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Este número monográfico está dedicado à Formação de diretivos escolares no contexto latino-americano e foi estruturado em torno de cinco temas atinentes à gestão escolar, como: formação inicial de diretores de escola; iniciativas de formação continuada dos diretores escolares; profissão e estudos de diretores escolares;legislação e normativas relativas à direção escolar, e tendências emergentes de aprendizagem cooperativa entre os gestores escolares.
No prazo estabelecido para a apresentação de trabalho, foram enviados 56 artigos de 11 países ibero-americanos, predominando artigos sobre o tema Iniciativas de formação continuada dos diretores escolares (18) e Profissão e estudos de diretores escolares (20). Importante destacar que a área temática Tendências emergentes de aprendizagem cooperativa entre os gestores escolares só teve dois artigos inscritos, evidenciando um campo de pesquisa ou práticas ainda pouco explorado.
Diante da diversidade de artigos e da relevância dos mesmos para a discussão sobre a formação de diretores escolares no contexto ibero-americano, as coordenadoras procuraram estabelecer uma metodologia para a seleção de artigos, com base nos seguintes critérios:
A riqueza das contribuições advindas de reflexões teóricas, resultados de pesquisas e relatos de práticas sobre a formação dos gestores escolares mostra que os sistemas educacionais ibero-americanos estão atentos e reconhecem a importância dos gestores escolares no complexo processo de transformação das sociedades e, consequentemente, das escolas, no século XXI.
A área temática iniciativas de formação continuada dos diretores escolares inicia-se com o artigo «gema: un programa para el fortalecimiento de las prácticas directivas», escrito por Corina S. Lusquiños, Argentina, que relata uma experiência que tem como objetivo contribuir para a melhoria das aprendizagens dos estudantes, por meio do fortalecimento da gestão escolar. O modelo foi desenvolvido em 627 escolas primarias e secundárias localizadas em regiões de precariedade econômica e diversidade cultural de três províncias argentinas e explora aspectos da função diretiva com foco na aprendizagem dos alunos, procurando fortalecer a gestão estratégica. Sua realização combina encontros presenciais e atividades a distância por meio de uma plataforma virtual e um sistema de informações que permite o acompanhamento de trajetória dos estudantes, alertando em caso de riscos no desempenho escolar.
O artigo «Curso de especialização em gestão escolar: uma experiência brasileira de formação continuada de diretores de escola», de Celso Conti e Emília Freitas-de-Lima, aborda a formação continuada de diretores de escola brasileiros, analisada no contexto da redemocratização do país, onde se entrecruzam tendências de modernização, de matrizes teóricas e ideológicas distintas. A experiência é analisada a partir de três aspectos: a elaboração de parcerias entre o Ministério da Educação, as Instituições Federais de Ensino Superior, os estados, os municípios e as entidades que congregam gestores educacionais; a equipe de formadores; e os cursistas.
O artigo «Experiência inovadora para formar diretivos escolares na América ibérica», de Luz Yolanda Sandoval Estupiñán, relata uma experiência de formação de diretores escolares da Colômbia. Embora reconheça que as exigências e modalidades de formação variem de país para país, sugere que o modelo desenvolvido pode servir de referência para outros países americanos. Seu trabalho chama a atenção para a criação de um ethos que possibilite a emergência de processos de inovação, envolvendo os protagonistas, o que pode vir a gerar um impacto duradouro para a sociedade.
O texto «Gestão da formação permanente de diretivos educacionais» de José Ramos Bañobre, José A. García Rodríguez, Míriam E. Dorta Martínez e Oruam C. Marichal, de Cuba, aborda aspectos relacionados às ações de formação de diretores, a partir da ideia de que as formações planejadas nem sempre conseguem responder às reais necessidades da gestão escolar. Na visão dos autores, esse descompasso entre o planejamento dos cursos e as reais necessidades dos diretores, está associado à falta de um modelo ideal de desempenho dos diretores e a quais competências profissionais estes necessitam para um desempenho eficiente. O trabalho procura distinguir os objetivos e princípios que devem orientar a formação continuada dos diretores.
«Formação para a inovação em Educação Média Superior: uma experiência formativa de diretores escolares no México», de Graciela Morales López, encerra os artigos selecionados para a área temática Iniciativas de formação continuada dos diretores escolares e traz uma discussão sobre a formação de diretores escolares, cujo perfil deve ser baseado em competências que os torne capazes de liderar processos de mudanças e de introduzir inovações na escola. A experiência descrita ocorreu no estado de Nuevo León e permitiu a 76 diretores conhecerem, compararem e abrirem-se a mudanças e inovações ao participarem de um intercâmbio com colegas da cidade de Nova Iorque.
A área temática profissão e estudos de diretores escolares tem início com o artigo «A formação de diretores/as, (mais) um fator de iniquidade escolar na América Latina», de F. Javier Murillo e Cynthia Martínez-Garrido, que mostra resultados sobre condições de iniquidade dos sistemas escolares de 17 países latino-americanos, tomando como referência dados do SERCE relativos à formação inicial, continuada e experiência dos diretores. Para realizar a análise, os autores realizaram um cruzamento de variáveis, levando em consideração a localização geográfica (urbano e rural), o nível socioeconômico e cultural das famílias dos estudantes e o percentual de estudantes indígenas. Os resultados mostram que os diretores que trabalham em escolas rurais, com famílias de baixo nível socioeconômico e cultural e maioria de estudantes indígenas possuem menos formação inicial e continuada que seus colegas.
«Experiências inovadoras e renovação da formação diretiva latino-americana» foi escrito por José Weinstein, Carolina Cuellar, Macarena Hernández, Joseph Flessa e é resultado de um estudo realizado pelos autores para a Unesco-Orealc. O estudo reúne informações detalhadas sobre programas inovadores de formação de diretores em seis países da Região. Na visão dos autores é urgente a necessidade de articular a formação e o desenvolvimento profissional dos diretores escolares latino-americanos de modo a ir reduzindo as lacunas existentes entre o que os executores das políticas educacionais oferecem aos gestores escolares e as competências que estes, de fato, necessitam. As experiências pesquisadas permitem constatar importantes aprendizagens para a renovação da formação dos diretores.
«A direção escolar eficaz. Um estudo multinível em educação secundária em El Salvador», de Gustavo Ramos Ramírez, investiga a participação do diretor na eficácia das instituições de educação média em El Salvador. A Universidade Pedagógica de El Salvador concebeu um projeto de pesquisa desenvolvido nos centros educativos de Educação Média em todo o país visando coletar informações sobre os diretores. Participaram da investigação 600 diretores e, adicionalmente, professores e alunos do bacharelado para identificar aspectos da eficácia educativa e sua relação com o rendimento os estudantes. O autor conclui que a direção escolar eficaz representa um grande desafio em qualquer contexto educativo e que é maior em regiões pobres e violentas, como no caso salvadorenho.
O artigo «A liderança emergente dos diretores escolares na Espanha. A voz do professorado», de María Amparo Calatayud Salom, encerra a área temática Profissão e estudos de diretores escolares, apresentando resultados de uma investigação qualitativa denominada «Melhorar a liderança escolar do ponto de vista do professorado» e procura analisar as percepções dos professores de Educação Primária da escola pública espanhola sobre qual é o perfil de liderança do diretor que as organizações escolares demandam, hoje, para enfrentar os desafios educativos contemporâneos. Os resultados têm ajudado a revelar, a partir da visão dos professores, a essência da liderança que as organizações escolares desejam e que pode também apontar cenários atuais e futuros dos diretores para as escolas latino-americanas.
A área temática legislação e normativas relativas à direção escolar conta com o artigo «As políticas de descentralização da gestão escolar no Brasil», de Joselaine Andréia de Godoy Stênico, Joyce Mary Adam, Marcela Soares Polato Paes, que discute o processo de democratização da gestão educacional no Brasil, abordando o processo histórico, legislações e documentos que consolidam as políticas públicas que regulamentam a sua implantação. Dedica-se, ainda, a analisar o papel do gestor escolar sob o contexto da gestão democrática que procura promover a descentralização no âmbito escolar e nas práticas de organização e planejamento.
O artigo «Sistema de seleção de diretivos no Chile: aprendizagens para a Região», de Claudia Peirano Rodríguez, Pilar Campero Soffia, Florencia Fernández Brain, trata do novo sistema de concurso para a seleção de diretores de escolas implementado no Chile, a parti de 2011, e que, atualmente, já conta com metade dos cargos ocupados por este modelo. Por meio de uma metodologia de investigação qualitativa se identificou algumas pistas para melhorar o processo.
Espera-se que o mosaico de artigos apresentados neste número monográfico possa contribuir para uma reflexão aprofundada sobre a gestão escolar nos países ibero-americanos, oferecendo pistas de investigação e de formação de diretores escolares nesses e noutros contextos.
Sofia Lerche Vieira y Eloísa Maia Vidal
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