Valorizando o espaço exterior e inovando práticas pedagógicas em educação de infância

Autores

  • Gabriela Bento Universidade de Aveiro, Departamento de Educação e Psicologia, CIDTFF.Portugal. Doutoranda em Educação
  • Gabriela Portugal Universidade de Aveiro, Departamento de Educação e Psicologia, CIDTFF. Portugal. Professora Associada

DOI:

https://doi.org/10.35362/rie72037

Palavras-chave:

Espaços exteriores; brincar; inovação pedagógica; educação de infância

Resumo

Em Portugal as práticas pedagógicas em contextos de educação de infância focalizam-se sobretudo no que acontece dentro da sala de atividades, frequentemente, ignorando-se as virtualidades do espaço exterior para o bem-estar e desenvolvimento das crianças. Neste trabalho, descreve-se o processo de criação de conhecimento e de transformação de práticas pedagógicas valorizadoras das potencialidades do espaço exterior, num contexto de educação de infância português. O enquadramento conceptual relaciona-se com a investigação sobre o desenvolvimento profissional e as aprendizagens das crianças nos espaços exteriores, considerando-se os educadores como agentes indispensáveis num processo de mudança.
Neste contexto, foi levado a cabo um projeto de investigação-ação, de natureza colaborativa, em que cinco educadoras de infância foram desafiadas a inovar práticas pedagógicas, com base na observação e análise das crianças nos espaços exteriores. Em reuniões de equipa, os dados e observações coligidas foram partilhados, discutidos e consequentes desafios de mudança foram lançados ao longo de um ano letivo.
O projeto permitiu o estabelecimento de uma ligação entre investigação e mudança de práticas, potenciando dinâmicas de aprendizagem em contexto profissional. As educadoras afirmam ter obtido uma nova perspetiva sobre a importância do brincar nos espaços exteriores e algumas mudanças foram registadas. Contudo, a maioria afirma não se sentir tão segura na assunção do seu papel profissional neste contexto, o que indica fortes dificuldades na mudança de práticas e de hábitos enraizados.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gabriela Bento, Universidade de Aveiro, Departamento de Educação e Psicologia, CIDTFF.Portugal. Doutoranda em Educação
Universidade de Aveiro, Departamento de Educação e Psicologia, CIDTFF.Portugal. Doutoranda em Educação

Gabriela Portugal, Universidade de Aveiro, Departamento de Educação e Psicologia, CIDTFF. Portugal. Professora Associada
Universidade de Aveiro, Departamento de Educação e Psicologia, CIDTFF. Portugal. Professora Associada

Referências

Assembleia Geral das Nações Unidas (1989). A Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada por Portugal em 1990.

Bento, G. (2012). O perigo da segurança: estudo das perceções de risco no brincar de um grupo de educadoras de infância (Tese de mestrado não publicada). Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Coimbra.

Bento, G. (2015). Infâncias e espaços exteriores – perspetivas sociais e educativas na atualidade. Investigar em Educação, 2(4), 127-140.

Bilton, H. (2010). Outdoor learning in the early years. Management and innovation. Oxon: Routledge.

Bleach, J. (2013). Using action research to support quality early years practice. European Early Childhood Education Research Journal, 21(3), 370-379

Bonawitz, E., Shafto, P., Gweon, H, Goodman, N., Spelke, E. & Schulz, L. (2011). The double-edged sword of pedagogy: Instruction limits spontaneous exploration and discovery. Cognition, 120, 322–330.

Brussoni, M., Olsen, L. L., Pike, I., & Sleet, D. A. (2012). Risky play and children’s safety: balancing priorities for optimal child development. International Journal of Environmental Research and Public Health, 9(9), 3134–48.

Carson, R. (2012). Maravilhar-se. Reaproximar a criança da natureza. Santa Maria da Feira: Campo Aberto – Associação de Defesa da Natureza.

Chilvers, D. (2011). As long as they need: the vital role of time. In J. White (Ed.), Outdoor Provision in the Early Years (pp. 76-85). London: Sage Publications Ltd.

Christensen, P., & Mikkelsen, M. (2008). Jumping off and being careful: children’s strategies of risk management in everyday life. Sociology of Health & Illness, 30(1), 1-19.

Cosco, N. G., Moore, R. C., & Islam, M. Z. (2010). Behavior mapping: a method for linking preschool physical activity and outdoor design. Medicine and Science in Sports and Exercise, 42(3), 513–9.

Davies, M. (1997) The teacher’s role in outdoor play: preschool teachers beliefs and practices. Journal of Australian Research in Early Childhood Education, 1, 10-20.

Dyment, J., & Coleman, B. (2012). The intersection of physical activity opportunities and the role of early childhood educators during outdoor play: Perceptions and reality. Australasian Journal of Early Childhood, 37, 90–98.

Ernst, J. (2014). Early Childhood Educators’ Preferences and Perceptions Regarding Outdoor Settings as Learning Environments. International Journal of Early Childhood Environmental Education, 2(1), 97–125.

Figueiredo, A. (2015). Interação criança-espaço exterior em jardim de infância (Tese de doutoramento não publicada). Universidade de Aveiro, Departamento de Educação, Aveiro.

Fisher, J. & Wood, E. (2012). Changing educational practice in the early years through practitioner-led action research: an Adult-Child Interaction Project. Journal of Early Years Education, 20(2), 114-129.

Fjørtoft, I. (2004). Landscape as playscape: the effects of natural environments on children’s play and motor development. Children, Youth and Environments, 14(2), 21-44.

Freeman, C. & Tranter P. (2011). Children and their urban environment – Changing worlds. Londres: Earthscan.

Freire, P (2000). Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. S. Paulo: Editora UNESP.

Giordan, A. (1998). Apprendre! Paris: Éditions Belin.

Green, J., & Hart, L. (1998). Children’s view of accident risks and prevention: a qualitative study. Injury Prevention, 4, 14-21.

Hargreaves, D.H. (2007). Teaching as a research-based profession: possibilities and prospects. In M. Hammersley (Ed.), Educational research and evidence-based practice (pp. 3-17). Londres: Sage Publications.

Herrington, S., & Studtmann, K. (1998). Landscape interventions: new directions for the design of children’s outdoor play environments. Landscape and Urban Planning, 42(2-4), 191–205.

Kickbusch, I. (2012). Aprender para o Bem-estar: Uma prioridade política para as crianças e jovens da Europa. Um Processo para a Mudança. Consórcio de Fundações Europeias Aprender para o Bem-Estar. Fundação Calouste Gulbenkian.

Little, H., & Eager, D. (2010). Risk, challenge and safety: implications for play quality and playground design. European Early Childhood Education Research Journal, 18(4), 497-513.

Maxwell, L. E., Mitchell, M. R., & Evans, G. W. (2008). Effects of play equipment and loose parts on preschool children’s outdoor play behavior: an observational study and design intervention. Children, Youth and Environments, 18(2), 36–60.

Maynard, T., & Waters, J. (2007). Learning in the outdoor environment: a missed opportunity? Early Years, 27(3), 255–265.

Maynard, T., Waters, J., & Clement, J. (2013). Moving outdoors: further explorations of “child-initiated” learning in the outdoor environment. Education 3-13, 41(3), 282–299.

Ministério da Educação (ed.) (1997). Orientações curriculares para a educação pré-escolar. Lisboa: Ministério da Educação.

Mitchell, S.N., Reilly, R.C. & Logue, M.E. (2009). Benefits of collaborative action research for the beginning teacher. Teaching and Teacher Education, 25(2), 344-349.

Moran, M. (2007). Collaborative action research and project work: Promising practices for developing collaborative inquiry among early childhood preservice teachers. Teaching and Teacher Education, 23, 418-431.

Moreno, D. (2009). Jogo de actividade física e a influência de variáveis biossociais na vida quotidiana de crianças em meio urbano. (tese de doutoramento não publicada). Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa.

Moss, P. & Petrie, P. (2002). From children’s services to children’s spaces: public policy, children and childhood. Londres: Routledge/Falmer

Naughton, M. (2009) Doing action research in early childhood studies: a step by step guide. Berkshire: Open University Press.

Neto, C. (2005). A mobilidade do corpo na infância e desenvolvimento urbano: um paradoxo da sociedade moderna. In D. Rodrigues & C. Neto, O corpo que (des)conhecemos (pp.15-30). Lisboa: Edições FMH.

Organização Mundial de Saúde (2013). Country profiles on nutrition, physical activity and obesity in the 53 WHO European Region Member States. Copenhagen: WHO Regional Office for Europe.

Pellegrini, A. D., & Smith, P. K. (1998). The Development of Play During Childhood: Forms and Possible Functions. Child and Adolescent Mental Health, 3(2), 51–57.

Portugal, G. (2009). Para o educador que queremos, que formação assegurar? EXEDRA - Revista Científica da Escola Superior de Educação de Coimbra, 1, 9-24.

Pramling-Samuelsson, I. & Pramling, N. (2011). Didactics in early childhood education: reflections on the volume. In N. Pramling & I. Pramling-Samuelsson (Eds.), Educational Encounters: Nordic studies on Early Childhood Didactics (pp. 242-256). Dordrecht: Springer.

Sandseter, E. (2009). Characteristics of risky play. Journal of Adventure Education and Outdoor Learning, 9(1), 3-21.

Smith, S. J. (1998). Risk and our pedagogical relation to children: on playground and beyond. New York: State University of New York Press.

Stephenson, A. (2002). Opening up the outdoors: exploring the relationship between the indoor and outdoor environments of a center. European Early Childhood Research Journal, 10(1), 29 - 38.

Stephenson, A. (2003). Physical risk-taking: dangerous or endangered? Early Years, 23 (1), 35 - 43.

Thomas, F., & Harding, S. (2011). The role of Play. In J. White (Ed.), Outdoor Provision in the Early Years (pp. 12-22). London: Sage Publications Ltd.

Tovey, H. (2007). Playing Outdoors. Spaces and places, risk and challenges. Berkshire: Open University Press, McGraw-Hill Education.

Tranter, P. J., & Malone, K. (2004). Geographies of environmental learning: an exploration of children’s use of school grounds. Children’s Geographies, 2(1), 131–155.

Waite, S. (2010). Losing our way? The downward path for outdoor learning for children aged 2–11 years. Journal of Adventure Education & Outdoor Learning, 10(2), 111–126.

Waller, T. (2011). Adults are essential. In J. White (Ed.), Outdoor Provision in the Early Years (pp. 12-22). London: Sage Publications Ltd.

Wood, E., & Bennett, N. (2000). Changing theories, changing practice: exploring early childhood teachers’ professional learning. Teaching and Teacher Education, 16, 635–647.

Como Citar

Bento, G., & Portugal, G. (2016). Valorizando o espaço exterior e inovando práticas pedagógicas em educação de infância. Revista Ibero-Americana De Educação, 72, 85–104. https://doi.org/10.35362/rie72037

Publicado

2016-09-01

Edição

Seção

Artigos do monográfico