Narrativas dominantes e futuros possíveis: como os mitos educacionais influenciam a elaboração de políticas?

Resumo

Ao pensarmos coletivamente sobre o rumo que acreditamos que os sistemas educacionais devem tomar, inevitavelmente partimos da concepção que temos do indivíduo, da sociedade e do papel confiado à escola como instituição. Essas ideias, que articulam o imaginário coletivo sobre a educação, às vezes foram consolidadas por meio de um processo de sedimentação sem um olhar crítico. Neste artigo, usando uma metodologia qualitativa baseada na análise crítica do discurso e no modelo de múltiplos fluxos, alguns dos principais mitos sobre a educação espanhola encontrados no discurso público são coletados, classificados e interpretados. Esses mitos estão organizados em seis grandes categorias, de acordo com os seguintes fatores: 1) promovem um discurso catastrofista que reforça a nostalgia de modelos passados, 2) legitimam a desigualdade ao exaltar a meritocracia, 3) justificam a mercantilização e os modelos privados, 4) normalizam a segregação escolar, 5) despolitizam a educação sob a falsa ideia de neutralidade e 6) simplificam a formulação de políticas públicas como questões meramente técnicas. Diante desses mitos, é necessário gerar narrativas alternativas baseadas em evidências e incentivar a reflexão crítica que reivindique a educação como um direito fundamental e um pilar da democracia