Educação do corpo, dor, sacrifício: um estudo com competidores de atletismo
DOI:
https://doi.org/10.35362/rie5811465Palavras-chave:
esporte, educação do corpo, dor, sacrifícioResumo
Resumen
Uma das questões que desafiam a compreensão do esporte contemporâneo diz respeito às relações do atleta com seu próprio corpo, ou, dito de outra forma, como ele significa a necessária instrumentalização corporal, exigência tanto do treinamento, quanto da performance competitiva. O atletismo aparece como uma das modalidades em que essas relações se colocam com maior clareza, talvez porque lhe seja menos frequente o momento de jogo presente em esportes coletivos. Nesse contexto, apresentamos os resultados de uma pesquisa com atletas adultos semi-profissionais de atletismo, com foco em técnicas e sacrifícios que permeiam o treinamento esportivo. Foram feitas observações sistemáticas de treinamentos e competições de atletas de pista, bem como entrevistas narrativas com protagonistas da modalidade. A análise específica de modalidades pode nos mostrar singularidades que se referem às formas de subjetivação contemporâneas. É este o caso, conforme mostram nossos resultados: (1) uma importante relação entre a técnica e a organização do sofrimento nos marcos do treinamento esportivo, com vistas ao disciplinamento, domínio e potencialização do corpo; (2) uma normalização da dor, entendida como parte fundamental da vitalidade atlética; (3) uma relação ambígua com as lesões – que deixam de ser um problema para tornar-se motivo de orgulho, criando um culto às lesões, uma celebração do sofrimento –,bem como com a ingestão de medicamentos para lidar com a dor – representando uma luta entre naturalidade e artificialidade.
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