Número 73 Enero-Abril / Janeiro-Abril 2017

Apresentação

Não podemos definir o mundo do século XXI sem referir-se a ele como globalizado. Consequentemente, o desenvolvimento sustentável e o ensino superior são obrigados a interagir de forma sustentável no âmbito educativo, de pesquisa e de transferência social.

A missão desta corresponsabilidade entre o desenvolvimento sustentável e a universidade é oferecer garantias de preservação dos direitos humanos, civis, políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais do planeta para as gerações atuais e futuras. A prova dessa necessidade premente é o anúncio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável feito pela ONU em setembro de 2015.

Esta edição da RIE enfrenta de maneira multidimensional a teoria e a prática destes conceitos em diferentes cenários. Os trabalhos apresentados são de uma pesquisa de alta qualidade, cujo ponto em comum é a abordagem inclusiva e de atenção à diversidade dos seres humanos como agentes, não locais, mas globais nos processos de ensino e aprendizagem.

Poderemos constatar por meio dos artigos que compõem esta monografia que não existe uma única maneira de considerar a interação do desenvolvimento sustentável com o ensino superior. De acordo com a nossa perspectiva da complexidade do tema, concebemos esta interação de maneira sistêmica e holística. Sistêmica e corresponsável, já que as ações da primeira impactam necessária e diretamente na segunda e vice-versa. E holística, porque a totalidade de um mundo virtual conectado, nos obriga a enfrentar o desafio da sustentabilidade no ensino superior, incluindo o aspecto plural e transdisciplinar em nome de uma ética global.

A rota conceitual sobre a evolução do termo sustentabilidade se inicia com o artigo de David Alba, que aborda os preceitos conceituais de sustentabilidade ambiental no âmbito universitário, passando pelas declarações internacionais que impulsionaram esse termo a fim de ajudar a estruturar as políticas universitárias de sustentabilidade, como uma forma de melhorar a execução destas.

Elson Santos Silva Carvalho e Dernival Venâncio Ramos nos propõem uma reconceitualização, ou como eles apresentam, uma reavalição do termo ecopedagogia para contrapor os efeitos do atual modelo de desenvolvimento humano rumo a uma nova forma de ação, que possibilite uma implementação democrática do conhecimento no ensino superior.

Mas nenhuma mudança pode ser feita isoladamente, pois atualmente é necessário unir forças para poder transformar o planeta. A autora Mª Ángeles Murga Menoyo, a partir de uma revisão sistemática, nos introduz as redes nacionais e internacionais que, em matéria de desenvolvimento sustentável estão liderando as ações implementadas no ensino superior, no campo das estruturas de gestão, de pesquisa e de formação.

Há uma década que o mundo acadêmico vem trabalhando para identificar as competências-chave da sustentabilidade no ensino superior para incorporá-las aos processos de ensino e de aprendizagem. Assim, antes de entrar em um conjunto de artigos, de diferentes formas ou visões, os professores Valentin Gonzalo Muñoz, Laura Benítez Solis, Rosa María Sobrino e Alfonso Coronado Marín procuram responder a esta necessidade global de mudança do atual modelo de desenvolvimento. Para tanto, apresentam uma revisão sistemática identificando as competências por e para a sustentabilidade.

Posteriormente, autores como Bienvenida Sánchez Alba, Inmaculada Gomez-Jarabo e a professora Carmen Sabán Vera, tratam da necessidade de inserir nos perfis profissionais as habilidades voltadas para a sustentabilidade. Leslie Collazo e Ana María Geli, o grupo de pesquisa da Universidade de Cádiz, Francisco Machín e colaboradores e Javier Collado nos apresentam suas visões sobre como incluir a sustentabilidade nos currículos universitários.

Sem deixar de mencionar a importância que o docente desempenha neste processo de mudança e transformação das universidades, autores como Pilar Aznar Minguez e o grupo de pesquisa SOSCUVEG aprofundam o tema da atualização do professor universitário a esse respeito.

Que o artigo de Sílvia Albareda Tiana e colaboradores nos sirva para ajudar a identificar as barreiras para a sustentabilidade integral na universidade a fim de que esta monografia seja uma realidade de experiências compartilhadas que possibilitem a mudança para universidades de qualidade, que incorporem em todas as suas dimensões essa responsabilidade exigida para com o planeta e com o ser humano.

*Belén Sáenz-Rico de Santiago

Universidad Complutense de Madrid

 

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