A educação artística e as prioridades  educativas do início do século XXI 
             Teresa Torres de Eça * 
            Investigadora associada do Centro de Investigação em Educação e Psicologia,
            Universidade de Évora, Portugal. 
             Síntese: Na primeira década do século xxi, vimos  como as esperanças das grandes organizações intergovernamentais se ancoraram na  educação. Lançaram-se prioridades e programas estratégicos, anunciando educação  para a sustentabilidade e para a cidadania numa tentativa de fazer face à crise  socioeconômica mundial. Neste contexto a educação artística pode desenvolver um  papel fulcral, pela sua própria natureza responde aos pilaras básicos da  educação, ao repto do desenvolvimento, da criatividade, da inovação e ao  chamamento da educação para a cidadania, para os valores e diálogo  intercultural. Nunca antes foi tão premente a necessidade de um novo paradigma  centrado na educação social e existem experiências educativas através das  artes, no espaço ibero-americano, que podem sugerir modelos de reflexão para a  educação social e o desenvolvimento comunitário.  
              Palavras-chave: educação;  desenvolvimento comunitário;educação social; educação para a  cidadania;inovação; educação artística. 
              La educación artística y las prioridades  educativas al inicio del siglo xxi 
              Sintesis: En  la primera década del siglo xxi vimos  como las esperanzas de las grandes organizaciones intergubernamentales se  apoyaron en la educación. Se dieron prioridades y se desarrollaron programas  estratégicos que anunciaban educación para la sustentabilidad y para la  ciudadanía en un intento de hacer frente a la crisis socioeconómica mundial. Es  en este contexto donde la educación artística puede desarrollar un papel  fundamental, por su propia naturaleza responde a los pilares básicos de la  educación, al desafío del desarrollo de la creatividad e innovación y a la  llamada de la educación para la ciudadanía, hacia los valores y el diálogo  intercultural. Nunca antes fue tan urgente la necesidad de un nuevo paradigma  centrado en la educación social y en el espacio iberoamericano, existen  experiencias educativas a través de las artes que pueden sugerir modelos de reflexión  para la educación social y el desarrollo comunitario. 
              Palabras clave: educación; desarrollo  comunitario; educación social; educación para la ciudadanía; innovación;  educación artística. 
              Artistic  education and education priorities in the dawn of 21st century 
              Abstract: During the first decade of the 21st century we have seen  intergovernmental organizations put their hopes into education. 
              In an  attempt to address the world socio-economic crisis, strategic programs that  announced education aimed at sustainability and citizenship were developed and  prioritized. 
              It is in  this context that artistic education can play a fundamental role. Because of  its own nature, it provides the corner stone of education, creativity  development and innovation. It also answers the call to civic education, values  and intercultural dialogue. 
              The need  for a new paradigm focused on social education has never been so urgent. In the  Ibero-American space, in the arts, there are educative experiences that can  suggest reflection models for social education and community development. 
              Keywords:  education, community development, social education, civic education,  innovation, artistic education. 
             1.      Criatividade  e inovação: a educação como resposta à crise 
             Angel Gurría, secretário-geral da ocde1 alertava para o facto de estarmos a presenciar  a maior crise de emprego da nossa vida. Em 2009 o desemprego na zona da ocde rondava 57 milhões de pessoas. O  número de desempregados seria ainda maior nos países em desenvolvimento.   Segundo Angel Gurría a resposta a esta crise estaria na  educação e na formação ao longo da vida, não numa educação reprodutora e  passiva, mas numa educação construída a partir de capacidades relevantes para a  sociedade, as chamadas capacidades para o século xxi. Mas as respostas não são fáceis. De que maneira as  escolas e as universidades podem preparar as pessoas para um mundo onde o  trabalho pode ser digitalizado, automatizado e virtualizado? Como podemos  preparar as gerações futuras para empregos que ainda não existem? Para tecnologias  que ainda não foram descobertas e para um planeta e uma humanidade em vias de  extinção? Como poderemos motivar os jovens para uma escola que não lhes diz  nada?  
             A resposta da Comunidade Europeia2 aponta para a promoção da criatividade e da  inovação através da educação e da formação:  
            
               A criatividade é a principal fonte de  inovação, que, por sua vez, é considerada o principal motor de crescimento e  riqueza, enquanto factor fundamental para melhorias no domínio social, e  instrumento essencial para enfrentar desafios globais, como as alterações  climáticas e o desenvolvimento sustentável (2008/C  141/10)3. 
             
             Pouco a pouco foi-se introduzindo o binómio  criatividade/inovação enquanto motor de inovação e factor essencial do  desenvolvimento de competências pessoais, profissionais, empresariais e  sociais. No espaço Ibero-Americano os discursos ministeriais acompanham essa  tendência mundial na reunião de Lisboa4, inovação e  conhecimento são reconhecidos como «instrumentos fundamentais para erradicar a  pobreza, combater a fome e melhorar a saúde das nossas populações, bem como  para alcançar um desenvolvimento regional sustentável, integrado, inclusivo,  equitativo e respeitador do meio ambiente, prestando uma particular atenção à  situação das economias mais vulneráveis» (Declaração de Lisboa, 30/10/2008).  
             Para a OCDE a chave do sucesso passa por um novo paradigma da educação que estimule  o desenvolvimento de capacidades como a literacia e a numeracia, chaves para o  acesso à educação ao longo da vida, conhecimentos disciplinares, pensamento  crítico, habilidade para estabelecer conexões, curiosidade, abertura de  espírito, resolução de problemas, criatividade, autoconfiança, perseverança,  capacidades comunicativas, de trabalho em grupo, esforço e capacidade empreendedoras  (Eurydice, 2002).  
             2.      Múltiplas  literacias
             De facto, se queremos responder às crises  sociais e planetárias do nosso tempo, as literacias, todas elas, sem minimizar  nenhuma linguagem verbal ou não verbal, a criatividade e a inovação terão um  papel preponderante na construção curricular. Não se trata mais do discurso da  alfabetização, mas sim do discurso da educação para as multiliteracias e para a  transformação social que assenta em conhecimentos e desenvolvimento de  capacidades relevantes para o indivíduo no seu contexto psicossocial, que não  se podem restringir aos 3 «R»: saber contar, ler, escrever (Eurydice, 2002) em  papel ou num computador, passam, também, por saber interpretar e criticar a  informação veiculada por qualquer média, criar, e agir responsavelmente na  comunidade. A multiplicidade de canais de comunicações e a diversidade cultural  e linguística, em crescente aumento no mundo actual, pede uma visão muito mais  alargada da literacia do que aquela baseada nas tradicionais aproximações às  competências da leitura e da escrita. As “multiliteracias” colocam a sua ênfase  na multiplicidade de linguagens e nas diferenças culturais da nossa sociedade  sem pretender aglutinar todas as literacias que se vão criando pelos múltiplos  campos do saber. A aproximação das multiliteracias à pedagogia permitirá aos  estudantes estarem mais aptos para encarar os desafios de uma sociedade cada  vez mais global e mais diversificada, tanto em termos sociais como culturais,  dado que as multiliteracias diferem de acordo com a cultura e o contexto, e têm  efeitos específicos no nível cognitivo, social e cultural (The New London  Group,1996). 
             3.      As  prioridades
             No âmbito dos objectivos para o Milénio da  Organização das Nações Unidas (onu),  a unesco definiu na sua estratégia  a médio prazo5 (2008-2013) as seguintes prioridades para  responder aos desafios globais da sociedade: aumento da qualidade da educação  para todos e ao longo da vida; mobilização de políticas e dos saberes  científicos e tecnológicos para o desenvolvimento sustentável; levantamento de  questionamentos éticos e sociais; promoção da diversidade cultural, do diálogo  intercultural e de uma cultura de paz; construção de sociedades inclusivas de  conhecimento através de meios e comunicação e informação. Qualquer destas prioridades  poderá ser trabalhada em contextos educativos formais e não formais. Mas para  que tenha algum impacto, necessitará de um paradigma educativo que não  privilegie apenas algumas inteligências, saberes científicos e tecnológicos.  Necessitaríamos de uma educação que repusesse o lugar do jogo, do corpo, da  expressão, da emoção e da criatividade no seu centro. Uma educação que  levantasse questões e fizesse reflectir sobre o Eu e o Outro, sobre o local e o  global. Se apontarmos para uma educação de qualidade, teremos de destruir tabus  e práticas rotineiras baseadas na discriminação e na competição, teremos de  iniciar algo de novo, longe das barreiras estanques das matérias e das  disciplinas, e mais perto do diálogo interdisciplinar. Teremos de repensar todo  o sistema de avaliação interna e externa da escola que não recompensa as  capacidades e competências que verdadeiramente interessam à sociedade e que  acabam por destruir qualquer mudança curricular que incida no pensamento  crítico e criativo. Teríamos de avaliar as competências dos estudantes através  de instrumentos de avaliação autênticos, válidos e fiáveis para que eles se  preparem para os vários papéis e situações que os profissionais competentes  encontram no seu dia a dia (Wiggens,1993, p.208).  
             4.      Os  Professores e os Agentes educativos
             No centro da educação estarão sempre os  professores, verdadeiras chaves de desenvolvimento ou retrocesso, sem eles é  completamente absurdo pensar em reformas ou em mudanças de prioridades, metas  ou objectivos. Eles necessitarão ser reconhecidos, dignificados, ter acesso a  recursos, dispor de condições de trabalho e formação adequadas. Tal como  mencionado nas Metas Educativas 2021 (oei,  2009)6, os professores, «devem estar no centro da  agenda educativa». Eles são construtores de currículos e não meros entregadores  de currículos. O currículo exprime autobiografias porque é criado por  pessoas que deixam a sua marca nos documentos e nas práticas pedagógicas  (Slattery, 1995). O currículo é mais interface entre utilizadores do que um  simples guião. Apesar de parecer rígido e normativo à primeira vista, tal como  outros documentos, carece de interpretação, manipulação, recriação e isso  deveria ser entendido por todos os interessados no processo educativo. Mas  parece-nos que, na prática, professores, alunos e directores de escolas têm  dificuldade em apropriar-se dele e exercer o seu direito pessoal de  interpretação e livre arbítrio. Esse medo de arriscar poderá ter que ver com a  própria formação inicial do professor, que poucas vezes leva os alunos a  questionarem metodologias e didácticas, e com o próprio sistema profissional e  de gestão escolar que não promove autonomia, pensamento independente e respeito  pela pluralidade de visões. O exercício da autonomia escolar implica muita imaginação  e sentido de risco, características que deveriam ser valorizadas no professor,  mas que nem sempre ou quase nunca o são. Gerir uma escola autónoma implica um  grande investimento nos seus trabalhadores, implica gestão adequada do tempo e  dos recursos, formação contínua para todos e negociação constante entre os  pares. Implica, sobretudo, respeito e confiança mútua entre todos os elementos  da comunidade escolar.  
             5.      Valorizar  os professores nos processos de mudança 
             Existem histórias de sucesso, experiências de  reformas educacionais da primeira década do século onde se equacionou o peso do  professor no sistema e se investiu na sua valorização. No Reino Unido o novo  currículo foi construído com as Associações Profissionais, e os professores de  todas as áreas tiveram e estão a ter formação para poderem fomentar a mudança  para um currículo transversal:  
            
                            A maneira como se desenvolveu o novo  currículo foi a mais colaborativa que até agora se fez. As associações  profissionais em cada disciplina estiveram envolvidas na feitura dos novos  programas e dos exames. O que resultou foi a mais coerente visão até agora tida  sobre o currículo baseada em finalidades e valores claros. Oferece mais  flexibilidade, menos prescrição, mais autonomia para os professores. Proporciona  espaço para o ensino individualizado, desenvolvimento pessoal e desenvolvimento  do programa Every Child Matters (Cada criança é  importante). Há mais oportunidades para coerência e relevância, ligando a  aprendizagem à vida fora da escola e fazendo transdisciplinariedade. Embora se  dê mais ênfase às capacidades, não são capacidades funcionais, mas capacidades  alargadas para a aprendizagem e para a vida. O novo currículo oferece  oportunidades reais para a renovação e revigoração através de maior decisão local  e flexibilidade. (Steers, 2009)  
             
             Na Escócia, o governo começou a reforma do  início da década com formação de professores e aumento de salários. Então os  professores foram os primeiros agentes da reforma educativa. Na verdade, não se  poderá exigir qualidade profissional se os professores forem mal pagos. Vimos  países como, por exemplo, o México, onde o governo iniciou uma série de  reformas no currículo, exames, formação de professores, avaliação e  certificação num ambiente de confiança. E presenciamos os resultados do sistema  educativo Finlandês, cujas reformas têm incidido na selecção de professores,  remuneração e status social e no tamanho reduzido das turmas. Sem querer  copiar modelos, poderemos apenas reflectir sobre esses exemplos e seus  impactos. E pensar nas nossas contradições: por um lado queremos um ensino de  qualidade, individualizado, que promova capacidades e competências criativas,  capacidades autónomas e reflectivas, mas, por outro lado, não valorizamos  suficientemente os professores e as escolas em termos financeiros e sociais e  não oferecemos condições para o sucesso. Pelo contrário, continuamos a investir  no ensino de massas com turmas numerosas, autênticas fábricas do saber  reprodutivo que poderiam ter sido óptimas para gerar uma força de trabalho de  autómatos, digna do Tempos Modernos, de Charlie Chaplin, mas que se  revelam inúteis para a força de trabalho que pretendemos formar neste momento  que ninguém sabe muito bem como é.  
             6.      Diversidade  cultural
             Mas é claro que nunca, em tempo nenhum,  ninguém teve certeza quanto ao futuro, e as políticas educativas não podem  basear-se em augúrios e oráculos. O conhecimento do passado e do presente é  essencial para que se equacionem todos os factores a se ter em conta quando  planeamos para longo tempo. Se, baseando-nos nos avanços das tecnologias da  informação e da comunicação do final do século xx,  surgiram as novas tecnologias e a literacia multimédia como palavras chave para  a educação na sociedade do conhecimento, literacias mais antigas e de igual  importância estão também a ser equacionadas. No Programa de Acção de Lisboa  (OEI, 2009)7destaca-se: «Estimular o respeito e a  recuperação dos conhecimentos ancestrais, tradicionais e locais, nomeadamente  dos povos originários ibero-americanos e dos grupos afro-descendentes, e  promover sua incorporação nos processos de inovação». Esta intenção é de  extrema importância, porque, por um lado, revela o interesse em salvaguardar um  conhecimento e património tangível e intangível que ainda está vivo nas comunidades  ibero-americanas e, ao mesmo tempo, permite ver esse conhecimento em mudança e  não como saber do passado mumificado. Foca-se aqui uma das verdadeiras riquezas  dos países ibero-americanos: a diversidade e a riqueza cultural dos povos, com  especial atenção para os que foram silenciados no passado, e dá-se  oportunidade, através da educação, para o seu reconhecimento, valorização e  crescimento, reconhecendo os cambiantes e mutações que essas culturas possam  ter tido ao longo dos tempos, incluindo as mais recentes. O enfoque na  diversidade cultural da educação transcultural (Chamers, 2002) ou da educação  multicultural é uma preocupação prioritária num mundo de comunidades cada vez  mais diversificadas, de guetos, de aumento crescente de refugiados, de intolerâncias  e conflitos constantes, com todas as abordagens que se possam levar a cabo a  partir daí (Aguirre e Jimenez, 2009). Nesse contexto, a preparação das Metas  Educativas 20218, no âmbito da oei, é um ponto de partida importante para as reformas  educativas vindouras, pois lançou reptos para a construção de um novo paradigma  educativo para os países Ibero-Americanos, dentre eles o alerta para a  necessidade da compreensão das culturas juvenis, da educação para a  diversidade, para os valores e para a cidadania.  
             7.      Educação  social
             Mas, na prática, estará a educação a  desenvolver os quatro pilares básicos: aprender a «conhecer», aprender a  «fazer» aprender a «interagir» e aprender a «ser», (Delors, 1998) como  elementos fundamentais para que as pessoas aprendam a viver e a conviver com as  diferenças? Estarão os sistemas educativos a proporcionar oportunidades de  aprendizagem para que os cidadãos consigam desenvolver uma gestão pessoal,  profissional e colectiva? Estará a escola inserida na sociedade como um todo? Estaremos  a caminhar para uma educação que promova o desenvolvimento comunitário? Ou  estaremos apenas imersos em grandes discursos?  
             8.      Educação  para a transformação Social
             Num contexto que apela à educação social e  aos valores democráticos, a aposta por um desenvolvimento que seja coerente,  sensível, sustentável, humano, ético, comunitário, cívico, autónomo nas suas  concepções e práticas, deve ir muito mais além da retórica dos discursos,  comprometendo e responsabilizando o trabalho psicossocial (no mundo académico e  profissional) com formas de pensar que sejam verdadeiramente alternativas  (Goméz, Freitas e Callegas, 2007). Na verdade no espaço Ibero-Americano não  temos escassez de profissionais responsáveis, podemos observar em inúmeros  países da América Latina e do Caribe muitas experiências sócio-pedagógicas, a  maioria delas a partir da educação artística, dentro do conceito de educação  para a trans-formação social, na maior parte das vezes realizadas por  voluntários com escassos meios de financiamento, por pequenas autarquias,  instituições comunitárias ou por redes de organizações independentes. Teremos  talvez problemas na formação dos agentes educativos que é muito reduzida  (Jimenez, 2009, p. 102) e um grande problema de autismo das universidades e centros  de investigação; a investigação vive à margem das escolas e da maioria dos  projectos educativos informais.  
             Os documentos orientadores das futuras  reformas educativas preocupam-se mais pelo económico do que pelo comunitário,  dando primazia às competências e ao domínio das tecnologias. Tal como diria  Sábato (2000), vivemos na idolatria pela técnica e pelo tecnológico, na  exploração e na opressão. Com o sistema de competências instaurado,  privilegiamos a competição e o individual, deixando de lado o comunitário e o  cívico, «tão pouco podemos viver comunitariamente quando todos os vínculos se  baseiam na competência… que gera em algumas pessoas um maior rendimento,  baseado no desejo de triunfar sobre os demais» (Sábato, 2000, pp. 91-92). Paulo  Freire (1983) visava uma educação transformadora, justa e igualitária, recheada  de emoções e sentimentos. Numa prática que desse sentido à teoria, «[...] a  praxis, porém, é acção e reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo»(Freire, 1983, p.40). Sendo assim, a educação é a prática que deve agir  sobre o mundo para construir uma sociedade mais justa e igualitária. A Educação  Transformadora é uma proposta que cada vez tem mais adeptos, sobretudo nestes  tempos de crises declaradas, de conflitos e de grandes contrastes. Será que no  espaço Ibero-americano estaremos interessados em levar em frente esta proposta?  
             9.      Os  desafios actuais para a Educação Artística 
             A educação é um processo de construção de  identidades. Na educação artística, ver, interpretar e fazer objectos  artísticos são meios de formação de identidades, porque a mudança existe na  medida em que se aprende: a nossa aprendizagem modifica a nossa identidade  subjectiva (Freedman, 2003, p. 2). Mas a educação não é só um processo de  formação de identidades é também um processo de transformação social. E, nesse  contexto, os eixos transversais da educação para a sustentabilidade, cidadania  e diversidade cultural têm tudo que ver no mundo em que vivemos.  
             As artes são uma via de conhecimento,  caracterizado pela utilização constante de estratégias de compreensão, propondo  questões, como a universalidade ou a variedade da experiência humana, similares  às que podem ser levantadas pelos físicos sobre a ordem e o caos ou os modelos  de representação do universo (Eisner, 1997). No contexto dos desafios que  presenciamos, a educação artística tem um papel essencial a desenvolver. Mas  terá, certamente, que passar pela sua reformulação, pelo seu questionamento  como área de conhecimento, pela indagação dos seus limites, pela criação de  outros paradigmas de arte e de educação artística, e do papel do professor de  educação artística. Talvez ela tenha que se lançar também na experimentação de  novos modelos, tanto em contextos formais como não formais da educação ou na  intersecção do formal e do informal. Como área fugidia entre educação, artes e  cultura, vivendo muitas vezes à margem do currículo em projectos  extracurriculares que envolvem toda a comunidade, ela será talvez a mais  propícia a experimentar novos territórios e novas metodologias.  
             Segundo Hernández (1997), a educação  artística tem justificado a sua importância como área curricular por diferentes  razões ao longo da sua história. Os argumentos que a justificam revelam o  espírito da época e a visão, muitas vezes política, do que pretende ser a  sociedade do futuro. Ao longo dos últimos cento e vinte anos podemos encontrar  muitas justificações para a presença das artes na escola. Por exemplo, porque  se considera que as destrezas, os critérios e o gosto veiculado pelas artes contribuem  para o desenvolvimento do país; pelo facto de que a arte tem um papel  reconhecido pela história, porque as indústrias criativas podem ter um peso  económico relevante no PIB, porque através da arte é possível acompanhar os  países mais desenvolvidos. Porque a educação artística contribui para a  educação moral das crianças, através do cultivo da sua vida espiritual e  emocional; porque as crianças devem poder projectar os seus sentimentos e as  suas emoções e o seu mundo interior através da arte. 
             Muitas abordagens depois dos anos sessenta  incidem nas competências cognitivas que as artes proporcionam e recusam,  determinantemente, o modelo expressionista. As abordagens a partir de eixos  disciplinares dbae (Discipline  Based Art Education) nos Estados Unidos e na Ásia, e o tipo da abordagem  triangular no Brasil foram muito influentes nas ultimas décadas do século  vinte. Outras abordagens recentes partiram dos estudos culturais, e outras,  ainda, da compreensão das culturas mediáticas. Todas elas foram frutos de  contextos sociais, políticos e educativos específicos e responderam a visões de  futuro muito particulares. Todas elas se sustentam e se poderiam complementar,  mas dada a primazia dos enfoques particulares, estas justificações moldaram  currículos de educação artística substancialmente diferentes. Nenhuma delas é  mais ou menos válida do que outra, pois todas elas responderam e respondem, à  sua maneira, aos desafios do seu tempo. A grande pergunta neste momento será:  quais são as abordagens que se podem antever face às mudanças da sociedade e  das visões do futuro que vislumbramos? 
             10.    Apostas  futuras
             Parece-nos que perante os desafios lançados  pelas organizações intergovernamentais e acompanhando os desafios que neste  momento estão a ser experimentados, no terreno, por agentes educativos nos  vários países do espaço Ibero-Americano, a educação artística deverá tomar  consciência do seu papel de charneira como eixo aglutinador de matérias e como  impulsionador da diversidade cultural, consciência ambiental e facilitadora de  debate em torno de aspectos de valores e de cidadania. Não no sentido das artes  integradas ou da interdisciplinaridade entre as artes, como se experimentou em  alguns países com o currículo integrado das artes (Giraldez, 2009, p. 91), mas,  sim, no sentido amplo da interdisciplinaridade em projectos de aprendizagem que  integram varias áreas, podendo ser todas as artes, uma ou duas artes e outras  áreas do currículo segundo as necessidades do projecto. No entanto, a  interdisciplinaridade não é fácil de implementar se o sistema educativo não  mudar completamente, e pode gerar desconforto. Criar um currículo rizomático e  permeável, verdadeiramente apto para responder ao mundo real, requer mais do  que novos currículos, um esforço enorme de formação de professores inicial e  contínua e implica também reconhecer a mais-valia e a especificidade de cada  área para um projecto educativo comum. 
             Na verdade a educação artística é um terreno  ilimitado onde cabem inúmeros conhecimentos técnicos desde as mais antigas às  mais recentes tecnologias que as artes utilizam: históricos, estéticos,  conceitos disciplinares, teorias críticas, etc. A educação artística engloba  várias educações da arte, desde a educação pela arte, com a arte e para a arte.  Neste texto interessamo-nos pela educação artística para todos, como um  direito, e não para um pequeno sector da educação vocacional para artistas. O  essencial da educação artística é a facilidade com que esta área consegue  desenvolver capacidades e competências cognitivas e metacognitivas, promover  educações a partir das suas linguagens específicas, elaborando projectos de  aprendizagem relevantes para os alunos e para as comunidades, onde as escolas  se inserem. Podemos fazer da educação artística um verdadeiro motor de transformação  social no sentido de Paulo Freire, e não é de admirar que, na prática, já  existam projectos exemplares no terreno.  
             11.    Diadema  : uma pedagogia de acção cultural 
            
               Tendo atendido às necessidades básicas mais  urgentes de urbanização, saúde e educação, a Prefeitura entendia que havia  chegado o momento de investir na cultura. Tornava-se necessário pensar um  programa de acção cultural que, alfabetizando os munícipes nas diferentes  linguagens artísticas, facilitasse sua interlocução com a cidade, permitindo-lhes,  também, produzir e expressar sua cultura (Albano, 1998).  
             
             Em Dezembro de 1996, a cidade de Diadema,  no Brasil, contava com 11 Centros Culturais em funcionamento. Os  centros culturais assessorados pela pesquisadora Ana Angélica Albano  (1994-1996) promoviam um enorme programa educativo com as artes: «Ao optar pela  alfabetização na música, na dança, nas artes plásticas e no teatro, Diadema  definiu uma linha de acção cultural, que teve como objectivo favorecer a  expressão individual e colectiva dos cidadãos e, ao mesmo tempo, ampliar as  possibilidades de leitura do meio em que vivem, ampliando desta forma seu  direito à cidadania».  
             A cidade de Diadema, junto com Ana Angélica  Albano e sua equipe, levou a cabo um verdadeiro projecto de educação para a  cidadania e de transformação social. Para Ana a questão que se colocava com  este projecto não era a de levantar a bandeira da redenção através das artes,  mas de entender, que é necessário sermos cultos para sermos livres. Eles  conseguiramdar voz e vez aos desejos de cada munícipe,  independentemente da sua idade ou condição social e, ao mesmo tempo, ampliar o  seu repertório cultural, oferecendo-lhes a possibilidade de fruição de  espectáculos diversos daqueles que estavam acostumados a consumir através da  televisão. Enfim, desconstruir os sentidos acomodados à cultura de massas, para  proporcionar novas articulações do pensamento e, consequentemente, da expressão (Albano, 1998). 
             12.    Patos  al Agua
             O colectivo de arte Patos à Água (Patos al  Agua) integra um pequeno grupo de jovens artistas-educadores de Bogotá na  Colômbia, eles que trabalharam entre 2008-2009 com crianças de um bairro de  risco. Uma percentagem significativa de crianças do bairro não tem espaços para  brincar, porque os espaços públicos são violentos e foram ocupados pelo tráfego  e pelo consumo de drogas e pelo trabalho sexual. A maior parte do seu tempo é  passada dentro de casa, diante da televisão. Os artistas-educadores trabalham  com as crianças que vão à cantina comunitária de uma fundação. Fazem educação  artística a partir das possibilidades interdisciplinares da arte contemporânea  a fim de exercer uma acção transformadora naquele ambiente social. Poderiam ser  chamados de artistas activistas, ou de animadores sociais, mas eles não são  exactamente isso, são jovens artistas e educadores voluntários que acreditam  que a arte tem uma função social de aprendizagem com o outro. Eles não  trabalham para nenhuma organização ou instituição. Serão quando muito os xamãs  do século vinte e um, aqueles que facilitam transformação pessoal e social  através das artes. Vivem entre artes, educação e comunidade e acham que a sua  actuação se situa na educação alternativa. O grupo trabalha com as crianças do  bairro através de palavras e imagens (conversação, contar histórias, desenho,  pintura de murais, fotografia, jogo, germinação de plantas, reflexões em grupo,  etc.) Aprendem as fases da lua, experimentam a germinação de uma planta, falam  de reciclagem, da natureza, das suas vidas, de sonhos e esperanças: 
                          Una de las hipótesis del trabajo teórico que  adelanta el Colectivo es que la ausencia de espacios naturales en las ciudades  permea los procesos creativos de los niños y niñas, no solo porque no permite  entablar relaciones, en las que se den dinámicas de grupo - como subirse a un  árbol - que fortalecen la importancia y el agrado de la solidaridad , sino  porque los niños se vuelven los reproductores de un sistema que niega  plenamente la importancia de las relación hombre-naturaleza de la cual se hace  un aporte grande a la personalidad de los sujetos [2009-12-31, <http://patosalagua1.blogspot.com/>]. 
              
             Quando grupos da sociedade civil começam a  realizar acções educativas pontuais em comunidades, procurando retomar um  equilíbrio psicossocial que se sente perdido há muito tempo, algo está a mudar  na sociedade. Quando artistas e educadores tomam consciência do poder da  educação através das artes e da interdisciplinaridade, em contextos não formais  de educação, algo está a mudar no mundo dos artistas e dos educadores.  
             13.    Transversália 
             Transversália9 é uma rede espanhola de artistas, professores  e investigadores de educação artística. Trata-se de um espaço  multidisciplinar que busca entender o mundo com a ajuda da arte e de suas  manifestações contemporâneas. Utilizam, como recurso educativo, obras de  artistas contemporâneos, que são o ponto de partida para questões do  quotidiano, tais como identidade, sexualidade, relacionamento com a natureza e  o planeta Terra, a cidade e a coabitação, o nosso corpo e suas muitas formas,  comunicação, isolamento . Transversalia.net começou com o trabalho de campo da  tese de doutorado “Transversalia.net. Projecto de um ambiente virtual de  aprendizagem para a educação em valores através da arte contemporânea. Uma  experiência interativa e educativa para o ESO “ realizada por Clara Boj, na  Faculdade de Belas Artes de Valência. O projecto, associado ao Centro Parraga,  continuou e foi recebendo novos colaboradores que integram uma equipe  interdisciplinar, com um interesse comum na arte contemporânea e estratégias educativas  para a reflexão crítica da realidade social. Propõem recursos didácticos para  escolas e professores e auxiliam os professores a integrar unidades didácticas  nas suas escolas sobre conteúdos transversais como educação para a saúde,  educação ambiental, educação para o consumo, para os meios de comunicação, para  a igualdade, para a paz, educação sexual e afectiva. Eles auxiliam e facilitam  as relações entre a comunidade educativa através de espaços de participação e  jogos interactivos. Utilizando a Internet e as novas tecnologias, o grupo  pretende motivar os adolescentes para a reflexão e a análise, desenvolvendo  atitudes críticas e emancipadoras .  
            
               Al desarrollarse en un medio como Internet,  Tansversalia.net tiene la capacidad de evolucionar y adaptarse con gran rapidez  al curso de los nuevos acontecimientos. Esto fomenta que sus usuarios aprendan  a desenvolverse con mayor facilidad en la compleja Sociedad de la Información y que se  familiaricen con las infinitas posibilidades de la Red para informarse,  entretenerse y aprender [2010-0102,<http://www.transversalia.net>]. 
             
             Transversália dá-nos conta das  potencialidades do trabalho em rede e de como as novas tecnologias podem ser  úteis para a comunidade educativa. Nos países com acesso mais fácil às novas  comunicações (e com transmissão de dados em banda larga) existem recursos que  facilitam muito a circulação de ideias e a colaboração entre profissionais.  Desde que existam voluntários para manter as redes em funcionamento, podem  testar-se metodologias, didácticas, experiências educativas, fazer-se formação  e, sobretudo, construir-se comunidades de investigação e de prática, as  plataformas on-line de formação, as redes sociais estão ainda no começo,  mas já se anteveem imensas vantagens que poderão trazer benefícios em curto  prazo para os agentes educativos.  
             14.    Educação  artística dentro das expectativas educacionais 
             A educação é, por sua própria natureza, um  suporte cívico e comunitário imprescindível para o desenvolvimento das  sociedades e das pessoas que as integram, (Savater, 1997). Ao que parece, a  partir da interpretação dos documentos das políticas públicas, queremos rumar  para uma educação, cujos propósitos e finalidades sejam a formação integral da  cidadania, capacitando as pessoas para uma participação social activa e  criativa, e que não se pode descuidar uma série de considerações que incidem  directamente na sua concretização, como uma pratica educativa orientada para a  melhoria, o reforço e a protecção dos Direitos Humanos. Para Pérez Serrano (1998,  pp. 12-20), neste objectivo reside a importância de se potenciar uma série de  «qualidades cidadãs unificadoras da comunidade e facilitadoras da convivência»  (aceitação do pluralismo e da diversidade, do respeito e da tolerância, do  compromisso com o bem comum, do desenvolvimento das atitudes cooperativas,  etc.), que cabe observar como um pilar fundamental para a implicação das  pessoas e a discussão pública, para o desenvolvimento da auto-estima individual  e colectiva, para a consolidação das atitudes democráticas, etc.  Particularidades que, globalmente, guardam uma estreita ligação com aquilo que  a educação social pretende, quando se reivindica como uma educação que promove  o espírito crítico e a transformação social.  
             Nessa viragem, a educação artística terá  talvez que se redefinir em função de tais valores e atitudes, em função de  temas e de projectos comunitários. Redefinir-se como facilitadora de  aprendizagem e estimuladora de respostas pessoais e de grupo a questionamentos  concretos que se suscitam na comunidade e no mundo e que podem ser  compreendidos, discutidos e respondidos a partir das linguagens únicas das  artes (da compreensão crítica, da produção artística e da sua publicação na  comunidade).  
             Parece ter incrementado, significativamente,  o reconhecimento da tarefa de educar como um trabalho valioso e valorizável  para um melhor futuro da humanidade, revelando-se como um suporte cívico  fundamental (Savater, 1997). No mundo da educação artística existe um grande  medo da educação para os valores, medo de perder valor cognitivo das  disciplinas das artes, a sua objectivação e seu alinhamento com as ciências.  Talvez seja hora de encarar os desafios de uma sociedade que apela para a  educação para a paz, para o desenvolvimento sustentável local e global, e  dentro desse âmbito para a educação ambiental. Existem questões urgentes que a  sociedade precisa resolver, as alterações climáticas são apenas uma delas, as  desigualdades sociais, as iniquidades de género, a violência e a intolerância  são outras prementes, que necessitam ser tratadas no campo da educação. As  artes podem e devem integrar esses temas nas suas praticas diárias como pontos  de partida para questionamentos, reflexões e projectos de trabalho artístico a  desenvolver na escola e nas comunidades. Mas, para tal, seria necessário e  urgente reequacionar âmbitos e conceitos de artes no mundo da educação  artística (Aguirre, 2000), tanto na formação de professores como na formação  contínua. Os professores e os sistemas educativos apenas reconhecem alguns territórios  das artes. Normalmente, os que a cultura dominante valida nos circuitos  oficiais das ditas «artes cultas», desvalorizam ou desconhecem as outras artes  e têm dificuldade em compreender e aceitar as chamadas culturas populares, de  massas, urbanas, juvenis, etc. 
             Através da especificidade das suas áreas e  modos próprios de pensar e de fazer arte, a educação artística apresenta um  modelo pedagógico que tem dado provas no desenvolvimento de capacidades e  destrezas, tais como, aprender a aprender e aprender a ser, desenvolvendo  capacidades de análise crítica, resolução de problemas e curiosidade pelos  fenómenos. A educação artística não é um luxo (Hetland, L.; Winner, E.;  Veenema, S.; Sheridan. K.M.; 2007). Através da prática das artes, as crianças e  os jovens adquirem consciência do mundo em que vivem e adquirem meios para  resistir e intervir directamente na sua comunidade. Não se trata de uma prática  apenas tecnicista ou instrumental, mas de uma prática artística milenar que  artistas e educadores contemporâneos estão de novo a retomar, a prática social  do artista activista, facilitador de processos psicológicos e sociais de  construção de significados e de enriquecimento cultural.  
             Segundo Leontiev (2000, p. 143), «a arte  enquanto actividade recreativa encontra-se associada às necessidades  psicológicas básicas, sendo a recreação necessária a todos os seres humanos».  Orientada para uma actividade de socialização, a arte fornece informação sobre  o mundo, sobre os valores culturais e as normas, sobre padrões de comportamento  e modelos de identidade pessoal. A arte, direccionada para o desenvolvimento  pessoal, pode promover a (re)construção de significados e novos modos de  perspectivar a realidade (Leontiev, 2000). A educação artística que hoje se  está experimentando em muitos locais integra a dimensão narrativa da educação,  como prática política comunitária para o desenvolvimento humano (Abad, 2009),  rumando a um conceito de educação estética de cidadania, procurando a formação  integral dos indivíduos para que se reconheçam como seres sociais e históricos,  capazes de criar e recriar a sua própria existência (Abad, 2009, p. 23).  
             O colectivo Patos à Água, entre muitos  outros colectivos, é um exemplo da força que pode ter a educação artística,  quando as crianças não sabem mais subir às árvores, quando os homens se  esqueceram da natureza, quando se esqueceram uns dos outros. A arte pode  resgatar espaços de iniciação e de aprendizagem, dentro e fora das escolas.  Espaços de liberdade, como dizia Ana Angélica Albano, espaços de transformação  social.  
             Numa conferência em Newcastle (vv. aa., Outubro 2009), um orador,  representante da ocde, perguntava  se a educação artística poderia servir de modelo pedagógico e de que maneira,  se tínhamos evidência que demonstrasse que a educação artística leva ao sucesso  académico e em que contextos, se é um bom veículo para pedagogias  interdisciplinares. E, finalmente, de que maneira a educação artística tem  impacto na vida das pessoas, de que modo ela poderia modificar as suas vidas, as  suas práticas culturais, enfim qual é o seu impacto social. Essas questões são  importantes, nós sabemo-lo. O espaço Ibero-Americano é um espaço privilegiado  de experiências de educação artística em curso. Talvez esteja  na hora, de começar a sistematizar a informação que temos e tirar algumas  conclusões que possam responder a estas questões.  
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