes no site, que têm  inveja da televisão, ou nos impressos, lineares, arborescentes, estáticos,  desprovidos de mecanismos de conectividade, de interatividade, de criação  coletiva? Esta interrogação vai estar cada vez mais presente nos debates e  realizações em educação online do século xxi.  Quanto mais atenção ao contexto sociotécnico do computador online, mas  haverá exigência de uma qualidade sintonizada com o desenho didático  interativo.  O desenho didático  para a educação online articula os saberes em uma equipe  interdisciplinar capaz de implementar a ação dos aprendentes e do docente,  entendida esta como dialógica e como interatividade. O conteúdo, estruturado em  módulos, unidades e aulas, não é apresentado como transmissão, ele é proposto  como redes de provocações à autoria colaborativa do docente e dos aprendizes,  como provocação à interatividade.  A equipe de produção  interdisciplincar do curso, juntamente com o docente, precisarão estar atentos  para que os fundamentos do digital e do hipertexto estejam na base do desenho  didático, mais especificamente, na estruturação dos conteúdos e das atividades  a serem disponibilizados como provocação à aprendizagem. Todos precisarão  romper com a linearidade do livro e das apostilas eletrônicas de modo a não  subutilizar o paradigma comunicacional próprio do ambiente online de  aprendizagem.   Sintonizado com nossa  atualidade sociotécnica o desenho didático apresenta-se como rede e não como  rota. Ele define um conjunto de territórios a explorar. Não oferece uma  história a ouvir, mas um conjunto intrincado, labiríntico, hipertextual de  territórios abertos à navegação e dispostos a interferências e  modificações.  Dispõe entrelaçados os  fios da teia, como múltiplos percursos para conexões e expressões com os quais  o docente e os cursistas possam contar no ato de manipular as informações e  construir o conhecimento. O desafio é provocar o aprendente a contribuir com  novas informações e a criar e oferecer mais e melhores provocações à turma,  participando como co-autor do processo de comunicação e de aprendizagem.  O desenho didático  para a educação online que não romper com a prevalência da pedagogia da  transmissão enfrentará doravante os críticos, atentos ao espírito do nosso  tempo. Além dessa crítica, ele terá cada vez mais o computador online  como seu aliado no questionamento fundamental à lógica da distribuição em massa  dos sistemas de ensino presencial e a distância e poderá apresentar-se como  qualidade em educação autêntica, em educação cidadã.  Bibliografia Castells, M. A.  (1999): Sociedade em   rede. São Paulo:
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