A arquidiocese de natal e as escolas radiofônicas (Rio Grande do Norte, Brasil)

Resumo

Após a Segunda Grande Guerra a cidade do Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, enfrenta sérios problemas de ordem social e econômica. Nesse contexto, a Arquidiocese de Natal iniciou novas práticas pastorais que extrapolaram o culto puramente individual, voltando-se para práticas sociais, particularmente com a criação do Serviço de Assistência Rural-SAR, em 1949. A Arquidiocese direcionou sua ação educativa para o meio rural, no campo da educação não-formal, cujos desdobramentos redundaram em um apostolado diferente do até então praticado. Foram criadas missões rurais, cooperativas de produção artesanal, sindicatos rurais, escolas de alfabetização pelo rádio, formas inovadoras de organização das comunidades. O ingresso no campo da alfabetização de jovens e adultos, em 1958, com a criação das Escolas Radiofônicas, levando a educação de base para as regiões rurais do Estado, proporcionou a conformação de um novo campo de difusão do ideário católico. O sucesso dessa experiência de alfabetização, provocou a criação do Movimento de Educação de Bases-MEB, mediante convênio entre o MEC e a CNBB, em 1961, ampliando a experiência para as regiões subdesenvolvidas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O MEB atuou numa linha desenvolvimentista, pregando o crescimento da economia nacional como saída para a crise econômica brasileira. Dada essa conotação, a Igreja preservou, a hegemonia na comunidade de fiéis da área rural, neutralizando a influência comunista, mediante uma proposta de evangelização, onde estava implícita a elevação do nível de vida das populações rurais, embora em harmonia com a ordem capitalista vigente.