Diálogos necessários: neurociência, emoções e a formação inicial de professores
DOI:
https://doi.org/10.35362/rie7813231Palavras-chave:
neurociência; emoções; formação inicial de professores; estágio curricular supervisionado.Resumo
Estudos no campo da neurociência tem evidenciado a intima ligação entre momentos emocionais e construções cognitivas, evidenciando que o percurso educacional, em seus diferentes contextos, é um processo inseparável de aspectos emocionais. Hoje já não é possível pensar a formação inicial de professores sem considerar tais interconexões, em especial os Estágio Curricular Supervisionado (ECS), importantes momentos pedagógicos do processo formativo do professor. A presente comunicação tem como objetivo investigar as emoções que expressadas por licenciandos (estagiários) em Física e Ciências Biológicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Minas Gerais, Brasil, em suas primeiras vivências didáticas em sala de aulas, as regências. A pesquisa de natureza qualitativa, abarcou observações e gravações em áudio e vídeo das regências, articulando-as com subsequentes entrevistas semiestruturadas. No campo metodológico, adotou-se as ideias das Entrevistas de Explicitação (EDE) como prática auto reflexiva dos estagiários, fomentada pelas construções teóricas de Paul Ekman sobre emoções. Os resultados apontam que um dos maiores desafios enfrentados pelos estagiários é saber como lidar com suas emoções frente as diferentes situações que surgem no contexto escolar. Algumas emoções mais frequentes expressadas pelos estagiários foram medo, surpresa, tristeza e raiva. Como forma de superá-las, em muitos casos, optavam por afastar-se das situações vivenciadas em oposição ao enfrentamento. Em uma autorreflexão, os estagiários relatam que mapear e discutir as emoções (às vezes ocultados pela prática) foi de grande valia para refletirem sobre estágios de regência.
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