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 ISSN: 1681-5653

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  Experiencias e Innovaciones (E+I)

For-chat: uma possibilidade de ferramenta para o ensino a distância via internet

Glaucio José Couri Machado e Deise Juliana Francisco
Professores do DCH (Departamento de Ciências Humanas) da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI, Campus Santo Ângelo), Brasil.

Número 35/2
10-02-05

1. Introdução e apresentação

Nos “novos horizontes” da EAD - inserida no mundo pós-moderno - destacam-se os ambientes virtuais. Esses “locais” no ciberespaço se apresentam como caminhos viáveis e importantes para a construção do saber em estudos à distância. Além disso, a utilização de recursos ou ferramentas em ambientes informatizados reconstroem a lógica da vida do sujeito participante criando uma transformação do seu processo pedagógico quando são baseados na exploração da rede, na construção cooperativa de conhecimento, nas interlocuções que ocasionam mediações entre professor-aluno e quando o ambiente tem design que possibilite inúmeras possibilidades de interação.

Dentro desta proposta, o “Lelic” (Laboratório de Estudos de Linguagem, Interação e Cognição) da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) desenvolveu uma ferramenta denominada For-Chat para o incremento da EAD, que se encontra na “Plataforma AVENCCA” – Ambientes Virtuais para Encontros de Sentido, Construções Conceituais e Aprendizagem. Essa ferramenta inclui situações denominadas chats (salas de bate-papo), fóruns de discussão e murais de recado. É um ambiente virtual onde os alunos participam sincronicamente e assincronicamente, possibilitando a interação no tempo e no espaço, além de propiciar aos especialistas e/ou professores inúmeras condições de sondagem do seu uso por parte dos alunos, desde estatísticas de colaborações e entradas dos discentes, até os portfólios e/ou memória e páginas pessoais de cada participante, possibilitando a interação no tempo e espaço e o registro quantitativo e qualitativo da participação.

O programa também efetua o ordenamento das mensagens seguindo uma estrutura de cadeia, de tal forma que dentro do banco de dados cada uma recebe um identificador único e aponta para o identificador da próxima mensagem. É possível efetuar o acompanhamento individual da produção dos usuários em quadros de horários dividida por semanas. Aos usuários é permitido acessar apenas seu próprio registro, enquanto que orientadores têm acesso a qualquer registro. As vantagens no uso do For-Chat decorrem dos seguintes fatos: usuários, independente de sua localização, podem interagir simultaneamente entre si; mensagens antigas permanecem disponíveis para interação; a estrutura posicional da exibição das mensagens evita descontinuidade dos assuntos tratados; o sistema de registro possibilita um controle de ‘freqüência’. (Axt; Medeiros & Stuermer-Daitx, 2003).

2. A ferramenta

O Software For-Chat é uma ferramenta de comunicação que pode ser utilizada por aprendizes e professores de vários níveis de ensino, em qualquer área do conhecimento, sempre que o objetivo for a interação dialógica (argumentativa, narrativa, expressiva, contratual), de caráter teórico conceitual-metodológico ou de caráter estético-ficcional, em que todos os participantes se encontram em posição de interlocução, por meio da escrita autoral. Situa-se entre um fórum, um chat e um quadro mural.

feito para conversar, o Forchat provê que os interlocutores fiquem o tempo todo imersos no próprio texto em construção, sem dele tomar distância, na medida em que os formulários de edição de texto ficam sempre expostos e disponíveis no mesmo espaço do texto já editado; o Forchat é, no entanto, mais do que um chat, é também um fórum, na medida em que se constitui mediante uma memória, a qual se apresenta visível e evidente a todo e qualquer movimento de resgate de registros, que podem ser procurados, mas também postados quando de sua edição, tanto por ordem cronológica quanto por ordem de posição (não-linear); os registros podem ainda ser recuperados a partir do nome de cada participante-autor, podem também apresentar tratamento estatístico em termos de freqüência. Finalmente, o ForChat traz de ferramentas como o quadro mural, e também do chat, a idéia de desregulamentação de tópicos hierárquicos, instaurando a simultaneidade das temáticas e horizontalidade das relações heterárquicas entre eles, desfazendo qualquer sentido de prioridade, de estabelecimento, de maior ou menor relevância no tratamento dos mesmos. (idem p.257).

Do ponto de vista da programação, o Software For-Chat é uma ferramenta de comunicação que viabiliza o intercâmbio de informações em formato de lista de discussão, dispondo, entretanto, de todos os registros on-line. A estrutura do software baseia-se no armazenamento de mensagens em um banco de dados MySQL, ordenadas por meio de uma página em PHP para posterior exibição em um browser. Os usuários possuem um cadastro único (orientadores têm direitos adicionais) e o acesso ao sistema é permitido apenas a estes. Isto permite que o programa armazene no banco de dados a mensagem, seu remetente e o momento exato do envio.

O programa também efetua o ordenamento das mensagens seguindo uma estrutura de cadeia, de tal forma que dentro do banco de dados cada uma recebe um identificador único e aponta para o identificador da próxima mensagem. A visualização padrão das mensagens obedece ao ordenamento preestabelecido. Adicionalmente existe a opção de visualizá-las por ordem cronológica.

As informações armazenadas (mensagem, usuário, data e horário) possibilitam a criação de um registro, onde pode se fazer o acompanhamento individual em quadros de horários divididas por semanas, amparando os orientadores em sua metodologia de trabalho avaliativo e de intervenção, contemplando ainda possibilidades de avaliação cooperativa e auto-avaliação, na medida em que os alunos/usuários têm acesso ao seu próprio desempenho, tanto em termos quantitativos, quanto no que refere à extração de todas as contribuições por ele efetuadas, ao longo do tempo, com vistas à sua análise. Aos usuários é permitido acessar apenas seu próprio registro, enquanto que orientadores têm acesso a qualquer registro.

O For-Chat produz, por simulação, em meio à aparentemente caótica produção de textos/mensagens/sentidos/significações, as condições para a experimentação e vivência de novos desafios. A aprendizagem e a construção do conhecimento são constatadas por meio do texto coletivo e na auto-avaliação (Memoriais de Conceitos) que cada integrante desenvolve. Esses textos avaliativos permeiam o coletivo, em construção pelo grupo, buscando conceitos em geração e circulação.

Os Memoriais de Conceitos são textos individuais publicados em formato HTM. Estes são alocados no interior da plataforma e disponíveis a todos os integrantes do grupo. São característicos da intervenção no contexto coletivo, implicando pela própria intervenção a reflexão avaliativa da trajetória teórico-conceitual: é o espaço da autoria. Nesse momento, sobressai do aparentemente anárquico desenvolvimento do texto coletivo a coerência do conceito em construção, conceito este multifacetado, sem limites claros e definitivos, polissêmicos e polifônicos.

As telas iniciais da ferramenta:

Figura 1
Página de abertura e login
Figura 2
Página "Índice" das seções
Figura 3
Página de identificação dos participantes
Figura 4
Interface de comunicações
Figura 5
Detalhe da "Interface de comunicações"
Figura 6
Registros de acessos dos participantes
Figura 7
Página para FTP dos "Memoriais de Conceito"
 
 

3. A Pedagogia

No mundo virtual, no âmbito pedagógico, há de se ter clareza com relação à pedagogia de base para o desenvolvimento e uso dos recursos informáticos, a fim de se trabalhar efetivamente na construção da cidadania, autonomia e democratização do conhecimento, oportunizando condições favoráveis para o processo positivo do ensino-aprendizagem.

Neste sentido, em ambientes informatizados deve haver a disponibilização de recursos que viabilizem a interação e as trocas cooperativas para a construção do conhecimento, independentemente de área específica de atuação.

Peters (2001) realça que a proposta do estudo autônomo é conhecida há muito na teoria e na prática; em contraposição, os tradicionais procedimentos didáticos expositivos referem-se a um estágio passado da sociedade e são grosseiramente inadequados: “Em relação às universidades com presença isso vale especialmente para as preleções, em universidades à distância, em relação aos cursos de ensino a distância, preparados em detalhes. O estudo autônomo, ao contrário, parece corresponder às tendências do tempo e estar aberto para o futuro.”(idem, 2001, p. 97)

Os indivíduos que buscam cursos à distância para atualizar, qualificar e/ou complementar sua formação podem apresentar certas especificidades: maior experiência de vida e profissional; estudos em tempo parciais, paralelos às atividades laborais, sociais e familiares; busca de ascensão social; qualificação e idade média superior a dos estudantes de cursos regulares presenciais (Peters, 2001).

Conforme Axt e Maraschin (1999), ambientes de aprendizagem são locais não necessariamente geográficos que oportunizam a realização de experimentações cognitivas e pesquisas, implicando ludicidade, manipulação de objetos do ambiente, perturbações, bem como interação com outros sujeitos. Tais ambientes, mediados pela telemática, enriquecem o estabelecimento de canais de comunicação, apropriação ativa das informações, baseada em explorações e construção cooperativa de conhecimento por meio das interações de grupos virtuais.

Dentre as mudanças oportunizadas pela rede, por meio da intervenção ativa dos participantes no manuseio de inúmeras fontes de referência, identifica-se um crescimento na autonomia do indivíduo para a construção do próprio conhecimento. E essa construção não-linear, não-seqüencial – viável por sistema de hipertexto e hipermídia – requer dos instrutores/professores cuidado especial com planejamento, desenvolvimento e avaliação de programas de EAD.

4. Conclusão

No âmbito da educação, as experiências de uso de recursos informatizados têm sido estudadas e apontam para a emergência de uma escrita auto-narrativa e autopoiética, centrada na experiência pessoal e grupal da comunidade virtual, na constituição de vínculos afetivos entre os participantes e na potencialidade desagregadora e reflexiva oportunizada pelos recursos informáticos e por sua forma de uso a partir de proposta pedagógica baseada no desenvolvimento de autonomia para tomadas de posição e de decisão e na construção do conhecimento.

O For-Chat vem ao encontro dessas realidades e ele é originário de propostas oriundas das teorias da complexidade e da compreensão de que tem crescido rapidamente, nesses últimos anos (em particular no Brasil), o entendimento sobre a importância de disponibilizar em ambientes informatizados, em especial no âmbito da EAD, recursos que favoreçam a interação e as trocas cooperativas.

A ferramenta é produto da mudança de mentalidade que vem sendo gerada nas “épocas pós-modernas”. Michel de Certau (1996 e 2000), na sua antropologia filosófica faz compreender os trajetos, os caminhos e significados que os sujeitos representam em seu imaginário: a estética e a sociabilidade. Ele aponta para o vivido... O construído; nos levando a abraçar a idéia de que nossos múltiplos e enredados processos de inserção na sociedade nos formam como uma rede de subjetividades. Com relação ao For-Chat, a “tática” engendrada é uma “arte de fazer” diferente do legitimado e apregoado nas lógicas pedagógicas do ensino presencial e a distância “centrado no professor”. Subtraindo e substituindo o “fazer da sala” de aula imposto pela pedagogia centrada no professor, o aluno dá vida a um certo corpo de conduta e práticas que o outorgam o papel de criador... Emerge de um diálogo “vivenciado” e experimentado, criando sua própria tática em sintonia com a da ferramenta e recriando situações práticas ou operações no seu interior. É a mesma lógica do consumidor de Certeau que segundo Garcia e Lovink (2004) seria:

Ele transferiu a ênfase das representações em si direto para os "usos" das representações. Em outras palavras, de que modo nós, como consumidores, usamos os textos e artefatos que nos rodeiam. E a resposta, ele sugeriu, era "taticamente". Isso quer dizer de formas muito mais criativas e rebeldes do que já tinha sido imaginado. Ele descreveu o processo de consumo como um conjunto de táticas pelas quais o fraco faz uso do forte. Ele caracterizou o usuário (um termo que ele preferiu a consumidor) rebelde como tático e o presumido produtor ( no qual ele inclui autores, educadores, curadores e revolucionários) como estratégico. Estabelecer esta dicotomia permitiu a ele produzir um vocabulário de táticas rico e complexo o bastante para equivaler a uma estética reconhecível e distinta. Uma estética existencial. Uma estética da apropriação, do engano, da leitura, da fala, do passeio, da compra, do desejo. Truques engenhosos, a astúcia do caçador, manobras, situações polimórficas, descobertas prazerosas, tão poéticas quanntes do valor destas inversões temporárias no fluxo do poder. E mais que resistir a estas rebeliões, fazem tudo que podem para amplificá-las. E na verdade fazem com que a criação de espaços, canais e plataformas para estas inversões seja fundamental para sua prática.

Com isso, os alunos vão compreendendo os trajetos, os caminhos feitos e significados por eles e pelos outros, buscando perceber como representam em seu imaginário a estética e a sociabilidade existente nas relações e no local For-Chat, além de tentar entender de que forma isso reflete na sua vida; recriando um cotidiano de práticas de vida, com seus desejos e sonhos - "fazer com" de Certeau.

Essa ferramenta está sendo utilizada em algumas disciplinas da área pedagógica e da Informática da Educação na UFRGS, inclusive, em disciplinas do MEAD/UFRGS (Mestrado em Educação a Distância), entre outras instituições.

Assim, justificam-se estudos do For-Chat e, conseqüentemente, os ambientes virtuais de aprendizagem, não só na importância de ser um estudo ligado à Internet (pelos vários motivos já apresentados), mas também pelo que ele pode investigar sobre a práxis pedagógica e a formação do educando pela/na educação a distância. Dessa forma, estudos mais profundos da ferramenta e seu uso auxiliam na elucidação, proposição e contribuição para uma EAD transformadora.

Referências

Axt, Margarete; Maraschin, Cleci. “Narrativas avaliativas como categorias autopoiéticas do conhecimento”. Florianópolis, Revista de Ciências Humanas, Série Especial Temática, p. 21-42., 1999

Axt, Margarete; Medeiros, Fábio; Stuermer-Daitx, Tiago. “Desenvolvimento do software de comunicação For-Chat”. http://www.lelic.ufrgs.br/webteca/for-chat.pdf, março, 2003

Certeau, Michel de. “A invenção do cotidiano: artes de fazer”. 2ª ed. Petrópolis, Vozes, 1996

Certeau, Michel de; Giard, Luce e Mayol, Pierre. “A invenção do cotidiano: morar, cozinhar”. 3ª ed. Petrópolis, Vozes, 2000

Garcia, David e Lovink, Geert. (2004) “O ABC da mídia tática”. http://www.gardenal.org/cltn/archives/000206.html, julho

Peters, Otto. “Didática do ensino a distância”. São Leopoldo, Ed. da Unisinos, 2001

 

Correo electrónico: gcmachado@urisan.tche.br

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